quinta-feira, 11 de junho de 2020


11 DE JUNHO DE 2020
+ ECONOMIA


O mais pessimista

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é chamada de "clube dos países ricos". O Brasil sonha em ser admitido como integrante, mas antes precisa passar por uma espécie de vestibular. No relatório que intitulou "A economia mundial na corda bamba", a OCDE se tornou o organismo internacional mais pessimista sobre o desempenho do Brasil neste ano, ao prever o tombo entre 7,4% e 9,1%.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) havia estimado queda de 5,3%, e o Banco Mundial situou o tamanho provável do tombo em 6%. A grande variação vem da percepção de que há 50% de possibilidade de uma segunda onda de contágio por covid-19, que obrigaria os países a voltar às medidas de isolamento mais drásticas no último trimestre do ano. Conforme a OCDE, as perspectivas são "altamente incertas".

“Na União Europeia, o tema ambiental é essencial”

ENTREVISTA: IGNÁCIO IBÁÑEZ Chefe da delegação da União Europeia no Brasil

Nascido em Paris, o atual chefe da delegação da União Europeia no Brasil, Ignácio Ibáñez, teve em Porto Alegre sua segunda escala na vida, acompanhando o pai, que foi cônsul da Espanha na Capital. Ficou por dois anos, entre 1963 e 1965, quando era pouco mais do que um bebê. Ontem, Ibáñez participou do Live GaúchaZH e afirmou que a análise do acordo UE-Mercosul nos parlamentos nacionais dos 30 países envolvidos deve começar ainda neste ano. E afirmou que o ambiente é um assunto essencial para os europeus. Um dos motivos da conversa foi esclarecer a situação do acordo UE-Mercosul, depois do susto com a moção contrária aprovada pela Holanda na semana passada.

O que ocorreu com a Holanda não foi exatamente a rejeição do acordo, como chegou a ser especulado, foi?

Não, é muito cedo ainda para rejeitar um acordo que ainda não foi apresentado. Ainda estamos na fase de finalização do texto, depois vai ao conselho e depois será apresentado. O que aconteceu no Parlamento dos Países Baixos (a Holanda prefere que se use esse nome, porque Holland é apenas uma região do país) foi uma discussão política sobre temas que preocupam os políticos locais, assim como os da Europa. Tem relação, logicamente, com o acordo e estão relacionados ao cumprimento das políticas ambientais.

Como está o avanço do acordo neste momento?

Estamos na reta final. É verdade que as dificuldades impostas pela covid-19 para reuniões presenciais têm introduzido um pequeno retardo nos prazos, mas estamos mais ou menos no tempo. Nas próximas semanas, estaremos finalizando a revisão. Depois, será submetido ao Conselho (instituição da UE formada pelos chefes de Estado de cada país) e à Comissão (outra instituição, considerada o Executivo da UE, formada por espécies de ministros para assuntos específicos). Só depois o texto pode ser remetido aos países. E o mesmo vai acontecer do lado dos países do Mercosul.

Há expectativa de que possa ir aos parlamentos nacionais até o final do ano?

A ideia é que sim, pensamos que o processo de assinatura, que é o ponto final desse período de negociações, ocorra na segunda parte do ano. Dividimos os anos em duas partes, pois temos uma presidência que muda a cada semestre. Estamos na presidência da Croácia, achamos que na próxima presidência, que é a da Alemanha, deve ocorrer o envio para os parlamentos nacionais.

É possível que haja resistência dos países?

Nos acordos dessa natureza, que são políticos e comerciais, é normal que exista discussão política dentro do parlamento, somos todos países democráticos e isso é bom, pois os parlamentos têm de decidir se o que foi acordado entre as partes pode contar com sua aprovação. O acordo estabelece valores, valoriza a democracia, os direitos humanos, mas também incentiva o desenvolvimento sustentável. Sem dúvida, esses elementos vão ser bem importantes. Na União Europeia, o tema ambiental é essencial. Temas como as queimada na Amazônia e o desflorestamento estarão nos debates políticos. O governo brasileiro está ciente disso e está fazendo esforços, como a criação do Conselho da Amazônia, a cargo do vice- presidente, Hamilton Mourão.

MARTA SFREDO

Nenhum comentário: