17 DE JUNHO DE 2023
MONJA COEN
GRANDES MUDANÇAS
Tudo está em constante transformação. Acabamos de descobrir que há grandes mudanças no planeta. Sempre houve e sempre haverá. Assim como há grandes mudanças em você, no seu corpo e no seu espírito.
Nada fixo, nada permanente. Se não percebemos antes, não significa que não estivessem ocorrendo.
Fui um feto, um bebê, uma menina, uma jovem adolescente, uma mulher adulta e agora uma velha senhora. Na tradição japonesa da escola Soto Zen, sou chamada por alguns de Roshi. Ro quer dizer idosa, e Shi é mestra. Idosa mestra. Não é apenas o significado da idade, mas também de ter a mente de anciã.
O que é a mente anciã? É a mente experiente, capaz de ver, reconhecer, esclarecer, cuidar. Há também a mente de alegria, contentamento com a existência, presente no assim como é. Prazer em viver e passar pelas múltiplas experiências disponíveis a um ser humano. Sem muitas lamentações e sem grandes oscilações comportamentais, emocionais, espirituais.
A terceira é a grande mente. A grande mente exige um grande coração. Na grande mente, nada está fora. Tudo e todos incluídos. Quando Buda teve sua experiência mística, exclamou: "Eu, a grande Terra e todos os seres, juntos, simultaneamente, nos tornamos o Caminho". O planeta é feito por todas as formas de vida que o compõem. Somos um só corpo e uma só vida. Interligados a tudo que existe e em constante mudança e transformação.
Temos medo do desconhecido? Queremos nos manter na comodidade incômoda do que conhecemos? E isso que chamamos de conhecido não está sempre mudando? O que virá? Como será? Como serei eu amanhã? Como fui ontem? Posso pegar um instante e cristalizá-lo, prendê-lo, segurá-lo? Você já percebeu o que é real neste instante? Se não questionou, procurou saber do que é e do que foi, como pode querer saber sobre o que será, o que virá?
Primeiro observe a si. Observe à sua volta. Ouça. Sinta. Observe-se em profundidade. É ao mesmo tempo observar o todo. O autoconhecimento leva ao conhecimento da vida, da interconectividade, do sagrado que nos habita e no qual habitamos. Saia da ideia de um eu separado, sem perder a noção do eu individual.
A prática do Zen é a prática de adentrar talvez o que Teresa D?Ávila chamava da sétima morada. Pesquise o que significa isso.
Reflexões, orações, meditações necessárias para atravessar os múltiplos planos da espiritualidade até atingir o âmago do ser. A travessia é em si a ligação, a penetração, o despertar. É a ligação, a conexão, a comunhão com a sacralidade da vida. A mística profunda promove uma grande transformação, a transmutação do nosso olhar para a vida, para as pessoas, para tudo que é, foi e virá a ser. Tudo é vida e tudo é movimento.
Você aprecia o que nunca foi, o que nunca percebeu nem encontrou? Você aprecia se reconhecer no inseto, na árvore, na flor? Você sente o clamor dos rios e da terra? Percebe os ventos e o ar como sendo seu próprio corpo?
Há o amor e o afeto. Há o cuidado e a empatia. Há a sabedoria e a compaixão. Seu desabrochar depende da nossa procura, prática, encontro. Você se encontrou hoje? Então, veja se eu estou na esquina.
Mãos em prece
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