sexta-feira, 1 de maio de 2009



01 de maio de 2009 | N° 15956
PAULO SANT’ANA


Os salários dos médicos

A assessora do Sindicato Médico do RS, Patrícia, manda-me dizer que está enviando a esta coluna uma mensagem do presidente do Simers em contraponto aos argumentos apresentados aqui pelo secretário estadual da Saúde, Dr. Osmar Terra. Espera ela que essa contribuição possa elucidar “essa pauta que é prioridade daquele sindicato e de todos os médicos gaúchos”.

Na visão do presidente do Simers, a problemática da saúde passa pelos deficientes salários dos médicos.

Deve passar, mas não será uma simplificação atribuir as aflições do sistema aos reduzidos salários dos médicos do SUS?

Em todo caso, preocupa a afirmação do Dr. Paulo Argollo de que os salários pagos aos médicos pelo SUS não estimulam os melhores profissionais a abraçar a carreira.

Não se faz saúde sem médicos. É preciso remunerá-los mais dignamente.

O governo vai ter de soltar mais recursos para o SUS. Talvez não haja na problemática social aspecto mais importante que o atendimento à saúde, ainda mais que a Constituição de 1988 assegurou a todos os brasileiros o atendimento gratuito nos postos e nos hospitais.

E grande parte dos que são atendidos não desconta para a Previdência, o que de certa forma transtornou o equilíbrio atuarial.

Vejamos as razões do sindicato: “Prezado Sant’Ana. Para justificar o sofrimento e desespero dos que dependem do SUS, o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, retoma velhos e pífios argumentos: 1º) Antes do SUS, há 20 anos, era pior. Ora, há 40 ou 80 anos, por certo, era ainda pior.

O fato é que, com recursos e competência, hoje poderíamos estar muito melhor do que estamos. 2º) Só nos falta a média complexidade. Temos atendimento básico e de alta complexidade. A verdade, no entanto, é que básico temos muito pouco e em alta complexidade (transplantes, cirurgias cardíacas etc.) sempre tivemos muito.

É onde o governo compra aparelhos muito caros e medicamentos com preços exorbitantes. Nos corredores do SUS, a sabedoria popular afirma: ‘algo hay’. 3º) Talvez, o mais sarcástico: há menos baixas hospitalares porque a saúde está melhor. Ora, nosso secretário precisa visitar as emergências, onde se amontoam dezenas de pacientes que não conseguem vagas.

Em 2008, foram fechados cem leitos SUS para adição a drogas no Hospital Espírita. O motivo, para o secretário, deve ser a diminuição do número de usuários de crack. 4º) Faltam especialistas. Na verdade, o piso salarial do médico é de R$ 7 mil para 20 horas semanais. O Estado desvia 50% dos recursos que a lei manda investir em saúde e paga, aos médicos, quatro a cinco vezes menos do que o piso.

Certamente, faltarão especialistas e não especialistas. Só fica no funcionalismo público o médico que está próximo de se aposentar e se dispõe a aguentar mais dois ou três anos para não perder esse direito.

Os que se formam percebem que é insano submeter-se a condições de trabalho indignas para receber salários humilhantes. Lamentavelmente, quem tem bom senso procura outras colocações.

E, por último: o próprio ministro da Saúde, José Gomes Temporão, admite a demora no atendimento. Ah, bom. Se ele admite, estamos a nos queixar do quê? Ora, pois. Atenciosamente, (ass.) Paulo Argollo Mendes, presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers)”.

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