sexta-feira, 2 de novembro de 2018


Oscar Allgayer, construtor de histórias 


Quem de nós não tem mil histórias para contar sobre projetos, construções, materiais, engenheiros, arquitetos, decoradores, construtores, peões, fornecedores, prestadores de serviços e prazos, ah, sim, os prazos aqueles, sem muito prazo fixo.

Em algumas cidades do interior, as obras das igrejas nunca terminavam, mas aí não era problema de prazo, o negócio era outro que não tem a ver com este texto sobre o interessante, original e bem-humorado livro Reengenharia do humor (Evangraf, 112 páginas), do dr. Oscar Allgayer, engenheiro civil e de minas pela Ufrgs e diretor, há 35 anos, da conhecida empresa Allgayer Engenharia Ltda. O volume trata de histórias sobre obras, pessoas, situações e acontecimentos ocorridos em construções, o que, desde já, o coloca como original em termos de conteúdo.

Allgayer tem 61 anos e começou a trabalhar aos 14. Estudou no Grupo Escolar Padre Rambo, no Colégio Júlio de Castilhos e na Escola Técnica Parobé, num tempo em que escolas públicas eram ótimas. Consta que Oscar era bom em redações. Os textos da obra mostram que ele gosta de contar histórias e sabe como fazê-lo. Engenheiro, muitas vezes, gosta mais de números do que de palavras. Oscar gosta dos dois. Na apresentação do livro, o consagrado jornalista e escritor Silvio Lopes escreveu: "O autor soube construir sua vida e a de sua família sobre a rocha.

A vida pulsa num ambiente profissional como nos canteiros de obras da construção civil conforme nos atestam as histórias aqui contadas. Histórias de vida, de sonhos realizados e outros nem tanto são corriqueiras, como o são algumas histórias engraçadas, inusitadas, que se constroem a partir das relações de amizade dos que compartilham por meses e até anos a realização de alguns projetos. A Reengenharia do Humor nos traz essas histórias. São fatos da vida real que moldam os destinos daqueles que se tornam inclusive familiares a partir dos relacionamentos construídos nesses ambientes de trabalho.

Parabéns ao Oscar Allgayer por ter decidido dividir conosco essas histórias que fizeram parte de sua vitorioso trajetória de vida. As histórias têm ilustrações de Marco Aurélio e envolvem obras da Galeria Chaves e as luzes vermelhas e azuis da nova capela do Grêmio Futebol Porto-alegrense e as rígidas ordens do dr. Hélio Dourado, que até nas veias tinha o sangue azul tricolor. Num município do Interior, o prefeito dá um jeito especial sobre obras e áreas verdes. Allgayer, em uma das crônicas, fala de sua participação no programa Sala de Redação e de sua admiração pelo saudoso jornalista Paulo Sant'Anna.

Em outro texto, Allgayer conta como se fazia para chegar em Xangri-Lá na década de 1950 pilotando uma flamante Kombi Luxo azul e branca. Lá, os Tramontina iam de Galaxy Azul, os Oliveira de DKW e o seu Presser ia de poderoso Ford 1951. Bons tempos. Ah, cabe ressaltar que o livro é uma publicação independente, está nas Livrarias Cameron e que parte dos recursos arrecadados com sua comercialização será destinada às instituições AACD e Kinder, que se dedicam ao atendimento de crianças com necessidades especiais.

A propósito... 

Obras, empregos, desenvolvimento, disso precisamos muito e rápido. Tomara que a economia se descole tanto quanto possível da política, que nos próximos tempos e nos próximos governos estaduais e federais os canteiros possam dar trabalho a milhões de pessoas e fazer girar a roda da nossa combalida economia.

Bom, aí de repente teremos mais histórias e livros do Oscar Allgayer, de preferência contando sobre projetos, construções, prazos e finais felizes. Ou não, que na vida temos também problemas e tristezas. Não fosse assim a existência não teria tanta graça. Somos viventes em constante construção e contar histórias é essencial como o ar que a gente respira. (Jaime Cimenti) - Jornal do Comércio

https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/10/654911-antonio-carlos-cortes-cronista.html

Nenhum comentário: