segunda-feira, 19 de junho de 2023


19 DE JUNHO DE 2023
TEMPO NO RS

Geografia impõe dificuldade às buscas por desaparecidos

Um contingente formado por 96 homens de forças de segurança trabalha dia e noite em meio aos destroços que o ciclone extratropical provocou em Caará. São 12 equipes, formadas por membros de Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Marinha do Brasil, Instituto- Geral de Perícia e Defesa Civil.

A prioridade é localizar quatro pessoas que estão desaparecidas e atender aos desabrigados. Cercado por morros e cortado por quatro arroios e dois rios, o município do Litoral Norte tem uma geografia adversa, que dificulta o tráfego e a comunicação.

Em algumas localidades, o sinal de celular é fraco ou inexistente. O caminho, que já é difícil em condições normais até algumas residências isoladas, se torna ainda mais complicado com árvores caídas e trechos alagados. Pela água, os barcos e caiaques esbarram no leito pedregoso, tornando a descida lenta e arriscada.

Em meio a todas as adversidades, os agentes não desistem.

No domingo, o tenente do Corpo de Bombeiros Elísio Lucrécio embarcou em um helicóptero para sair em buscas a uma idosa dada como desaparecida. O destino era a localidade da Vila Nova, isolada em razão de barreiras na estrada. Quando chegou ao local, o oficial descobriu que ali morava uma mulher com o mesmo nome.

A desaparecida, na verdade, vivia distante dali, num local praticamente inacessível. - Do nada apareceram dois motoqueiros. Pareciam enviados por Deus. Eu e um morador da região subimos na garupa e seguimos as buscas - conta Elísio.

Desabrigados

O grupo saiu de moto pelo meio do mato. Após meia hora, o caminho ficou intransponível para os veículos. Elísio e o morador seguiram a pé até que avistaram ao longe uma casa. Ao chegarem lá, depararam com a desaparecida sã e salva. Dada por sumida em razão da incomunicabilidade, ela estava no próprio lar, com o marido, o filho e a nora.

Das 25 famílias que estavam desabrigadas, apenas duas seguem no CTG Sentinela dos Sinos, que também é ponto de entrega e coleta de doações. Em meio ao barulho frequente de sirenes e helicópteros, o movimento no galpão é incessante, com caminhantes levando mantimentos, roupas e cobertas, enquanto quem tudo perdeu busca o mínimo para recomeçar a vida.

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