quarta-feira, 6 de maio de 2009



06 de maio de 2009
N° 15961 - PAULO SANT’ANA


O sadismo dos pitbulleiros

Leio que um pitbull estraçalhou, em nosso meio, um idoso, mandando-o diretamente para o CTI de um hospital.

Dois dias antes, parece-me que em Canoas, um pitbull avançou sobre uma criança e abocanhou-lhe por inteiro a cabeça.

A torquês das mandíbulas da fera foi apertando a cabecinha da criança e esmigalhando-lhe os ossos da caixa craniana.

Enquanto isso, algumas pessoas tratavam de espancar com os objetos que tinham à mão a fera obstinada em destruir a cabeça da criança.

Um massacre.

De um lado, a ferocidade do cão. De outro, a mais completa passividade da vítima diante do ataque destruidor.

Sucedem-se com frequência assustadora os ataques de pitbulls contra indefesas vítimas.

Tenho cruzado nas ruas por donos de pitbulls puxando pelas coleiras as suas feras.

Noto transparente nas feições dos donos das bestas um prazer mórbido de atemorizar os transeuntes.

Os donos de pitbulls saem para as ruas com a finalidade específica de aterrorizar os passantes.

Todos eles se recusam terminantemente a colocar focinheiras nos cães. Com focinheiras, as suas armas mortíferas se tornam inúteis. Seria como carregar um revólver sem balas ou uma faca sem fio.

O que o dono do pitbull pretende é afirmar-se com o medo dos transeuntes. É a forma que ele encontrou doentiamente para se sentir superior aos outros.

É de se ver o brilho perverso dos olhos dos donos de pitbulls carregando pela guia a sua fera amedrontadora. Eles não olham para seus cães, eles olham para as pessoas atemorizadas e sentem-se realizados.

São os soberanos das ruas, dos parques e dos lugares onde moram. São respeitados pelos pedestres e pelos vizinhos, detêm um poder extraordinário, a qualquer momento suas feras podem atacar, quando então esses maníacos sentirão o ápice, o orgasmo do seu prazer de sadismo.

Não sei até quando vão permitir que esses cães ferozes matem e mutilem as pessoas nas ruas e nas vizinhanças.

Acho que isso nunca vai acabar. Há dias em que os pitbulls atacam, mas, em todos os dias em que não atacam, espalham por todos os lugares onde andam um medo coletivo de dar dó, um pânico geral.

E os canalhas dos donos realizam-se com o terror a que submetem as pessoas do seu entorno.

Como a Constituição Federal não permite que se extinga nenhuma raça animal por mais perigosa que seja para as pessoas (como é que matam as formigas e os mosquitos?), a solução seria as autoridades só permitirem que existam esses pitbulls assassinos quando seus focinhos forem revestidos por focinheiras.

Sempre com focinheiras. Só poderiam retirar-lhes as focinheiras quando fossem comer e beber. E logo em seguida impor-lhes as focinheiras, mesmo nos pátios de suas casas, com maior razão ainda nas ruas.

Mas, com focinheiras, os cães não teriam graça nenhuma para seus patifes donos: eles só se sentem felizes quando impõem medo aos outros.

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