quinta-feira, 3 de janeiro de 2019


03 DE JANEIRO DE 2019
ARTIGOS

A LÍNGUA QUE SE VÊ



Em um dia histórico para o país, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, quebrando protocolos, fez seu discurso em Libras. Nunca antes na história deste país, uma mulher roubou a cena em uma cerimônia de posse presidencial, até então. Michelle usou a segunda língua do nosso país para agradecer e esse ato tornou a Libras notória no Brasil.

A língua de sinais constitui o elemento identificatório dos surdos e o fato de constituir-se em comunidade significa que compartilham e conhecem os usos e normas de uso da mesma língua.

É por meio da comunicação que o homem aprende a viver e conviver em sociedade. Sendo assim, a comunicação humana é fundamental para a evolução do homem como pessoa e cidadão. A Língua Brasileira de Sinais, ou Libras, como é normalmente reconhecida, é a língua dos surdos brasileiros. Como todas as línguas naturais, a Libras compartilha características que lhes são únicas e que a identificam enquanto língua, diferenciando-a de outros sistemas de comunicação. 

O Brasil é um dos países que já oficializaram a língua de sinais como língua própria dos surdos brasileiros. Segundo legislação vigente, desde abril de 2002, a Libras constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos das comunidades surdas do Brasil nas quais há uma forma de comunicação e expressão, de natureza visual-espacial, com estrutura e gramática próprias. 

A língua de sinais é tão eficaz quanto a oral, pois é plena e tem estrutura gramatical própria, permite a expressão de qualquer significado, pois contém todos os mecanismos adequados de comunicação. No entanto, para ocorrer avanço nesta área, faz-se necessário o treinamento de intérpretes e professores, para que utilizem a Libras com maior facilidade.

No que diz respeito ao preconceito, ele existe, visto que o surdo, na maioria das vezes, não consegue estabelecer contato com o ouvinte. A discriminação vem do ato de encarar-se o outro como alguém menor ou menos capaz. Isto, no entanto, é algo cultural, que nenhuma lei no mundo sozinha pode mudar. Portanto, a língua de sinais deve passar a ser reconhecida na prática social como realmente nossa, defendendo-a e procurando aprender mais sobre ela.

Médico oncologista stephens@terra.com.br - DANIELLE C. DE FREITAS LIMA

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