segunda-feira, 28 de janeiro de 2019



28 DE JANEIRO DE 2019
+ ECONOMIA

O RS TEM SITUAÇÃO MAIS DELICADA

O sócio da PwC Brasil Mauricio Colombari, responsável pela operação no Estado da consultoria britânica, entende que há otimismo dos empresários com os novos governos, mas lembra a necessidade de realização de reformas para conter a crise nas finanças no Estado e no país. Para o Rio Grande do Sul, são necessárias para retomar a competitividade. Hoje, lembra ele, o Estado atrai menos investimentos em comparação com Santa Catarina e Paraná.

Como a mudança de governo no país e no Rio Grande do Sul é percebida pelos empresários?

Sinto melhora no otimismo em relação ao ano anterior. Não diria que há euforia, até porque a situação global não é confortável e isso contamina um pouco. E pelos desafios internos, as incertezas em nível nacional. Isso afeta um pouco a situação no nosso Estado. Mas é um clima melhor do que no ano passado. Acreditamos que a situação vai melhorar a partir de 2019, principalmente no médio e longo prazo.

Como vai se refletir na economia?

Há potencial importante para melhorar investimentos, geração de empregos e, consequentemente, até mesmo na arrecadação, que vai ajudar o governo. Mas é difícil prever o impacto real no curto prazo. O importante é que as reformas nacional e estadual passem. O governador e o presidente têm capital político para isso. Assim, devemos verificar melhora na confiança de empresários e consumidores e, aí sim, veremos melhora nos empregos e investimentos, que tanto esperamos.

O que empresários esperam do Rio Grande do Sul?

Uma coisa bastante positiva é que o governo tem aberto vias de diálogo com todas as frentes, tanto na classe política como na empresarial. As mensagens que os empresários têm recebido do governo são positivas. Acho que o governo tem ido na direção certa em relação ao que esperam, que é sanear as finanças públicas. Isso não é uma solução mágica que vai acontecer da noite para o dia, mas está tomando as medidas necessárias para fazer as reformas e para que esse déficit no nosso Estado seja equilibrado. A partir daí, você consegue ter uma melhor eficiência, pensar alguma coisa de carga tributária. Enfim, criar um ambiente mais favorável para investimentos.

Qual é a diferença hoje entre Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul?

O Rio Grande do Sul tem situação financeira mais delicada. Isso mostra que temos de ser fortes e firmes na resolução dos problemas. Neste momento, os vizinhos têm condições mais favoráveis para atrair investimento, até por causa de toda a situação que eles se encontram, mas não é nada que o Rio Grande do Sul não consiga reverter com as reformas, para estar em condições de igualdade. Estamos um pouco atrás, principalmente pelo contexto. É notório que o Rio Grande do Sul está entre os Estados com situação mais complicada.

Isso afeta o ambiente de negócios?

O empresário, quando investe, considera as muitas incertezas em nível global, nacional e, se existem, locais. Aí fica difícil colocar dinheiro em um novo projeto. Ele quer previsibilidade, ou nunca terá certeza de que os seus investimentos vão dar certo. Quer condições de prever o que vai acontecer no médio e longo prazo. Quando a gente tem um Estado na situação em que estamos, fica mais difícil ter essa visibilidade. Esses fatores que o empresário não controla podem, sim, adiar tomada de decisão. Afeta a existência de novos investimentos, a confiança no futuro.

CAIO CIGANA

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