10 DE JANEIRO DE 2019
+ ECONOMIA
REFORMA ROBUSTA AJUDA A ABAFAR RUÍDO
A reação de ontem no mercado financeiro mostra o caminho ao governo federal: entregar compromissos de campanha que façam diferença na economia, sem bate-cabeça ou foco na oposição política. O dólar fechou com baixa de 0,75%, para R$ 3,688, menor cotação desde 26 de outubro, auge do rali Bolsonaro, como ficou conhecida a adesão de investidores e especuladores. A bolsa avançou para um novo recorde em pontos houve várias quebras nas últimas semanas, com expectativa de novas. O Ibovespa subiu 1,72%, para 93.613 pontos, maior patamar da história, aproveitando ainda o dia tranquilo no Exterior.
Analistas atribuem boa parte do vigor da reação aos sinais de uma reforma "robusta" da Previdência dados ontem pelo ministro Paulo Guedes (leia mais informações ao lado). Até agora, declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre uma mudança "fatiada" e menos "agressiva ao trabalhador" eram consideradas desanimadoras no mercado financeiro. A Previdência é a principal despesa pública sobre a qual o governo tem poder de decisão. A maior devoradora de recursos é a dívida pública, a ser reduzida ao longo do tempo.
Depois do dia seguinte à posse, quando havia sido animado pela perspectiva de manutenção da capitalização da Eletrobras, o mercado financeiro não teve grandes arroubos de entusiasmo com o governo Bolsonaro. Observava, perplexo como boa parte dos cidadãos, a energia desperdiçada com desencontros na comunicação de medidas e anúncios seguidos de desmentidos. Esse roteiro ainda não foi desmontado. Ontem, mesmo dia de mínimas positivas e máximas promissoras, foi preciso comunicar mais um recuo, desta vez sobre mudanças nos critérios de edição de livros didáticos sem qualquer ganho prático, para o governo ou para a população.
Considerado o mérito das iniciativas que foram alvo de recuos, melhor voltar atrás do que persistir no erro. Mas alguns integrantes da nova administração parecem mais focados em destruir o passado, a despeito de eventuais consequências negativas, do que em construir o futuro. Atuam no governo sem abandonar o raciocínio de oposição. Em vez de gastar tempo, energia e a paciência do contribuinte com idas, volta, cores e cartilhas, é preciso mostrar serviço.
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