quinta-feira, 1 de novembro de 2007



01 de novembro de 2007
N° 15405 - Paulo Sant'ana


Passagens mais caras

Milton Zuanazzi saiu ontem atirando da Anac: "Há uma agenda oculta que quer tirar os pobres dos vôos".

Os fatos, dos quais ele tira proveito, dão-lhe razão: desde a crise do apagão aéreo foram desaparecendo as promoções nos preços das passagens, que hoje voltaram a ser elitizados.

Subiram os preços das passagens e não se acabaram os atrasos e os cancelamentos.

E o interessante é que a passagem aérea subiu, mas o aperto entre as poltronas continua o mesmo, quando se dizia que a pretensão do ministro Jobim de aumentar os espaços entre as poltronas iria encarecer as tarifas.

Portanto, como sempre acontece em tudo, a crise do apagão aéreo estourou nos passageiros.

Um dos maiores milagres da natureza, para mim, são as centenas de espécies animais que habitam, nas grandes florestas, a copa, os caules e os galhos das árvores, sem jamais terem pisado no solo.

Alimentam-se, amam-se e se reproduzem nos altos das árvores. São insetos, répteis e mamíferos.

Os pássaros, por exemplo, banham-se em reservas de água da chuva que são armazenadas entre folhas trançadas ou sob copadas.

Certos macacos, por exemplo, jamais pisam no chão das florestas porque ali são devorados pelas feras. No alto das árvores, tornam-se soberanos, donos do habitat aéreo, só têm de cuidar-se das cobras venenosas.

Todos eles, até mesmo muitas cobras, desenvolveram geneticamente uma técnica de vôo que os faz alçar de uma árvore a outra, percorrendo quilômetros de distância na sua migração alimentar e de emparceiramento sexual.

São talvez os únicos seres sobre a Terra que se sentem seguros sem os pés no chão e fazendo só coisas no ar.

Recebo um forte lamento de destruição ambiental na Capital: "Caro Paulo SantAna!

Deixando de lado os usuais elogios à tua magnífica e representativa coluna, aliás, um dos mais vigorosos canais de expressão do cidadão comum tão desiludido, gostaria de externar minha amargura e decepção com as entidades ambientais de nossa cidade.

Nos fundos de meu prédio havia um dos últimos redutos de mata nativa do bairro MontSerrat. O quarteirão compreendido entre as ruas Carlos Gomes, Campos Salles, Pedro Chaves Barcelos e Anita Garibaldi, abrange a nascente do Arroio MontSerrat, antes guarnecida por uma mata nativa vigorosa, onde cantavam saracuras e centenas de pássaros.

Para minha surpresa, parte da mata foi completamente devastada para a construção de um empreendimento habitacional com preocupação ecológica, junto ao verde.

Uma placa aposta no portão de entrada, à Rua Campos Sales, nº 51, afirma que foi concedida licença para, pasme, intervenção em 83 espécimes vegetais, em troca do plantio de dez mudas e alguns implementos agrícolas para a prefeitura.

Não sou contra o progresso nem contra a construção civil, mas não havia necessidade de retirar todas as árvores do terreno. Em troca de um punhado de equipamentos que deveriam ser comprados com os pesados tributos que nos cobram, permitem um crime ambiental dessa magnitude.

Viva o concreto, o emprego na construção civil. Abaixo aqueles que apenas querem manter uma preciosa mata no seio da cidade que amam.

Que o dinheiro ganho pela construtora não pese, no juízo final, pelo assassinato de árvores, pássaros, verde, ar puro e desencanto dos moradores vizinhos.

Um grande abraço amargurado. (ass.) Douglas R. Trainini, geólogo, CI 6003127261, Rua Pedro C. Barcelos, 388/201. Fone 9975-3638".

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