Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
06 de maio de 2009
N° 15961 - JOSÉ PEDRO GOULART
A notícia de autor
Gay Talese tem 77 anos e está preocupado com a busca da verdade; ele que dedicou grande parte da vida ao jornalismo literário – o New Journalism – tendo companheiros como Truman Capote, Tom Wolfe e Norman Mailer.
E a busca da verdade sempre foi uma questão: os adversários deles consideravam que, na procura de um maior efeito dramático, invariavelmente o lado escritor do sujeito acabava prejudicando o lado jornalístico.
Por outro lado, ao se deterem em personagens verdadeiros, mas buscando olhar para eles como se fossem atores de uma peça escrita pelos fatos, os jornalistas/escritores acabavam mostrando um ponto de vista agudo, talvez até mais profundo do que a verdade “aparente”. Afinal, numa reportagem clássica, o próprio corte do conteúdo, a escolha da manchete, enfim, a edição em si, acabam contaminando aquilo que chamaríamos de real.
(Nos anos 50 do último século, o então jovem repórter Gay Talese dedicou-se a examinar a cidade de Nova York sob um ponto de vista peculiar.
Ele descobriu, por exemplo, que os nova-iorquinos piscavam em média 28 vezes por minuto e que nos dias de chuva menos gente se matava na cidade. Produziu crônicas sobre desconhecidos, cujo cotidiano não é exatamente prosaico. Matthew Di Ângelo e Philip Tortorici, por exemplo, que trabalhavam na única “carrocinha de cavalos mortos” de NYC.
Na época, toda semana, pelo menos quatro cavalos caíam falecidos pela cidade. Famosos, como Sinatra, também foram investigados por Talese. Claro que sempre sob olhos oblíquos – se é que essa expressão faz sentido.)
Gay Talese está preocupado com a busca da verdade, foi o que li em um artigo recente na Folha. Só que isso não é novo. Talese vem denunciando que as redações andam cada vez mais acomodadas, que os repórteres não saem do ar-condicionado e que, por motivos inclusive econômicos, se utilizam de notícias que chegam pela web, ou usam demais o telefone.
Talese diz que não é possível dar um google em tudo e se satisfazer com os resultados da busca. E ainda decreta que a internet, subjugada por um anonimato irresponsável, “está cheia de lixo”.
A tese do sujeito, acima de tudo, é de que ele só escreveu suas matérias porque “sujou os sapatos”, esteve lá, botou o olho, ouviu e retribuiu com a escrita daquilo que lhe pareceu genuíno.
Gay Talese não disse, mas talvez pudesse ter dito, que a saída do jornalismo em crise é acabar nos aproximando de algo que era privilégio das artes, isto é, a radicalização do trabalho “de autor”. A notícia com chancela, assinada e rubricada. Fórmula que, afinal de contas, ele sempre praticou.
Mesmo assim, ao contrário de Gay Talese, não acho que a verdade irá se propagar (“a” verdade sempre foi uma quimera), mas pelo menos que a mentira tenha alguém responsável por ela.
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