terça-feira, 21 de abril de 2020


21 DE ABRIL DE 2020
INFORME ESPECIAL

Militares no governo Bolsonaro, sim. Forças Armadas, não.


As Forças Armadas desempenham um papel decisivo na normalidade institucional brasileira. Desde a volta da democracia, nos anos 1980 do século passado, o Exército tem se mostrado absolutamente fiel ao seu papel constitucional, garantindo um equilíbrio nem sempre visível, mas sem o qual já teríamos mergulhado no caos.

Nada a condenar no fato de militares integrarem um governo. Se forem eleitos ou indicados por um presidente democraticamente escolhido pela população, têm a mesma legitimidade de qualquer outro cidadão brasileiro. Já na campanha presidencial, quando Jair Bolsonaro despontava como favorito, se apresentava um enorme desafio. Manter a separação clara entre governo e Forças Armadas.

Essa imposição legal se aplica a qualquer governo e vem despertando crescentes preocupações, dentro e fora dos quartéis. Entre os possíveis cenários de desagregação social enfrentados por um país, o que inclui a divisão das Forças Armadas é um dos mais graves. Estamos longe disso no Brasil, mas a participação de Jair Bolsonaro em um ato que pedia a volta da ditadura é o sinal amarelo com tons de vermelho.

Mais do que a presença do presidente no ato antidemocrático, é fundamental compreendermos a dimensão real do apoio à volta do AI-5, do fechamento do Congresso e do STF. Para isso, cabe às nossas Forças Armadas reafirmar um recado claro aos brasileiros, o mesmo que vêm passando nas últimas décadas. Blindados, aviões de combate, armamentos pesados e contingentes fortemente armados existem para defender um país, não um governo.

TULIO MILMAN

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