segunda-feira, 7 de janeiro de 2019



07 DE JANEIRO DE 2019

+ ECONOMIA

EMPREENDEDORES POR NECESSIDADE

Com o elevado nível de desemprego, uma das feridas deixadas pela recessão, mais gaúchos resolveram abrir empresas. O fenômeno é diagnosticado pela Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul (JucisRS). Conforme dados da instituição, 161,8 mil negócios começaram a operar no Estado em 2018. O número é o mais elevado desde o início da série histórica há estatísticas disponíveis no site da JucisRS desde 2003.

- Quando uma pessoa desempregada não encontra novo trabalho, é normal que decida criar uma empresa. O problema é que muitas vezes o tempo de vida desses negócios é curto - frisa o presidente da JucisRS, Itacir Amauri Flores.

Em 2018, microempreendedores individuais (MEIs) seguiram como os principais responsáveis pela abertura de empresas no Estado. De janeiro a dezembro, os MEIs inauguraram 130,4 mil negócios (80,6% do total). Para ter seu CNPJ enquadrado nessa categoria, o empresário deve faturar até R$ 81 mil por ano e pode ter um empregado que receba um salário mínimo ou o piso da categoria em questão.

Com o empurrão dos microempreendedores, o número total de novas empresas cresceu 93,9% em 2018, frente ao ano anterior (83,4 mil). No entanto, a junta pondera que o percentual foi inflacionado, em parte, devido a uma questão técnica. Em 2017, houve dois meses em que o registro de novos MEIs não apareceu no site da JucisRS. Segundo a instituição gaúcha, a falha ocorreu por causa de uma mudança no portal do governo federal voltado aos microempreendedores. Assim, a integração com o site da junta teria sido abalada, provocando a falta dos dados.

Apesar disso, as estatísticas mostram que houve crescimento em todas as categorias de negócios em 2018. Depois dos MEIs, as sociedades empresariais de responsabilidade limitada (Ltda) responderam por 8,5% (13,8 mil) de todas as novas empresas. Nesse modelo jurídico, é admitida a presença de sócios, e a participação de cada um é definida de acordo com sua contribuição.

As estatísticas da JucisRS não apontam qual o tempo médio de operação de cada negócio. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 487 mil pessoas estavam desempregadas no Rio Grande do Sul no terceiro trimestre do ano passado, período com as informações mais recentes.

FOME ANIMAL DE CRESCIMENTO

A franquia de lanchonetes Mundo Animal demonstra apetite por expansão. Na próxima quinta-feira, a marca gaúcha inaugura unidade em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Com a abertura, chega a 16 lojas.

Criada em 2011, em Capão da Canoa, a empresa planeja pelo menos mais 10 unidades, com foco na Região Sul. Como o nome sugere, as lojas da Mundo Animal apresentam decoração inspirada na selva.

A unidade em Novo Hamburgo é resultado de investimento de R$ 400 mil. O espaço tem 520 metros quadrados e capacidade para 420 pessoas.

Com foco em segmento que ganhou destaque no Estado, a Univates, em Lajeado, passa a oferecer curso técnico em cervejaria. O início das aulas está marcado para 14 de fevereiro. A projeção é de que as aulas levem, em média, de dois a três anos.

Pesquisa da Fecomércio-RS aponta que

37,4%

dos entrevistados no Estado pretendem gastar até R$ 1 mil nas férias de verão. É o maior percentual do levantamento, seguido pelo grupo daqueles que planejam despesas acima de R$ 1 mil e abaixo de R$ 3 mil (31%).



RESPOSTAS CAPITAIS


"ATENDIMENTO vai melhorar"

Entrevista |  José Carlos Tadiello, Presidente da RGE

Desde o começo do mês, a RGE e a RGE Sul são uma única empresa: a RGE. Com a junção das marcas, a companhia do grupo CPFL tornou-se responsável pelo abastecimento de 65% de toda a energia elétrica distribuída no Rio Grande do Sul. Na entrevista a seguir, o presidente da RGE, José Carlos Tadiello, afirma que a união poderá beneficiar o atendimento aos consumidores.

Quais são os efeitos que a junção das distribuidoras pode gerar à operação da empresa e aos consumidores no Estado?

O agrupamento estava previsto desde a aquisição da antiga AES Sul (que virou RGE Sul, em 2016). Passamos por processo de integração. Faltava a anuência da Aneel para fazer o agrupamento em 1º de janeiro. O que está acontecendo agora é a criação de uma grande empresa de distribuição no Rio Grande do Sul. O agrupamento tem muito a ver com a utilização de custos administrativos e operacionais. Tínhamos duas sedes. Antes, sem a anuência da Aneel, precisávamos manter as duas operações separadas. Refizemos a estrutura logística e operacional. O atendimento vai melhorar para o consumidor. Além disso, vamos seguir com investimentos. Em 2017, investimos R$ 803 milhões nas duas concessões. Substituímos 83 mil postes de madeira pelos de concreto. Em 2018, até o terceiro trimestre, investimos R$ 485 milhões nas duas concessões e trocamos 54 mil postes de madeira. Queremos substituir na faixa de 80 mil postes por ano. É uma logística enorme para melhorar a rede. Estamos observando avanços em nossos indicadores operacionais.

Por que a nova companhia optou por fixar sua sede em São Leopoldo, onde ficava a da RGE Sul, e não em Caxias do Sul, onde estava a da RGE?

Como o CNPJ que restou foi o da RGE Sul, de São Leopoldo, decidimos manter a sede na cidade. Também há a questão de ficarmos mais perto de toda a Região Metropolitana. Em Caxias, temos um grande prédio que será mantido.

Em dezembro, a CPFL arrematou lote que prevê investimento de R$ 348,9 milhões no setor de transmissão de energia no Estado. Qual o impacto disso para a RGE?

Esse é outro braço do grupo. Mas, da mesma forma que temos plano estratégico para distribuição, a área de transmissão tem o seu para crescer. Para nós, (o lote arrematado) também é importante.

A CPFL é controlada pelos chineses da State Grid. Quais os impactos da atuação do grupo asiático dentro da RGE?

O que temos visto é o apoio para fazer os investimentos e para que o fornecimento de energia alcance seus indicadores adequados. É isso que estamos recebendo dos nossos acionistas. Por enquanto, todo o apoio é no sentido de melhorar as condições de atendimento.

Com a união das duas concessionárias, a nova RGE ficou com cerca de 3,6 mil funcionários. Há projeção de contratações ou, por outro lado, de cortes de vagas?

Esse número já está ajustado ao planejamento da empresa. Temos em torno de 80 ou cem vagas abertas para funções operacionais. O número de hoje está dentro da normalidade. Em uma companhia desse porte, há ajustes normais, até porque muitas pessoas saem e são repostas. A nova RGE já nasce grande.

Quando vai ocorrer o reajuste das tarifas da distribuidora?

A Aneel ainda vai calcular o reajuste. O da RGE Sul seria em abril, mas vai passar para junho, assim como o da RGE. Será em junho para se respeitar o prazo de 12 meses em relação ao reajuste anterior que os clientes da RGE haviam tido. Os reajustes não podem ser feitos em menos de 12 meses.

Qual o cenário para o setor de energia em 2019?

O cenário para o setor de energia é de crescimento. Estamos fazendo investimentos de acordo com as projeções que recebemos para atender ao mercado futuro. Não dá para só ficar esperando o mercado crescer. Nosso cenário mira no médio e longo prazos.

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