Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 5 de maio de 2009
05 de maio de 2009
N° 15960 - MOACYR SCLIAR
Gripe: o que mudou
Ainda não se sabe exatamente que rumo tomará o atual surto de gripe no mundo. Mas uma coisa já se pode dizer: em relação às epidemias do passado, a situação melhorou muito, mas muito mesmo. Em primeiro lugar, as pessoas agora estão melhor informadas.
Dispõem dos jornais, das rádios, da tevê, da internet; e a informação é de muito melhor qualidade, um testemunho que eu, como veterano da saúde pública, dou com satisfação. Durante muito tempo, a área técnica hesitou em partilhar seu conhecimento com a mídia, alegando, com ou sem razão, que a informação poderia ser distorcida.
Os jornalistas estão bem preparados, podem discutir e avaliar com razoável conhecimento de causa os dados que são colocados a seu alcance. O nosso Caderno Vida é uma demonstração da vitalidade deste novo jornalismo científico.
Mas havia algo pior do que a falta de informações: a censura. O episódio mais célebre neste sentido ocorreu durante o surto de meningite meningocócica de 1974. Várias cidades brasileiras foram atingidas pela doença que, diferentemente de outras enfermidades transmissíveis, não se restringia aos pobres, aos habitantes de favelas:
muitos casos eram de crianças de classe média, que é a caixa de ressonância dos problemas de um país. A vacina não estava ainda disponível, a grita era geral; pressionado, o governo resolveu agir, e o fez de acordo com as regras do período autoritário, impondo a censura aos meios de comunicação.
Foi um desastre, para dizer o mínimo. O problema continuava existindo, as pessoas precisavam falar sobre ele, e o vácuo da informação foi preenchido com alarmantes boatos. Felizmente, e como todas as epidemias, esta acabou cessando, mas a lição ficou.
A saúde pública está agora muito mais preparada para agir. Na pandemia de gripe espanhola não era possível sequer isolar o vírus, quanto mais preparar uma vacina. Isto agora está ao alcance dos laboratórios especializados. A rede de serviços cresceu, medicamentos estão disponíveis para tratar as complicações e a própria gripe.
Mas uma coisa não mudou, segundo matéria enviada ontem por Marcelo Gonzatto do México. Queixam-se os mexicanos de uma possível xenofobia em relação a seu país. Isto não é novo. Quando a sífilis apareceu na Europa, no século 16 aconteceu algo parecido: foi denominada de doença francesa porque tinha aparecido na Itália à época da ocupação francesa em Nápoles.
Para os franceses, porém, era a doença italiana, como para os portugueses era a doença castelhana, para os poloneses, a doença alemã, para os russos, a doença polonesa: o preconceito é tão antigo quanto os vírus. Ah, sim: e por que a gripe de 1918 chamou-se gripe espanhola?
Porque a Espanha, ao contrário de outros países europeus, não censurava as notícias sobre a doença, que eram abundantemente divulgadas. Resultado: a gripe ficou espanhola. Há raízes históricas para a queixa mexicana.
Primeiro como leitor, depois como orgulhoso colaborador, acompanhei boa parte da evolução de nossa Zero Hora. É uma história de sucesso: o jornal que tinha nascido precário, com muitos problemas, aos poucos foi se transformando num grande órgão da imprensa em nosso país. E vai fazer muito mais. Os próximos 45 anos o demonstrarão.
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Um comentário:
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