24 DE ABRIL DE 2019
NÍLSON SOUZA
Educação domiciliar
Sou favorável ao ensino domiciliar - agora, já, sem a necessidade de medida provisória, aprovação do Congresso Nacional ou confirmação pelo Supremo Tribunal Federal. Mas não para substituir a escola: para ajudá-la.
Que os pais, em vez de transferir para a escola toda a responsabilidade pela educação de suas crianças e adolescentes, assumam o papel que lhes compete, especialmente no que se refere à atenção, ao acompanhamento e à imposição de limites. Que ensinem, em casa, principalmente pelo exemplo, o respeito aos professores e aos colegas, os princípios elementares de disciplina e os valores morais indispensáveis para a cidadania e a vida em sociedade. Que ofertem aos filhos parte do tempo que dispensam ao trabalho, às redes sociais e às diversões de adultos, proporcionando-lhes um ambiente alfabetizador e cultural, leituras, programas educativos e - o mais importante - compreensão, incentivo e apoio nas suas tarefas escolares.
Assim como todos podem aprender, todos podem ensinar. Esse tipo de ensino domiciliar a que me refiro pode ser exercido pelos tutores instruídos, que desconfiam da educação formal oferecida pela rede escolar, e também por famílias precárias, que delegam tudo aos professores. Uma vez, quando era repórter de uma revista de educação, perguntei a uma mestra como os pais podiam ajudar os filhos nas lições de casa, considerando que muitos não possuem formação suficiente nem conhecimento específico sobre as disciplinas ministradas.
- Mesa limpa! - ela me respondeu.
Como não entendi a resposta telegráfica, me explicou que os pais que oferecem um espaço adequado, horário determinado e olhar interessado para a criança fazer o seu tema já estão dando uma grande contribuição para o seu aprendizado, pois o desejável é que ela receba na escola as ferramentas e as instruções para trabalhar sozinha, para raciocinar, elaborar hipóteses e construir o próprio conhecimento. Se, além disso, puderem orientá-la nas dificuldades, sem fazer o trabalho por ela, melhor ainda.
Pais e mães também podem incluir no seu currículo de educação domiciliar exemplos e atitudes do dia a dia que ajudam a formar a personalidade dos jovens: harmonia e civilidade na vida familiar, valorização do trabalho e da persistência, gentileza no trânsito e nas relações sociais (jamais estacionar em fila dupla na frente da escola, por exemplo), apreço pela liberdade, pela honestidade e pela justiça, e, se possível, iniciativas de compaixão e solidariedade.
A escola instrui, aperfeiçoa, socializa, oferece conhecimento e preparação para a vida profissional, mas cabe à família formar o ser humano.
É em casa que a criança deve aprender a distinguir o certo do errado, a entender que sua vontade nem sempre deve prevalecer sobre a dos outros, a não ser agressiva, a respeitar pais, adultos e também outras crianças.
Educação domiciliar urgente! E escola sempre!
NÍLSON SOUZA
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