13 DE JUNHO DE 2020
LYA LUFT
Estes estranhos tempos
Sim, estes são tempos estranhos. Esquisitos, bizarros, tristes, assustadores... desafiadores.
Exigem muito de nós. De alguns, exigem o máximo. E, de um jeito ou outro, nos tiram muita coisa. De alguns, tiram quase tudo. Há quem tenha perdido emprego, aulas, dinheiro, segurança, confiança, sonhos e futuro. Pior, há os que perderam a saúde, com grande sofrimento.
Pior ainda, há quem perca pessoas queridas levadas por esse mal ainda imbatível. O causador de tantos males é uma criaturinha minúscula, invisível, maligna e destruidora chamada vírus, com esse sobrenome até bonito: "corona".
E nos mostra, como um tsunami de confusões, contradições, medos e disputas, como um vento sinistro que deixa curvada toda uma humanidade, o quanto somos vulneráveis.
Todas as riquezas do mundo não resolvem o mal universal que nos assola. Podem, sim, financiar pesquisas dos melhores cientistas do mundo, que se empenham desesperadamente nelas. Precisamos conhecer esse inimigo mínimo e imenso, invisível e destruidor, temido como um deus do mal.
Estes são tempos de parar para pensar: difícil, eu sei. O que ando fazendo da minha vida, do meu dinheiro ou da minha necessidade, dos meus amores ou rancores, como estou construindo minha existência ou destruindo o que eu toco?
Estes são, para mim pessoalmente, tempos de impaciência: quero de volta a minha vidinha cotidiana, para receber família e amigos, para nossos almoços habituais, quero sair com alguma amiga, viajar com meu marido, ou simplesmente ficar em casa sem sentir os gemidos de um mundo subitamente atormentado.
Estes são tempos de cifras dolorosas, mortes inacreditáveis e isolamento esquisito: semanas, meses já, muitos de nós fechados em suas casas, curtindo o conforto de seus lares, ou sofrendo horas de conflito e mágoa, agora que temos de estar juntos mesmo que a gente não se suporte.
Estes são dias de angústia e de esperança, de luzes no horizonte ou treva no túnel, notícias felizes ou adiamentos desanimados.
O que fazer em tempos de pandemia, dessa peste moderna?
Talvez o melhor seja cerrar os dentes e fechar as mãos, abrir bem os olhos, e os ouvidos, pois a verdade ajuda mais do que as ilusões.
Mascarados sem fingimento e alcoolizados sem prazer, enfrentamos o não saber cotidiano, de preferência com o coração aberto e o ânimo, seja como for, ainda firme. Até porque não temos outra saída a não ser um discreto, anônimo, surpreendente heroísmo que não sabíamos existir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário