terça-feira, 21 de abril de 2020


21 DE ABRIL DE 2020
CAROLINA BAHIA

Militares reagem e Bolsonaro recua


Não é a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro recua ou reclama que foi mal entendido. Agora, no entanto, a participação em um protesto em frente ao QG do Exército, em Brasília, diante de manifestantes favoráveis ao AI-5 e ao fechamento do Congresso e do STF constrangeu os militares a ponto de o Ministério da Defesa divulgar nota.

O general Fernando Azevedo e Silva reafirma que as Forças Armadas trabalham para manter a paz e a estabilidade no país, obedientes à Constituição. Quer dizer, a intervenção militar defendida por quem vive uma realidade paralela não encontra apoio nas Forças Armadas. Alertado pelos generais que o cercam, Bolsonaro passou a alegar que não discursou contra o Congresso ou o Supremo.

Se estivesse focado no real problema do país hoje, que é a pandemia, ele nem sequer teria ido ao Setor Militar. A iniciativa foi tão fora do tom que o procurador-geral da República, Augusto Aras, se viu obrigado a reagir. Pressionado até mesmo internamente, ele pediu ao STF abertura de inquérito para apurar suposta participação de deputados federais na organização dos atos que defenderam bandeiras inconstitucionais.

No final do dia, Bolsonaro anunciou nas redes sociais que vai editar uma MP específica para tratar do chamado Contrato Verde e Amarelo durante o período de enfrentamento ao covid-19. Esse, sim, deve ser o foco de um líder: ações de combate aos efeitos da maior crise dos últimos tempos. Os militares sabem disso.

CAROLINA BAHIA

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