sexta-feira, 12 de junho de 2020



12 DE JUNHO DE 2020

ARTIGOS



AMOR RACIONAL


"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?"

O trecho daquela conhecida música dos anos 80 cogitou a possibilidade de haver amor sem razão, como se o amor pudesse vir exclusivamente do coração. Mas será que o amor é puramente emoção, um sentimento irracional?

Não subestimemos o uso da razão. As emoções têm espaço em nossas vidas, mas precisamos reconhecer seu papel e entender sua natureza. Elas servem de alerta e merecem atenção; porém, por si só, não são capazes de fornecer as informações necessárias e essenciais para a tomada de decisões, como, por exemplo, escolher o par para dividir a vida. Isso porque o amor não equivale a um salto na escuridão.

Não é uma dedicação ao desconhecido, esquecimento ou renúncia de princípios, muito menos abrir mão de quem se é na essência.

Ao contrário, amar é uma decisão, fruto de uma atividade fundamentalmente racional. O amor é o reconhecimento de todos os nossos valores na pessoa amada, é admiração pelas virtudes e respeito pela forma como a outra pessoa conduz a vida. E somente desenvolvemos respeito e admiração - fundamentais para o sucesso de um relacionamento - por quem tenha valores claros de vida, e com os quais compactuamos.

Esses atributos, por certo, não são percebidos pelo coração como se decorressem de um sentimento instintivo ou sensitivo por meio de um músculo irracional.

Apesar da poesia que envolve o assunto, é somente pela atividade racional que se consegue conhecer e reconhecer o outro e, então, amá-lo. E por ser o amor fruto de um exercício mental, ele é uma conquista, ou, como ensina Ayn Rand, é a maior recompensa na vida de uma pessoa.

Sendo o amor uma decisão, parafraseia-se aquela música: existe razão nas coisas feitas por decisão, e ninguém pode dizer que não existe razão.

ROBERTA CONTIN, SERVIDORA PÚBLICA FEDERAL

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