11 DE ABRIL DE 2019
AMBIENTE
Estrutura precária, passeio deslumbrante
É difícil assegurar que a falta de infraestrutura nas duas unidades de parques nacionais de Cambará do Sul prejudique completamente o passeio. Pelo menos é a sensação que boa parte dos visitantes transmite: as paisagens cinematográficas acabam suprindo a precaridade na estrutura.
Ainda assim, é fácil perceber os problemas que a concessão terá de driblar, já que a expectativa de receber até 1 milhão de visitantes precisará atender à demanda mínima de que os banheiros, ao menos, abram as portas sem a maçaneta quebrar na mão do visitante - experiência que a reportagem presenciou nesta terça-feira, quando visitou as unidades Aparados da Serra e Serra Geral. O episódio aconteceu no parque Aparados da Serra, onde fica o cânion mais popular, o Itaimbezinho. Isto porque no Serra Geral, onde está o espetacular Cânion Fortaleza, sequer há toalete.
O Parque Aparados da Serra sustenta uma estrutura básica com quatro recepcionistas e equipe do ICMBio. Há também atendente que fornece informações básicas sobre as duas trilhas, banheiros e bebedouro. Placas com instruções sobre as caminhadas estão distribuídas ao longo das trilhas, mas há algumas tão desgastadas que é difícil identificar o que está escrito. Ainda assim, a estrutura é bem mais completa do que a do Serra Geral.
A diferença começa já no caminho. Dos 23 quilômetros que ligam o centro de Cambará do Sul ao Parque Serra Geral, sete não são asfaltados e estão em péssimas condições - o acesso ocorre pela CS-012, estrada municipal. Não há sinal de telefonia no local. No Aparados da Serra, apenas um dos 18 quilômetros é asfaltado, mas há melhores condições de trafegabilidade do que no parque vizinho. O acesso é feito pela estrada estadual RS-427.
Outro ponto importante que interfere no passeio é a falta de placas ou de cordões de isolamento no Serra Geral. Não é possível saber qual a distância da íngreme trilha que dá acesso ao Cânion Fortaleza nem qual o limite de passos até a borda das rochas. Não há sequer cordão que delimite os paredões.
É por conta de tantos déficits que o público identifica benefícios na concessão à iniciativa privada. No passeio ao Itaimbezinho, o casal carioca Ricardo e Francis Cruz enumerava elogios às paisagens, mas era enfático ao dizer que melhorias podem alavancar a visitação.
- É muito mais bonito do que o Grand Canyon (no Estado do Arizona, nos Estados Unidos). A diferença é que não tem estrutura e, por isso, ninguém divulga. É inadmissível que algo tão bonito esteja escondido do resto do país - defende Ricardo.
Alezir da Silva Vieira, guia turístico, foi quem conduziu o casal de Niterói. Ele admite que a concessão divide opiniões de profissionais que sobrevivem do turismo da região - isto porque o processo de visitação nos parques deve mudar com a gerência da iniciativa privada. No entanto, ele está otimista com as mudanças:
- Temos medo de não poder mais atuar. São 36 grandes cânions que poderão ser explorados na região inteira, e o cálculo é simples: quanto mais gente visitando Cambará, mais interessados em conhecer esses outros cânions.
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