27 DE ABRIL DE 2020
+ ECONOMIA
Reforço no combate
O combate ao coronavírus segue com a participação de empresas. Agora é a vez de a Ibasa, de Porto Alegre, começar a produzir álcool 70%. A marca é conhecida por desenvolver itens para saúde e estética de animais. "O álcool 70% teve significativa baixa nos estoques de farmácias, postos de atendimento e hospitais", destaca a empresa. Além de vender o produto, a Ibasa promete doar 250 unidades para entidades.
"Compra da Embraer pela Boeing seria ganha-ganha"
JORGE LEAL MEDEIROS, Professor da Universidade de São Paulo (USP)
A crise do coronavírus atingiu em cheio a aviação e influenciou a Boeing a desistir da compra de parte da Embraer, avalia Jorge Leal Medeiros, especialista na área de transporte aéreo. Na entrevista a seguir, o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) também ressalta que a gigante americana amargou recente revés financeiro, relacionado ao modelo de aeronave 737 MAX.
Como o senhor avalia o acordo que estava em discussão?
Caso não houvesse a pandemia, a compra da Embraer pela Boeing seria uma relação de ganha-ganha. Há muito tempo, comprei ações da Embraer, mas sempre perdi dinheiro (risos). Sou entusiasta da empresa. Quando começaram as negociações com a Boeing, fiquei um pouco impactado. Depois, conversando com colegas e analisando a compra da linha de jatos comerciais da Bombardier pela Airbus, vi que seria muito difícil para a Embraer ficar sozinha. Apesar de achar inicialmente que deveríamos manter o patrimônio nacional, dificilmente a empresa poderia enfrentar a concorrência de uma linha tão grande como a da Airbus e da Bombardier. Passei a ver que o negócio com a Boeing seria bom pelo conjunto da obra.
Após o revés no negócio, qual é o cenário para a Embraer?
A Embraer reúne características muito interessantes. Tem capacidade de engenharia. É criativa, mas apresenta restrições financeiras. Isso torna difícil fazer investimentos maiores em linhas de novos aviões. Se a Embraer tivesse um pouco mais de fundos, poderia fazer mais aportes em tecnologia, e não utilizar tanto equipamentos já existentes no mercado para desenvolver seus produtos. A Boeing havia perdido muito dinheiro com o modelo 737 MAX, uma paulada muito grande para ela. Além disso, teve a situação da epidemia. O coronavírus fez com que as companhias aéreas praticamente não recebessem mais aviões novos. A recuperação será muito lenta.
Ou seja, a desistência da Boeing está relacionada à crise do coronavírus?
Acho que (a desistência) é basicamente em razão disso. A crise traz impactos para todos. A Embraer, por ter um produto bom e menor, talvez tenha um pouco mais de oxigênio para vender. Ouvi o presidente da companhia (Francisco Gomes Neto) dizendo que a empresa está decepcionada com a desistência da Boeing, mas tem condições de enfrentar sozinha este momento.
Esta é a maior crise já enfrentada pela aviação?
Imagino que sim. Pode ser comparada aos períodos de guerra. Na Segunda Guerra Mundial, teve uma quebra razoável no setor, mas o transporte aéreo ainda estava amadurecendo. Talvez a crise de hoje seja a de maior impacto. Tem gente dizendo que a recuperação seria no formato da letra V. Ou seja, o setor bateria no fundo e voltaria em seguida. Acho que o formato será de U, com a reação demorando mais.
O que pode ser feito para amenizar os prejuízos? As companhias aéreas vão precisar de suporte do governo.
Qual tipo de suporte? Qualquer auxílio financeiro direto ou indireto é importante, como a redução temporária de impostos ou empréstimos que facilitem a vida das empresas.
LEONARDO VIECELI - INTERINO
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