05 DE JANEIRO DE 2019
CRISTINA BONORINO
TUDO
Uma teoria de tudo: é o que os físicos buscam para que possamos entender... tudo. Espaço. Tempo. Universo. É difícil conciliar tudo dentro de equações matemáticas. E olha que várias mentes brilhantes vêm tentando há tempos. A gravidade é uma força que descreve a interação de objetos em grande escala, como planetas orbitando ao redor do sol, ou a razão pela qual um golfinho que pula fora da água cai de volta.
Einstein explicou matematicamente a gravidade como curvas na geometria do espaço-tempo. Mas como ela funciona em nível de partículas é mais complicado de entender, porque outras forças são mais potentes, como as interações eletromagnéticas descritas pela mecânica quântica que regem por exemplo as interações entre as partículas nucleares. Essas são mais fáceis de estudar, pois podemos medir e prever matematicamente a ação das partículas dessa força: os quanta.
Mas partículas de gravidade, o que seriam os grávitons, ainda não foram identificados. As ondas de gravidade foram detectadas este ano, e todos já ouviram falar sobre a dualidade de ondas e partículas, então talvez estejamos próximos de identificar os grávitons. Por que isso é importante? Conciliar os princípios da gravidade e da mecânica quântica em uma equação será um salto gigante para a humanidade. Poderemos testar experimentalmente previsões sobre... tudo.
E não me diga que isso não é importante, que ciência não é espiritual, que o universo é regido por uma divindade e não devemos nos preocupar com isso. Você provavelmente está usando a internet agora, e sem antibióticos provavelmente não estaria vivo hoje, portanto, por favor. E esta é, na verdade, uma busca muito espiritual. No sentido original da palavra, relativo ao ar que respiramos, e, portanto, fundamental para a vida, e também no sentido de algo desapegado do material. Para nós, cientistas, a maior aspiração é compreender o universo.
Discutimos apaixonadamente sobre quem tem a melhor fórmula, ou a melhor interpretação, ou faz o experimento mais elegante. Se física importa mais do que biologia, se matemática é a ciência maior. Mas todos paramos para admirar colegas que conseguem dar saltos nessa compreensão. Nos rendemos ao reconhecer quem torna o universo mais familiar - sempre com um restinho saudável de dúvida e questionamento, mas nos rendemos.
Normalmente, a ciência inspira tecnologias, mas o reverso vem ocorrendo. Hologramas têm sido usados para estudar a gravidade quântica. A dualidade de um holograma, que codifica informações em 2D para que possamos perceber imagens em 3D, tem ajudado a modelar em pequena escala como funciona a gravidade em partículas, borrando as famosas fronteiras entre ciência básica e aplicada.
Então, não é ambicioso querer uma teoria de tudo, mas necessário. Assim, aqui vai meu desejo para 2019 - e para o futuro. Que todos tenhamos opiniões apaixonadas sobre questões diversas e possamos discuti-las. E que saibamos nos render frente à grandeza de certos assuntos, sobre o que é realmente melhor para todos, e não apenas para alguns. Que usemos esse cérebro conquistado com tanto custo durante a evolução. Para... tudo.
CRISTINA BONORINO
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