08 DE ABRIL DE 2019
EDITORIAL
POLÊMICAS INÚTEIS
Ao enviar o recado claro de que seu governo deve remar em uma mesma direção, o presidente Jair Bolsonaro reafirma a autoridade necessária para encaminhar propostas que garantiram sua eleição
Às vésperas de completar cem dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro dá, finalmente, os primeiros sinais de estar aprendendo a concentrar energias no que é essencial para o país e para os brasileiros.
O aceno de mudanças no Ministério da Educação, responsável pelo segundo maior orçamento federal mais de R$ 136 bilhões neste ano , é um desses gestos promissores. Detentor de um currículo acadêmico respeitável, o ministro Ricardo Vélez Rodríguez vem se mostrando ineficiente na gestão técnica e política da pasta, que se transformou em geradora constante de polêmicas inúteis, de pouco resultado prático para o que o país realmente precisa: ensino de qualidade.
Um dos muitos exemplos de desperdício de energia em questões que estão longe de serem consideradas prioritárias no setor educacional é a proposta de mudança de enfoque dos livros escolares em relação ao movimento militar de 1964. Mais do que qualquer outra área, pois está na origem de chagas brasileiras que vão da corrupção à estagnação da economia, a educação brasileira depende de políticas claras e bem geridas para alcançar bons resultados.
E é importante que sejam preservadas sempre as ações bem-sucedidas, de um governo para outro. Por isso, educação precisa de eficiência na gestão e nos sistemas de aferição de resultados, não de discussões intermináveis de cunho meramente ideológico.
Bate-bocas, crises estéreis e bravatas, como as que se tornaram comuns na administração e no círculo de pessoas próximas à Presidência da República, também não combinam com a urgência de aprovação de mudanças em análise pelo Congresso. O caso mais emergencial é o da reforma previdenciária, sem a qual o país não vai enfrentar sua crise fiscal para continuar financiando áreas essenciais, nem terá condições de adotar medidas que possam destravar o crescimento econômico.
As avaliações por parte de pesquisas de opinião desse período inicial, abarcando um universo de brasileiros mais amplo do que o grupo de seguidores do presidente da República nas redes sociais, provavelmente contribuíram para uma reflexão mais aprofundada nos meios oficiais, o que é promissor. Ao enviar o recado claro de que seu governo deve remar em uma mesma direção, o presidente Jair Bolsonaro reafirma a autoridade necessária para encaminhar propostas que garantiram sua eleição em outubro do ano passado.
O país precisa de consensos mínimos, não de discussões intermináveis e improdutivas nas redes sociais e no Congresso, para fazer o necessário e evitar que a crise imponha um custo pesado demais para todos mais adiante.
EDITORIAL
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