quinta-feira, 31 de outubro de 2024


31 DE OUTUBRO DE 2024
CARPINEJAR

Nobel da Paz

Nunca houve uma entrega da Bola de Ouro tão polêmica. A tradicional premiação, realizada pela revista France Football, na segunda-feira, consagrou o volante Rodri, fundamental na conquista da tríplice coroa pelo Manchester City (Premier League, Champions League e FA Cup) e da Eurocopa de 2024 pela Espanha.

Apesar de suas campanhas brilhantes, Rodri era para ter sido o segundo lugar.

O primeiro lugar deveria ter sido Vinicius Júnior, que ficou em segundo lugar. Afinal, ninguém superou o atacante brasileiro no último ano. Em atuações milagrosas, arrasadoras e fora da curva pelo Real Madrid, venceu a La Liga e a Champions League, com protagonismo em ambas as competições.

A inversão do pódio causou constrangimentos. A incômoda omissão e gritante distorção foram entendidas como boicote à postura política contra o racismo de Vinicius Júnior.

Se Pelé ou Garrincha estivessem vivos e jogando hoje, dificilmente ganhariam o prêmio. Lendas não têm vez numa eleição tendenciosa. Dos cem jornalistas votantes, 41 são de países da Uefa. Na sala de espelhos, a escolha costuma recair para um destaque caucasiano. Não se pode esperar discernimento, pois sobra identificação eurocêntrica.

Houve seis negros eleitos em 68 anos da Bola de Ouro: Eusébio (1965); Ruud Gullit (1987); George Weah (1995), o único africano; Ronaldo (1997 e 2002); Rivaldo (1999); e Ronaldinho (2005). Tudo bem que a distinção dava exclusividade para os europeus nos seus primeiros 39 anos, mas continua com uma representatividade irrisória.

A história das urnas do melhor do mundo é viciada na cor da bola. A verdade indigesta é que o futebol, praticado na maioria por negros, vive ainda um apartheid nas suas instâncias superiores.

Não sei se Vinicius Júnior levará a Bola de Ouro um dia, mesmo que seja um jovem de 24 anos no esplendor da carreira. Talvez tenha perdido o momento. Assim como aconteceu com Neymar, que flertou com o topo e jamais correspondeu aos estranhos e misteriosos pré-requisitos.

O que vale para alguns não vale para todos. Cristiano Ronaldo, cinco vezes eleito, ou Messi, oito vezes eleito, nem sempre mereceram. Mas parece que empilharam troféus pelo conjunto da obra e nem tanto pelo desempenho nas temporadas em questão.

O que tenho confiança é que Vinicius Júnior, menino pobre de São Gonçalo (RJ), é maior do que o esporte. A luta antirracista que encampou é de uma coragem extraordinária, e segue em influência o legado de Martin Luther King, Malcolm X e Nelson Mandela.

Alvo de ofensas racistas em diversas ocasiões, com gritos de "macaco" pelas arquibancadas adversárias, Vinicius sempre parou o jogo para mudar o jogo de aparências. Não deixou passar. Não baixou a cabeça nem para o presidente da La Liga, Javier Tebas. Pela sua cobrança e posicionamento contundentes, conseguiu que as autoridades na Espanha punissem três torcedores racistas do Valencia, fato que nunca tinha ocorrido antes. Já marcou a história além das quatro linhas.

Não bastando, criou um instituto que leva seu nome para aplicar um programa de educação antirracista para alunos de escolas públicas. Da mesma forma que enfrenta a discriminação de frente, é capaz de sorrir, bailar e comemorar seus gols com dancinhas. O desejo de justiça não apagou a sua alegria.

- Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar. Dizem que felicidade incomoda. A felicidade de um preto, brasileiro, vitorioso na Europa incomoda muito mais. Mas repito para você, racista: eu não vou parar de bailar. Seja no sambódromo, no Bernabéu ou onde eu quiser.

Acredito que o destino está reservando algo grandioso para Vinicius Júnior, algo que realmente o enxergue como um ícone da igualdade racial. Não duvido de que se torne o Prêmio Nobel brasileiro. O Nobel da Paz, mais do que a Bola de Ouro, ainda será dele. _

CARPINEJAR

31 de Outubro de 2024
LUCIANO POTTER

A bandeira do Estado

Era uma quinta-feira à noite, estávamos eu e meus dois meninos buscando uma pizza pra comer em casa, e no bar de chopes cremosos ao lado da pizzaria tinha uma bandeira do Rio Grande do Sul pendurada.

Os dois meninos correndo, um monte de gente por ali, vivendo. Casais, amigos, locais cheios de gente, de vida. As coisas voltando ao normal. Porque, você sabe, vivemos a enchente há pouco tempo e ainda estamos sofrendo com o tamanho do desastre?

A invenção do pendão - lembra: "Salve lindo pendão da esperança, salve símbolo augusto da paz?" - é antiga, para marcar território, para mostrar de longe de qual lugar a embarcação é, para mostrar de que lado da batalha você deve estar. Para dizer que a Lua é sua? Ou seja: um pedaço de pano, algo simplório para significar algo complexo. E ele pode unir ou dividir.

Naquela noite senti união, unidade. Aquele retângulo ali, parado, em cima, certamente foi colocado pelos donos do estabelecimento para indicar "seguimos, estamos aqui apesar de tudo, e estamos aqui porque juntos lutamos, com a ajuda de muita gente?".

Tragédias são terríveis. Mas renascer delas dá orgulho, pertencimento e robustez. Só sentimentos e qualidades de respeito. Ninguém ao certo sabe o significado das cores da bandeira gaúcha. Ninguém sabe ao certo o verdadeiro criador - uns dizem que foi Bernardo Pires, outros, que foi José Mariano de Mattos. Todos sabem que foi durante a Revolução Farroupilha. Que o brasão ao centro só veio bem depois. Enfim, o símbolo é claro: é a bandeira do Rio Grande do Sul.

Em 1869, o escritor francês Gustave Flaubert mandou uma carta para a amiga George Sand. E nela escreveu sobre bandeiras, cada vez mais símbolos nacionais: "Estão tão manchadas de barro e sangue que deveriam desaparecer de vez".

É, Flaubert, mais de 150 anos depois, sangue e barro se transformaram em metáforas, nessa ordem. Gaúchos e brasileiros deram sangue para recuperar o Rio Grande do Sul. O barro foi o símbolo da maior enchente de todos os tempos em solo gaudério e essa bandeira aqui, suja de lama, é um dos marcos de que a gente pode renascer de eventos catastróficos como o de maio de 2024. 

LUCIANO POTTER

31 de Outubro de 2024
EDITORIAL

Caminhos para o desenvolvimento

Chegou a hora de a sociedade gaúcha, em sua totalidade, perceber que o Rio Grande do Sul está diante de uma encruzilhada. É o futuro que está em jogo. Um dos caminhos passa por vencer o imobilismo para encarar gargalos crônicos e compreender a dimensão dos desafios postos pela demografia e pela instabilidade do clima. Por esta trilha, é possível endereçar medidas que levem à retomada sustentada do progresso, recolocando o Estado em uma posição nacional de protagonismo. A outra alternativa é a via da omissão. Essa condena à estagnação socioeconômica e à perda de relevância na comparação com outras unidades da federação.

Consciente do caráter decisivo do momento, o Palácio Piratini apresentou ontem o Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável. A iniciativa tem como meta, em um cenário otimista, multiplicar por três a taxa média de crescimento do PIB até 2030. Sabe-se que, ao longo das últimas décadas, nunca faltaram alertas e diagnósticos sobre os problemas do Rio Grande do Sul. Compreende-se também certo ceticismo com iniciativas governamentais voltadas a potencializar o crescimento pelo histórico de resultados abaixo do prometido. A questão é que, se verdadeiramente a opção for pelo caminho de enfrentar os obstáculos estruturais, a hora é agora. O custo da procrastinação será muito maior.

É improtelável dar início a ações para evitar que o envelhecimento da população e a queda do número de habitantes, prevista pelo IBGE para iniciar em 2027 no Rio Grande do Sul, façam a economia perder dinamismo. Apostas na educação, no aumento da produtividade, na retenção e na atração de capital humano são providências urgentes. Outro aspecto crucial é fazer com que o Estado deixe de ter tanta variação brusca do PIB em função do clima, como mostram os impactos das seguidas estiagens que arrasam as lavouras. É preciso combatê-las, mas também tornar a matriz econômica mais diversificada, sintonizada com a transição energética e tecnologicamente mais complexa.

Os passos do plano, elaborado a partir de um estudo da consultoria McKinsey, mas também com a colaboração de especialistas locais, lideranças e entidades empresariais, estão explicados na página 7 da edição de hoje de Zero Hora. Ele pressupõe o incentivo a 12 grupos de segmentos com potencial de alavancar a economia gaúcha, sustentado por pilares como capital humano, ambiente de negócios, inovação, infraestrutura e recursos naturais. Associado a essa iniciativa está o lançamento da Invest RS, agência que terá a missão de captar investimentos e promover o Rio Grande do Sul.

Não será um plano enviado à Assembleia para ter a força de lei e tornar-se política de Estado. Mas foi construído a partir de bases consistentes e tem lógica. Merece ser apoiado, por seus méritos e pelo fato de o Rio Grande do Sul estar em uma corrida contra o tempo na preparação para os desafios das décadas seguintes. Se seus primeiros movimentos forem promissores e resultados aparecerem até o fim de 2026, haverá de continuar a ser seguido nos próximos governos. Está em questão qual Estado será legado para as gerações vindouras. 


31 de Outubro de 2024
PORTA DE ENTRADA - Vinicius Coimbra

PORTA DE ENTRADA

Como será o programa que vai facilitar compra de imóveis no RS

Mais de 15 mil pessoas já demonstraram interesse na iniciativa que dará R$ 20 mil por família. Objetivo é incentivar a economia do Estado

O governo estadual realizou, na manhã de ontem, a abertura simbólica do Porta de Entrada, programa de incentivo que dará R$ 20 mil para a compra da casa própria. A cerimônia ocorreu no Palácio Piratini, em Porto Alegre, onde foram assinados o termo de cooperação com a Assembleia Legislativa e o contrato com a Caixa Econômica Federal.

Foi anunciado o aumento de investimentos na iniciativa, que permitirá a compra de 6 mil moradias de até R$ 300 mil, o que representa aporte de R$ 100 milhões do governo gaúcho e outros R$ 20 milhões do Legislativo. No lançamento do programa, em setembro, a ideia era viabilizar a compra de 3,5 mil casas, com investimento de R$ 70 milhões.

- O programa vai ativar nossa economia na construção civil ao impulsionar novos projetos. Esperamos alavancar em pelo menos R$ 1,2 bilhão os empreendimentos imobiliários. Será um programa permanente, que vamos colocar no orçamento de acordo com a disponibilidade do Estado a cada ano - disse o governador Eduardo Leite.

Até ontem, 15,4 mil pessoas haviam demonstrado interesse em participar da iniciativa. O programa é destinado a famílias com renda de até cinco salários mínimos que buscam comprar o primeiro imóvel.

Mudanças

O Porta de Entrada não foi afetado com mudanças feitas pela Caixa para a compra de moradias. A partir de amanhã, o banco aumentará as restrições para a concessão de crédito para imóveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que financia imóveis com recursos da caderneta de poupança.

- As mudanças serão para recursos da poupança. O Minha Casa Minha Vida, no qual está o Porta de Entrada, tem como fonte de recursos o FGTS. Por isso, não há alterações no programa - garante Renato Scalabrin, superintendente de rede da Caixa. _

É possível usar o FGTS?

Sim, os beneficiários poderão usar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para completar a entrada do financiamento imóvel. Também é possível usar o benefício estadual e negociar o saldo da entrada com a construtora. Conforme a Caixa, a cota de financiamento (valor máximo financiado pelo banco) é de 80%.

Atingidos pela enchente têm prioridade?

Não. Segundo a Caixa, todos passam pelos mesmos critérios de avaliação e não há previsão de beneficiar quem teve prejuízos financeiros na enchente de maio.

Como fazer a inscrição?

O processo pode ser feito no site: portadeentrada.rs.gov.br.


Plano do governo é robusto, mas precisa ser do Estado

O Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável, anunciado com pompa e circunstâncias pelo governo do Estado ontem, é robusto e ousado. Pena que chega a dois anos do final do mandato do governador Eduardo Leite. Merecia - e essa é a expectativa do Piratini - ser um plano de Estado, e não de governo. Seria desejável que houvesse alguma perenidade, algo raro de ocorrer na política brasileira em geral e na gaúcha, em particular.

- O desafio é fazer dar certo. Quando dá certo, a própria sociedade cobra a manutenção - disse, durante evento a jornalistas no Museu Iberê Camargo, o vice-governador Gabriel Souza, ele próprio cotado para a sucessão de Leite.

O resultado palpável do plano é a criação de uma Agência de Desenvolvimento, a Invest RS, capaz de atrair investimentos e fazer a promoção comercial - ou seja, atrair empresas e fazer com que vendam para fora do Estado. E a meta: atingir taxa de crescimento anual do PIB de 3% até 2030. Para efeitos de comparação, o crescimento gaúcho real do PIB ficou em 1,6% ao ano entre 2002 e 2021. É possível chegar lá em seis anos? Uruguai, Polônia e Romênia fizeram, diz o governo. _

Diagnóstico duro

O diagnóstico, feito pela consultoria McKinsey, é duro de se ouvir:

- Temos um crescimento baixo e díspar (maior concentração econômica e industrial na Região Metropolitana e Serra, mas com menor PIB per capita nas outras regiões);

- Temos um ambiente de negócios menos favorável do que outros Estados, em destaque na comparação com Santa Catarina, que atraiu 2 milhões de pessoas nos últimos anos;

- Há um movimento migratório muito grande. Ou seja, as pessoas estão saindo do Rio Grande do Sul para viver e trabalhar em outros Estados;

- Infraestrutura deficitária;

- E sofremos com eventos extremos - secas e enchentes. _

Olhando para frente

O mapa do caminho passa por:

- Aposta em setores da economia que já garantem sustentação da economia gaúcha, como o agronegócio, mas também em diversificar e complexificar outras cadeias produtivas, que o Piratini aposta como de "ascensão", e de "inovação", como expansão de capacidades e produção atuais nas áreas automotivas, produtos de transição energética, máquinas, equipamentos e semicondutores e produtos e serviços digitais;

- Atração e retenção de pessoas: o RS tem de se tornar um lugar aprazível para se viver e trabalhar. Pelo diagnóstico, é necessário empregar entre 699 mil e 840 mil pessoas - a única forma é atrair mão de obra para o Estado;

- Escolas em tempo integral;

- Educação técnica e profissional;

- Fortalecimento do sistema de inovação;

- Criação de um ambiente de negócios favorável;

- Melhora da infraestrutura, como estradas e hidrovias;

- Maior resiliência: precisamos aprender a lidar com as mudanças climáticas.

Obviamente, não se faz isso em dois anos de mandato - e o governo teve seis, no total. Também não se faz sem um começo, como o lançamento ontem, e sem inclusão da sociedade. Mas, principalmente, não se chega lá sem que sejam superadas rusgas político-ideológicas e a desgastada mentalidade de caranguejo. _

"A vitóriaserá nossa"

Naim Qassem, novo líder do Hezbollah anunciado na terça-feira, afirmou ontem que manterá a estratégia de guerra do seu antecessor, Hassan Nasrallah, foi morto pelo exército de Israel no mês passado durante a escalada do conflito. Também disse que o governo israelense pagaria um preço alto se suas forças permanecessem no Líbano, enfatizando que estão preparados para um conflito prolongado.

- A vitória será nossa - disse. _

O remanejo é visto como uma "promoção" no meio diplomático. Candeas fez um duro e excelente trabalho ao retirar os brasileiros da guerra.

O escritório de Ramallah passa a ter como chefe da missão Oswaldo Biato Júnior. Ele traz a experiência de ter sido embaixador Cazaquistão, acumulando Quirguistão e Turcomenistão entre 2011 e 2013.

Também representou o Brasil na Ucrânia e Moldávia entre 2016 e 2020 e, atualmente, era titular na Geórgia. Em seu lugar, assume Carlos Ceglia, que hoje representa o Brasil na Turquia. _

Afagos e risadas em almoço com prefeitos vitoriosos

O Tá na Mesa da Federasul, ontem, foi recheado de afagos, sorrisos e risadas. Passados os momentos mais tensos de campanha eleitoral, prefeitos vitoriosos de quatro de cinco cidades gaúchas que tiveram segundo turno se encontraram.

Adiló Didomenico, de Caxias do Sul; Fernando Marroni, de Pelotas; Rodrigo Decimo, de Santa Maria; e Sebastião Melo, de Porto Alegre, estiveram presentes. O prefeito eleito de Canoas, Airton Souza, desmarcou o compromisso, alegando problemas de saúde na família.

Foram apresentadas as primeiras e principais pautas dos governos, porém pontos curiosos, de bastidores, chamaram a atenção da coluna. _

Falas curiosas

Ainda antes do evento, ao serem questionados sobre a transição, Melo brincou:

- O melhor momento é entre a eleição e a posse, que é de café, comida e abraços - disse, referindo-se aos recém-chegados, não o seu caso nem de Didomenico, que foram reeleitos.

Já no evento, ao ser chamado ao palco, Melo foi ovacionado. E falou sobre o resultado:

- O Brasil que saiu das urnas foi de prefeitos que sabem ouvir. Que resolvem e não ficam fazendo teses - e brincou - O Sebastião Melo é igual ao Airton Senna, que acelerava no final das ultimas 15 voltas da corrida.

O prefeito de Santa Maria também arrancou risadas do público:

- Sou Rodrigo Decimo e usarei um décimo do meu tempo para cumprimentar algumas pessoas.

Ainda citou a primeira-dama da Capital, Valéria Leopoldino:

- Quando vi, Valéria estava corrigindo ele (Melo), arrumando o guardanapo. Lembrei da minha esposa, que também me corrige.

Marroni foi cobrado por não trazer a Porto Alegre doces de Pelotas. Durante sua fala, a coluna escutou um comentário do tipo "nem parece que ele é petista".

Adiló falou de gestão, como a questão de segurança. Lembrou que, nos últimos anos em Caxias do Sul, foi roubado três vezes. _

INFORME ESPECIAL 

quarta-feira, 30 de outubro de 2024



30 de Outubro de 2024
MÁRIO CORSO

Dissincronia com a idade

Já é lugar-comum falar da dificuldade dos jovens atuais em crescer e assumir responsabilidades. Como demoram para sair de casa, ocupar-se de seus estudos, definir uma profissão, saber lidar com dinheiro e amadurecer emocionalmente. Eles não chegaram de outro planeta, a explicação deve estar na forma como são educados, e quais as referências em que se espelham.

Mas será que só eles têm uma falta de sincronia com a idade? Observando os adultos contemporâneos não encontro grande diferença. Nunca foi fácil envelhecer. Assistir ao declínio do corpo, e de suas funções, é duríssimo. Mas pode ser ainda pior se a juventude eterna se tornar a razão de viver, e essa busca é majoritária. Estamos todos empenhados em congelar a idade.

O senso comum segue incensando a juventude como a perfeição, o momento de ouro. Não temos a maturidade em um registro positivo. Ela é vista como perda de vitalidade, perda do acesso ao que seria a verdadeira felicidade. No fundo, ninguém acredita na sabedoria e na paz que os anos prateados trariam.

A indústria da beleza, na prática indústria de rejuvenescimento, cresce como nunca. As plásticas raramente são satisfatórias, e se sucedem, por não cumprirem o que é delirantemente esperado. Os adultos que reclamam da imaturidade juvenil poderiam ser chamados de geração botox.

A manifestação mais patética dessa tendência é o radical político de meia idade. Como a rebeldia é associada à juventude, ter ideias radicais, superficiais, portanto, agressivas e barulhentas, está na moda. O amadurecimento, que nos mostra que a realidade tem mais nuances e profundidade do que parece, não opera em tais ditos adultos.

Qual o impacto nos jovens em ver seus adultos tentando se igualar a eles? Se lhes mostramos que envelhecer seria o inferno, por que eles teriam pressa em crescer? A dificuldade dos jovens para amadurecer está ligada aos poucos adultos, no sentido de viver a seu tempo as etapas da vida, disponíveis para servirem de exemplo.

Como em tantas reclamações, o tema diz mais do reclamante do que do acusado. A demora dos jovens para entrar na vida procede, mas vamos fazer a nossa parte, estar em paz com a idade que temos. 

MÁRIO CORSO

30 de Outubro de 2024
EDITORIAL

O não assunto da eleição

O sistema eleitoral brasileiro demonstrou outra vez ser a garantia de um processo limpo, transparente, seguro e ágil. Merece registro que um dos assuntos mais presentes na disputa de 2022, o questionamento quanto à confiabilidade das urnas eletrônicas, esteve ausente do rol de temas neste ano. Nenhuma candidatura relevante levantou dúvidas sobre a lisura da eleição ou espalhou informações falsas sobre a votação no Brasil. Nem antes nem depois dos dois turnos da disputa municipal.

Não há como anular completamente a produção e a disseminação de desinformação sobre temas relacionados à integridade das eleições. Sempre houve. Mas nenhuma suposta denúncia sobre fraude ou violação ao sistema, até hoje, mostrou-se verdadeira. Ainda assim, o submundo da internet e das redes sociais continuou um terreno fecundo para propagar fake news. 

O Sistema de Alertas de Desinformação Eleitoral (Siade) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabilizou, entre junho e o último domingo, 5.234 notificações de postagens enganosas relacionadas ao pleito. Já o disque-denúncia da Corte, o SOS Voto, registrou 3.463 alertas. Nada, entretanto, que fosse capaz de causar uma agitação minimamente parecida à de dois anos atrás, devido agora à maior responsabilidade de candidatos e partidos.

Fica ainda mais claro, como já era patente em 2022, que a contestação sobre a segurança das urnas eletrônicas por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro e seu entorno era somente uma estratégia inconfessável para desacreditar um resultado desfavorável e manter apoiadores mobilizados. Nenhum dos candidatos mais alinhados a Bolsonaro que concorreram neste ano adotou discurso semelhante. Espera-se, assim, que seja um assunto definitivamente encerrado e não volte a ser tema central das futuras eleições.

Isso não significa que a inviolabilidade das urnas eletrônicas não precise ser sempre testada ao máximo e, se necessário, que novas camadas de segurança sejam acrescentadas. Mas isso é feito regularmente, de forma transparente e pública, com fiscalização da sociedade, de instituições, especialistas e partidos. Hoje, há plenas garantias de que os resultados refletem o legítimo desejo da maioria, com respeito à soberania do voto popular, pilar da democracia.

O processo eleitoral do país mostrou, novamente, ser exemplar. A agilidade para a totalização e a divulgação do desfecho da eleição é, da mesma forma, modelar. Nos próximo dias será possível voltar a comparar com o modelo norte-americano. A eleição nos EUA para Casa Branca, Câmara dos Deputados, um terço do Senado e alguns governos estaduais ocorre na terça-feira. No dia 6 de outubro, data do primeiro turno do pleito municipal no Brasil, às 21h já haviam sido apuradas 98% das urnas. 

No último domingo, conforme balanço do próprio TSE, o resultado da eleição nos 51 municípios com segundo turno foi conhecido apenas duas horas e 15 minutos depois do fechamento das urnas. Aguarda-se que, em 2026, a integridade das urnas seja, outra vez, um tema ausente - a não ser para se celebrar os 30 anos de um sistema plenamente exitoso. 



30 de Outubro de 2024
FUTUROS JORNALISTAS

FUTUROS JORNALISTAS

Conheça os vencedores do Primeira Pauta RBS

Futuros jornalistas

Os vencedores do Primeira Pauta RBS foram revelados ontem. Os estudantes de Jornalismo Ana Claudia Gonzalez Teixeira (UFRGS), Ângelo Majolo Rockenbach (UFRGS), Arthur Reckziegel (Unisinos), Daniel Costa de Oliveira (UFPel) e Julia Lima Hoppe (UFRGS) se destacaram entre os inscritos de todo o Estado. Como premiação, os cinco futuros jornalistas vão participar de uma semana de imersão nas redações da RBS.

Para participar do concurso, os estudantes deveriam enviar, na primeira etapa, um vídeo respondendo à pergunta: "Por que eu quero participar do Primeira Pauta RBS?". Os 15 escolhidos para a segunda etapa enviaram um texto jornalístico, de tema livre, em formato de reportagem.

Entre 11 e 22 de novembro, os cinco vencedores serão acompanhados por jornalistas da RBS na produção de uma reportagem em texto, áudio e vídeo. Será uma semana com encontros online e apuração remota e uma semana presencial nas redações de GZH, Zero Hora, Rádio Gaúcha e RBS TV. Ao final da Semana Primeira Pauta, o conteúdo produzido será publicado em GZH e na Rádio Gaúcha. 


30 de Outubro de 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Financiar seguro-desemprego com multa do FGTS

Depois da longa reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na segunda-feira, cresceu a expectativa para conhecer as medidas. Afinal, a equipe econômica havia quase anunciado um pacote de corte de gastos para depois da eleição.

O objetivo seria permitir o retorno do Brasil ao "clube dos bons pagadores". Para isso, é preciso evitar que o endividamento público continue crescendo em relação ao PIB, o que não está ocorrendo mesmo com o cumprimento da meta de déficit zero.

Uma das mais polêmicas medidas que estaria no "pacote de maldades" envolve tanto a multa de 40% sobre o FGTS em caso de demissão sem justa causa quanto o seguro-desemprego. Houve reação ainda antes do detalhamento das iniciativas. A Força Sindical emitiu nota assim que começaram as especulações sobre o pacote, indagando: "Será que o presidente Lula aprova essa medida prejudicial aos trabalhadores?"

Lula pode barrar ideia de "apropriação"

O (pouco) que se sabe sobre essa medida era a intenção de alterar a regra atual de multa de 40% sobre o FGTS quando ocorre demissão sem justa causa. Não para deixar de cobrar a multa, mas para alterar o destino desses recursos.

Hoje, os 40% do FGTS são pagos diretamente ao funcionário demitido, que também tem direito a de três a cinco parcelas do seguro-desemprego, dependendo do tempo de trabalho. A intenção da equipe econômica seria usar os recursos da multa de FGTS para bancar o pagamento do seguro-desemprego.

O que não se sabe é se seria restrito a cada trabalhador, ou seja, a multa de cada pessoa seria destinada a bancar seu próprio benefício, ou no atacado, com "apropriação" dos 40% de cada desligamento para financiar a estrutura do seguro-desemprego.

Como Lula já vetou mudança na regra de aumento real do salário mínimo e existe potencial de a mudança dupla de multa do FGTS e no seguro-desemprego afetar diretamente seu eleitorado, não é improvável que a intenção não se cumpra da forma ensaiada. _

Dólar subiu 0,9% ontem, para R$ 5,761, empatando com a maior cotação em três anos. Foi depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não há data certa para o esperado anúncio de redução de despesas.

ESPM encerra cursos de graduação na Capital

Já não haviam entrado novos alunos na ESPM neste ano - e não entrarão mais. A escola de Ensino Superior vai encerrar os últimos dois cursos de graduação que mantinha em Porto Alegre, Publicidade e Design. Os demais haviam sido fechados no ano passado.

Estudantes já matriculados não terão impacto. As aulas vão continuar na unidade da Rua Guilherme Schell, no bairro Santo Antônio, até a formatura dos alunos, diz a empresa.

Com a mudança, a ESPM de Porto Alegre passará a atuar com foco em cursos de pós-graduação, extensão e educação executiva. A decisão, conforme nota da empresa enviada à coluna, ocorre "em virtude da redução substancial do número de candidatos ao longo dos últimos anos - uma realidade não apenas da escola, mas já conhecida no Estado".

Funcionários apontam os preços como uma das causas da baixa procura. As mensalidades da ESPM estão ao redor de R$ 6 mil - valor semelhante aos cobrados em São Paulo e Rio de Janeiro. Para comparação, as mensalidades dos cursos de Publicidade e Design na PUCRS estão cerca de R$ 3,3 mil. 

Por custo, CLP quer "volta ao passado"

Com base no alto preço da carteira de motorista (6,6% do salário médio anual no Brasil), o Centro de Liderança Pública (CLP) pede redução do custo de emissão do documento. A entidade que mede a competitividade dos Estados sugere medidas para tornar o trânsito mais seguro com base na leitura de que o peso no bolso faz com que muitos condutores não tenham carteira. Uma surpresa é a proposta de permitir que, como antes, familiares ou amigos ensinem a dirigir. Para o CLP, reduziria o custo e melhoraria o aprendizado. _

Mais camisetas para ajudar o RS

O Pampa, a orla do Guaíba e a bandeira do Estado são inspiração para a nova coleção de camisetas da rede gaúcha Pompéia. O lucro com a venda das peças vai virar ajuda à reconstrução.

O modelo que remete ao bioma gaúcho tem estampa que representa as coxilhas, em tom esverdeado. O da Orla é mais colorido, lembrando o pôr do sol refletido nos prédios da região central de Porto Alegre. A terceira peça da coleção, em cor preta, tem uma bandeira do Estado estilizada.

As camisetas foram desenhados pelo diretor de criação da HOC, Greg Leal. As peças, em modelos masculino e feminino, custam R$ 59,90. Podem ser compradas nas lojas e no e-commerce da Pompéia.

O lucro vai ser destinado à reconstrução do Estado, mas a empresa ainda trabalha para decidir quais entidades vão receber os recursos. 

GPS DA ECONOMIA


30 de Outubro de 2024
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

A esquerda no divã

A esquerda precisa sentar no divã para compreender por que se desconectou das massas populares. Partidos desse espectro político venceram apenas em duas capitais brasileiras - Recife, com a reeleição de João Campos (PSB), e em Fortaleza, com a vitória de Evandro Leitão (PT).

É o mais baixo número desde a redemocratização: em 1985, eram quatro prefeitos de esquerda, tendo chegado a 17, em 2004, no primeiro mandato de Lula.

Há problemas pontuais de rejeição a determinados candidatos, mas, de forma geral, as questões são profundas: falta comunicação mais eficiente, existe dificuldade de utilizar as redes sociais como ferramenta de propaganda, percebe-se uma elitização de quadros, que a mantém apartada do resto do povo, além de fragmentação interna. A esquerda, que lutou bravamente contra a ditadura e regimes autoritários, ajudando a devolver a democracia ao país, perdeu boa parte de sua base, os sindicatos, até pela transformação da forma de trabalhar.

No entanto, é hoje uma efígie do passado também por decisões - ou a falta de - ao longo dos últimos anos. Não são suficientes apenas pautas identitárias ou conceituais para conquistar o eleitor. É preciso defender democracia, ser contra o racismo, o machismo e a homofobia e a transfobia.

Mas é necessário compreender que as camadas mais pobres querem empreender, algo um tanto vilanizado pela esquerda, como forma de ascensão social. As classes mais baixas preocupam-se com segurança, não apenas a partir de um conceito de violações de direitos humanos por parte da polícia, um discurso que a esquerda adotou. Esses são só dois exemplos dos tantos que os partidos precisam rever.

Não basta à esquerda tachar seu ex-eleitor como "bolsonarista" e considerá-lo perdido. É preciso aceitar que o perfil social da população mudou. O Brasil está mais religioso, sim. Mas os evangélicos, para ficarmos em um grupo importante entre os eleitores da direita, não são só pessoas apegadas a seus valores: são cidadãos que frequentam postos de saúde, mantêm filhos na Escola Infantil, pegam ônibus e avaliam a qualidade (ou falta de) desses serviços públicos.

Isso só se compreende voltando às bases, em um profundo processo de reflexão que precisa começar já. 

Sistema Ocergs premia cooperativas gaúchas

O Sistema Ocergs entregou na noite de segunda-feira o Prêmio SomosCoop - Excelência em Gestão RS. O objetivo foi destacar cooperativas gaúchas pela qualidade em gestão e governança em 2024. Ao todo, 11 foram premiadas.

Além da premiação, outras 27 cooperativas receberam certificados pela promoção do desenvolvimento sustentável e entrega de valor para a sociedade e cooperados.

De acordo com dados do Expressão do Cooperativismo Gaúcho de 2024, do Sistema Ocergs, o Estado conta com 370 cooperativas, com mais de 3,8 milhões cooperados. _

Um guia para entender a eleição nos EUA

A menos de uma semana da eleição, que ocorrerá em 5 de novembro, a coluna reúne alguns termos utilizados com frequência durante a disputa americana. Acompanhe.

Veja o glossário

Battlegrounds

São os chamados "campos de batalha" da eleição, ou seja, os Estados decisivos.

colégio eleitoral

Nos EUA, as eleições são indiretas. Quando o eleitor vai às urnas, vota nos delegados que integrarão o Colégio Eleitoral. Trata-se de um grupo que emite seus votos para o candidato ganhador em cada Estado americano. Também chamados de "grandes eleitores", eles somam 538. Cada um dos 50 Estados dispõe de uma determinada quantidade de delegados, de acordo com o número de habitantes. Quanto mais populoso, maior será o seu número de representantes. Para ser eleito presidente, são necessários no mínimo 270 delegados.

delegados

São representantes que votam seguindo a vontade dos eleitores de cada Estado e que, ao final da eleição, irão compor o Colégio Eleitoral. Em cada Estado, os partidos se reúnem em convenções ou comitês para escolher os potenciais delegados. Pela lei, qualquer pessoa pode ser um, inclusive sem filiação partidária. Mas, geralmente, são indivíduos politicamente engajados.

EXIT POLL

É a pesquisa de boca de urna, feita na saída da votação.

MAGA

São as iniciais do slogan de Donald Trump, "Make America Great Again!"

swing state

São Estados nos quais, a cada eleição, varia o vencedor - ora é democrata, ora republicano. Não há uma fidelidade por parte do eleitor. Também são chamados de Estados-pêndulos. Há mais ou menos um padrão de comportamento dos eleitores nos EUA: sabe-se, por exemplo, que na Califórnia os democratas costumam ganhar, assim como os republicanos no Texas. Mas há uns seis ou sete locais em que há variação. Por isso, eles costumam ser os decisivos da eleição. Neste ano, irão definir o pleito: Michigan, Pensilvânia, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Nevada.

Too close to call

É quando as projeções das emissoras de TV americanas indicam percentuais muito próximos entre um candidato e outro, que fica difícil prever quem vai ganhar. Algo como "perto demais para anunciar" (um vencedor).

WASP

É o acrônimo, em inglês, de "branco" ("white"), "anglo-saxão" ("anglo-saxon") e "protestante" ("protestant"). Normalmente, usado de forma pejorativa para designar um grupo relativamente homogêneo de indivíduos que detêm poder econômico, político e social.

Winner takes all

Em português, o "vencedor leva tudo". Na apuração, 48 dos 50 Estados adotam essa lógica. Exemplo: o candidato que receber a maioria dos votos na Califórnia leva para o Colégio Eleitoral todos os 54 delegados. O mesmo vale para os demais. As exceções a essa metodologia são os Estados do Maine e de Nebraska. Esses distribuem os votos entre os candidatos de acordo com a proporção recebida por cada um.

Urnas e votos queimados nos EUA

Urnas para votação antecipada nas eleições dos EUA foram incendiadas nos Estados de Oregon e Washington. Centenas de cédulas, que já estariam depositadas nas caixas de coleta, podem ter sido danificadas. O FBI e as polícias locais investigam o caso. Câmeras de vigilância flagraram um veículo junto a uma caixa em Portland, Oregon, pouco antes do incêndio. _

Plataforma de enfrentamento

O governo do RS lançará na COP29, no Azerbaijão, uma plataforma que irá mapear e monitorar as ações de enfrentamento às mudanças climáticas nos municípios gaúchos.

A iniciativa é da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura. O investimento é de R$ 2 milhões por parte do governo, somados a R$ 125 mil de financiamento internacional. _

A Renner também estará na COP29. A empresa participa de dois painéis: o primeiro sobre sustentabilidade e tendências ESG na moda e o outro sobre a aceleração da implementação da agenda 2030.

INFORME ESPECIAL

terça-feira, 29 de outubro de 2024


29 de Outubro de 2024
CARPINEJAR

0,7%

O Inter se tornou um dos mais eficientes times do Brasil. Aquelas previsões otimistas do início do ano acabaram se confirmando por vias tortas. Ou seja, tinha elenco, as contratações foram promissoras, não houve erro de logística da direção.

O maior desastre ambiental da história gaúcha atrapalhou os planos. Assim como a intransigência de Coudet, que deixava o talentoso argentino Alexandro Bernabei inativo, fora inclusive do banco de reservas. Ninguém entende como ele não era usado, ainda mais concorrendo com o irregular Renê, pivô de desclassificações.

Bernabei, com três gols e quatro assistências, eleito o melhor lateral no país por vários finais de semana, já é um dos destaques da temporada. Inter perdeu Gauchão, Copa do Brasil, Sul-Americana, sob o descrédito do torcedor. Quando já achávamos que era mais um ano desperdiçado, surge Roger na casamata, surge D?Alessandro na direção de futebol e, de repente, acontece uma mágica de renovação no nosso espírito guerreiro.

Brioso e determinado, Roger Machado dá chance para os garotos da base, e resgata o Celeiro de Ases. Gabriel Carvalho, 17 anos, é titular. Gustavo Prado e Ricardo Mathias atuam com frequência.

Roger conseguiu reformular o plantel, unindo experiência e vitalidade, mantendo soberanamente o controle do vestiário - não vejo nenhum medalhão reclamando de falta de oportunidade. Invenções se consolidaram como acertos, como Bruno Gomes desviado de sua função de volante para a lateral.

Thiago Maia, Fernando, Alan Patrick, Borré, Wesley recuperaram o mel da bola. No enfrentamento com o Galo misto no sábado, nem a drenagem suspeita somente no campo de ataque do anfitrião, nem o pênalti inexistente para o adversário tiraram o brilho de uma entrega heroica com a marca da garra no meio da tempestade.

São 11 partidas de invencibilidade e oito vitórias, entontecendo as estatísticas. 

Depois de quase flertar com Z-4, Inter se encontra em quinto lugar, podendo entrar no G-4 a partir do confronto atrasado com Flamengo. Além do Flamengo em casa, tem pela frente Criciúma e Fluminense no Beira-Rio. Ou seja, se preservar a alta concentração de jogo a jogo, de decisão a decisão, com o apoio maciço da torcida, é capaz de saltar para 61 pontos a cinco rodadas do término do campeonato.

Se Palmeiras tropeçar, se Botafogo tropeçar, o impossível Gigante, o messianismo colorado, o sobrenatural vermelho estará vindo lá de trás. Mansamente. Secretamente. Sem nenhum apoio de comentaristas, um azarão por completo.

Não se fala de título por uma questão racional. A probabilidade reside em 0,7%, de acordo com o Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É loucura cogitar tal hipótese (como se não fôssemos loucos!).

Significaria uma façanha épica e inexplicável. Nunca se viu tal reviravolta no Brasileirão. A regra é o campeão do primeiro turno corresponder às expectativas. Mas que seria lindo um time há 45 anos na fila por esse certame nacional, nove vezes vice-campeão (1967, 1968, 1987, 1988, 2005, 2006, 2009, 2020 e 2022), fazer a volta olímpica...

Mas que seria divino, maravilhoso, um time de um Estado destruído pela enchente alcançar a taça? Chego a ficar arrepiado sonhando. 

CARPINEJAR

29 de Outubro de 2024
NÍLSON SOUZA

Grande Irmão no trânsito

Agora vai ficar ruim para os espertalhões do trânsito, que trafegam acima da velocidade permitida, usam celular ao volante e cometem grandes e pequenas infrações convictos de que não serão flagrados pelas autoridades. Vêm aí os radares inteligentes, equipados com sensores e inteligência artificial, que não apenas medem a velocidade dos carros como também observam o comportamento do motorista. Espiam quantas pessoas estão dentro dos veículos, se todas usam cinto de segurança e se o condutor não está fazendo outra coisa além de dirigir. É um verdadeiro Grande Irmão do trânsito, como a teletela de George Orwell no romance 1984.

E não é coisa para um futuro distante. Esse tipo de equipamento já está em operação em algumas cidades brasileiras, como Salvador e Curitiba. Segundo a empresa responsável pela instalação dos novos radares nas estradas e vias urbanas do país, as câmeras de alta definição permitem observar detalhadamente o comportamento do motorista. Até mesmo aquela habitual malandragem de tirar o pé do acelerador nas proximidades dos pontos de controle poderá ser flagrada, pois o equipamento está capacitado a calcular a velocidade média de um veículo entre um radar e outro.

Estava mesmo na hora de a tecnologia virar para o lado dos pedestres e dos motoristas que seguem as regras. Até agora, ela só vinha favorecendo os infratores, com aplicativos que identificam previamente a localização de radares e possibilitam avisar outros motoristas sobre a presença de policiamento móvel nas estradas. Isso sem contar os próprios celulares, que servem de distração permanente para os condutores, inclusive para aqueles mais ousados (e mais irresponsáveis) que digitam enquanto dirigem.

Pois que venha o Grande Irmão do trânsito e que seja eficiente como seus idealizadores apregoam, para nos proteger dos facínoras do volante que também são especialistas em driblar os sistemas de fiscalização. Tanto que a melhor barreira para o excesso de velocidade continua sendo a lombada física, com altura suficiente para avariar o veículo. Só que os equipamentos inteligentes precisam ser complementados por uma ação humana que ainda deixa a desejar: punição compatível com a gravidade das infrações. _

NÍLSON SOUZA

29 de Outubro de 2024
EDITORIAL

Polarização derrotada

Finalizado o pleito de 2024, restou demonstrado que o voto nas eleições municipais se move muito mais por questões locais do que nacionais. Na maioria esmagadora das cidades, não foram os candidatos que representavam maiores líderes da esquerda e da direita mais enérgica, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, os grandes vencedores. Os maiores vitoriosos foram os partidos do centro, da centro-direita e mesmo da direita, mas que em regra não emulam a postura antissistema do bolsonarismo raiz. Apesar das exceções aqui e ali, quem apostou na polarização que divide os brasileiros não logrou o sucesso imaginado na disputa pelas prefeituras.

O caráter pragmático da eleição fica mais nítido ao se constatar que o PSD foi a sigla que elegeu o maior número de prefeitos: 887. Foi seguido pelo MDB, com 856. O PSD, liderado por Gilberto Kassab, um mestre na leitura de cenários políticos, se notabiliza por não ter linha programática definida e identificada com esquerda ou direita. 

Venceu se ajustando às peculiaridades regionais, com o apoio e os votos de um ou outro lado do espectro ideológico. O MDB, da mesma forma, é conhecido por alinhamentos distintos em cada Estado. O terceiro colocado foi o PP, com 747 prefeitos, seguido pelo União, com 578. Grosso modo, são as legendas que formam o centrão, sem tradição ou perspectiva de candidaturas competitivas à Presidência da República e mais interessadas no jogo de poder praticado entre o Congresso e as prefeituras.

O PL, de Bolsonaro, aumentou de 345 eleitos em 2020 para 516. Há uma dose de ilusão no crescimento de 50%. Estimava-se que, com a filiação do ex-presidente, o desempenho seria muito superior. As projeções do partido indicavam vitória em mais de mil municípios. No domingo, perdeu em sete das nove capitais em que disputou o segundo turno, principalmente para outros candidatos do campo da direita. O PT, vencedor de cinco das últimas seis eleições para o Planalto, também não tem grande motivo de celebração, apesar de ter aumentado o número de prefeituras de 179 para 252. A maior agremiação de esquerda do país ficou apenas em 9º lugar no ranking dos partidos.

É possível extrair a conclusão de que o eleitor, mesmo mais inclinado à centro-direita e à direita, em sua grande maioria preferiu mais moderação. O resultado legou rachas no lado conservador, mas é precipitado antever se sequelas permanecerão até 2026. Confirma-se, ainda, a dificuldade da esquerda, notadamente do PT, de renovar lideranças, fazer uma autocrítica e se reconectar com amplas parcelas do eleitorado, em especial de baixa renda, com novas aspirações.

Por fim, foi o pleito com mais alto índice de reeleição já observado, da ordem de 80%. Analistas ligam a elevada recondução à farra das emendas parlamentares direcionadas aos municípios e ao controle dos recursos do fundo eleitoral. Alertam que esses prefeitos beneficiados, daqui a dois anos, retribuirão o apoio de deputados e senadores, levando também a uma baixa renovação no Congresso. A perpetuação no poder dos mesmos nomes ou grupos, reduzindo a oxigenação na política, não é saudável à democracia e eleva o risco de apatia do eleitor, manifestada, por exemplo, por meio da abstenção. 



29 de Outubro de 2024
STAMOS EM OBRAS  - Jocimar Farina

Trensurb assinará contrato para reabrir estações

Depois de um período de incertezas, a Trensurb assinará o contrato que irá religar as três subestações de energia que permitirão a retomada das viagens de trem nas estações de Porto Alegre - Mercado, Rodoviária e São Pedro - que estão fechadas desde a enchente de maio. O ato ocorrerá hoje.

A empresa Tecnova foi a vencedora da disputa. Porém, duas concorrentes questionaram o resultado. Somente uma delas apresentou documentação levando dúvidas sobre a definição da primeira colocada.

A resposta foi analisada pelas equipes técnica e jurídica da Trensurb, que decidiram não acatar os recursos apresentados. Negado este pedido, encerra-se a fase de análises administrativas.

- À tarde, nossos técnicos já irão se reunir com os técnicos da Tecnova e ajustar o cronograma de trabalho para chegarmos ao Centro de Porto Alegre em dezembro - informa o diretor-presidente da companhia pública, Nazur Garcia.

As empresas perdedoras deverão procurar o Judiciário se ainda quiserem reverter o resultado. Somente desta forma o cronograma da Trensurb, de reabrir as estações em dezembro, será afetado.

Retomada

Para reabrir os últimos pontos de embarque e desembarque da Capital, a empresa Tecnova precisará proceder a religação da subestação que fica ao lado da estação Farrapos. A projeção da Trensurb é que, apesar de complexo, esse procedimento pode ser executado dentro de um prazo aproximado de 50 dias.

Ao longo dos próximos dois anos e três meses, a Teconova precisará religar as demais subestações que irão permitir a redução do intervalo das viagens do trem - hoje chegando a 12 minutos. Antes da enchente, no horário de pico era possível embarcar a cada quatro minutos.

Depois que as subestações dos bairros Fátima e São Luís, ambas em Canoas, forem religadas, a unidade da Farrapos será totalmente reconstruída, inclusive com a construção de um novo imóvel, que colocará os equipamentos em uma altura acima de onde a enchente de maio atingiu. A intenção da Trensurb é evitar que novos alagamentos voltem a afetar o sistema de operação dos trens.

Ao todo, a reconstrução pela qual a Trensurb irá passar vai custar R$ 400 milhões. Desse total, o governo federal já repassou R$ 164 milhões. A empresa também irá direcionar outros R$ 20 milhões, que tem do seu orçamento, para recuperar o sistema. _

ESTAMOS EM OBRAS

29 de Outubro de 2024
REGIÃO METROPOLITANA

REGIÃO METROPOLITANA

Região Metropolitana

Prefeito eleito de Canoas fala sobre vídeo com maço de dinheiro - Gabriel Jacobsen

O prefeito eleito de Canoas, Airton Souza (PL), afirmou ontem que o vídeo no qual ele aparece retirando um maço de dinheiro de dentro da calça e entregando a uma pessoa dentro de um carro se refere ao pagamento de compromissos pessoais. As imagens têm sido compartilhadas em aplicativos de mensagens.

De acordo com ele, o dinheiro é proveniente de reservas econômicas e tinha como destino o pagamento de dívida pessoal. Airton Souza também destaca que o dinheiro não estava em sua cueca.

- Não era da cueca (que retirava o dinheiro), era da cintura - destacou Souza, acrescentando:

- Está na minha declaração de Imposto de Renda há mais de 10 anos, eu faço sempre uma reserva econômica do que ganhei no ano. Cada ano, reservo 10%, 15%, e deixo uma reserva de recursos. E ali eu estava honrando um compromisso pessoal. Não foi dentro do comitê, foi dentro de um carro. Ah, e por que estava na cintura? Porque botar no bolso chamaria atenção. Então, eu fui de boa-fé, estava honrando um compromisso e o pessoal querendo fazer sensacionalismo. É muito tranquilo esse tema, não vejo nada de anormal.

Souza disse ainda não se lembrar com precisão de quando ocorreu o fato:

- Não sei precisar a data, mas faz algum tempinho. Acredito que (faz) meses - respondeu.

Alegação

O prefeito eleito de Canoas ainda afirmou que o maço de dinheiro não tem relação com a campanha eleitoral e que prefere não contar a quem repassou as notas.

Questionado se poderia revelar que compromisso pessoal estava quitando com o dinheiro, afirmou:

- Não, não, eu prefiro me reservar o direito. É um compromisso pessoal meu e está encerrado o assunto. 



29 de Outubro de 2024
JUSTIÇA ELEITORAL

JUSTIÇA ELEITORAL

Justiça eleitoral

TSE irá analisar o que motivou os altos índices de abstenção

A Justiça Eleitoral fará uma pesquisa para descobrir as causas das abstenções e tentar reduzir o não comparecimento nas próximas eleições, em 2026, disse a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia. As ausências subiram de 21,68% no primeiro turno para 29,26% no segundo.

- Tivemos casos climáticos, outros problemas. Vamos verificar e ver o que podemos aperfeiçoar. Vamos ter de apurar em cada local e trabalhar com os dados - afirmou Cármen Lúcia em entrevista coletiva.

Segundo a ministra, o TSE fará uma pesquisa com os Tribunais Regionais Eleitorais para identificar os principais entraves ao comparecimento de eleitores em cada localidade. Ela prometeu apresentar um relatório antes da diplomação dos eleitos, em dezembro.

Tradicionalmente, a abstenção aumenta entre o primeiro e o segundo turno, principalmente por causa de eleitores descontentes com os dois candidatos. As eleições de 2024 registraram o segundo maior volume de ausências da história, só perdendo para 2020, no auge da pandemia de covid-19, quando 23,2% deixaram de votar no primeiro turno e 29,5% no segundo turno.

A ministra advertiu que o TSE precisará tratar localmente as variáveis que influenciam a abstenção.

- Houve município que teve 16% de abstenção e houve município com 30% - justificou. 



29 de Outubro de 2024
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Kamala ou Trump, quem é melhor para o Brasil?

Até algum tempo atrás, quem acompanha a política americana não teria dúvida ao responder à pergunta do título. Os democratas costumam ser mais protecionistas do que os republicanos. Logo, um presidente do partido de Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Theodore Roosevelt seria melhor para os interesses brasileiros. Os democratas, por outro lado, têm histórico maior de aumento de subsídios, por serem muito mais ligados aos setores que fazem lobby para o agronegócio americano.

Só que Donald Trump subverte essa lógica. O ex-presidente, embora republicano, é imprevisível, e aposta em uma agenda comercial extremamente protecionista, o que, nesse aspecto, seria prejudicial ao Brasil.

Imaginando-se que um eventual governo Kamala Harris representará a continuidade da gestão Joe Biden, podemos apostar na manutenção do alinhamento com o Planalto. Lula e Biden (ou Kamala) têm afinidades em áreas como o ambiente. O isolamento dos EUA em uma nova gestão Trump e o recuo na agenda das mudanças climáticas seria péssimo para o mundo, mas abriria oportunidade para protagonismo brasileiro no tema.

As relações internacionais são permeadas de nuances. Se, por um lado, a vitória trumpista aumentaria a pressão sobre o governo brasileiro a se afastar politicamente da China, parceira no Brics, a rivalidade sino-americana também é positiva para o Brasil porque abre mercados para o agro nacional.

No momento em que Washington intensificou a disputa com Pequim, reduzindo o comércio de soja, milho e algodão entre os dois países, por exemplo, escancarou mercado para os grandes produtores brasileiros.

Como o Brasil não está isolado do mundo - e muito menos da América Latina, zona de influência americana -, um eventual acordo de livre comércio entre os EUA sob Trump e a Argentina de Javier Milei implodiria o que resta do Mercosul.

A vitória do republicano, a quem Jair Bolsonaro emulou no passado, reforçaria, entre aliados do brasileiro, o discurso de retorno do ex-presidente ao poder, apesar de sua inelegibilidade. De tudo, o mais importante: as relações bilaterais entre EUA e China estão consolidadas e independem da chamada diplomacia presidencial. _

O que as urnas de 2024 dizem a 2026

Um dos grandes recados das eleições de domingo no país é que nenhum extremo teve vantagem. A grande vencedora foi a centro-direita ou os candidatos "maleáveis".

PSD e MDB conquistaram 10 das 26 capitais brasileiras. Apesar de estarem no ministério de Lula, contam com certa elasticidade, já que não compram todas as brigas ferrenhas. O PT levou apenas uma capital (Fortaleza), e o PL ganhou em quatro: Aracaju, Cuiabá, Maceió e Rio Branco. A expectativa do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro era de que o resultado fosse melhor.

Partidos próximos das ideias de Bolsonaro perderam em Curitiba, Belo Horizonte, Goiânia, João Pessoa, Manaus e Palmas.Fortaleza foi uma das principais derrotas: Evandro Leitão (PT) foi eleito com 50,38% contra 49,62% de André Fernandes (PL). _

Outros recados

Analistas afirmam que a direita e a centro-direita são maiores que Bolsonaro e o bolsonarismo. Seu apoio não se reverteu em votos, necessariamente. A eleição mostrou que eleitores optam por políticos que circulam por diferentes segmentos do espectro político. Outro alerta que fica é para o presidente Lula: hoje, PSD e MDB compõem o governo, mas isso não representa que estarão a seu lado em 2026. 

Joe Biden já votou

Falando em eleições americanas, o presidente democrata Joe Biden registrou o voto de forma antecipada em Kamala Harris ontem em New Castle, no Estado de Delaware.

Ao conversar com jornalistas, foi questionado sobre a sensação do voto, respondendo que foi "doce".

A votação antecipada já está em curso nos EUA e cerca de 43 milhões de americanos já votaram. _

Dois chapéus e uma história

O chapéu de palha foi um item fundamental da vitoriosa campanha de Sebastião Melo, inclusive se tornou jingle e adereço de seus eleitores.

No domingo, no primeiro discurso após a reeleição, no Hotel Embaixador, o prefeito fez questão de mostrar dois dos acessórios: o chapéu mais novo, usado na campanha de 2024, e um mais velho, de quando conquistou o mandato pela primeira vez, em 2020.

Com a aba desgastada, o antigo será restaurado, segundo Melo. Os dois serão guardados como recordação. _

Ontem, completaram-se três meses do arremedo de eleição na Venezuela. Ainda sem sinais das atas de votação. Apesar disso, a oposição acredita que conseguirá reverter o resultado. María Corina Machado garantiu que continua lutando para "reivindicar a vitória".

Ação comedida

Depois de gerar grande expectativa de como reagiria à chuva de mísseis do Irã contra seu território, em 1º de outubro, Israel realizou no final de semana um ataque comedido a fim de evitar a escalada da crise. Os danos a bases e radares iranianos foram limitados.

Se quisesse realmente imprimir perdas significativas ao inimigo, Israel teria destruído a joia da coroa dos aiatolás: as centrais nucleares. Mas isso certamente jogaria o Oriente Médio no abismo e a guerra tomaria proporções ainda maiores. _

Lula não irá à COP

O presidente Lula cancelou a ida ao Azerbaijão para participar da COP29. A conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que trata sobre mudanças climáticas ocorrerá em Baku, capital do país, entre 11 e 22 de novembro.

Lula focará em outras duas agendas oficiais: a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) e a reunião do G20, também em novembro. Em Baku, será substituído pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. _

INFORME ESPECIAL