06 DE JUNHO DE 2020
RBS BRASÍLIA
Sem protagonismo nem transparência
Além de ter perdido protagonismo, o Ministério da Saúde resolveu abrir mão da transparência. Esse é o recado que o ministro interino, general Eduardo Pazuello, passa quando atrasa a divulgação dos números do coronavírus no país para driblar a audiência dos principais telejornais.
Se dependesse do Palácio do Planalto, essa medida teria sido adotada há mais tempo. No entanto, em sua época, o ministro Luiz Henrique Mandetta fazia questão de manter a rotina que ele mesmo implantou, das divulgações no final da tarde. O começo da estratégia de enfrentamento foi marcado pela revelação sistemática de números e tabelas, acompanhada pela explicação de técnicos. Mas, por mais de uma vez, o próprio presidente da República questionou os dados.
Na sequência ensaiada, apoiadores de Jair Bolsonaro nas redes sociais passaram a levantar dúvidas sobre o número de mortos pela covid-19 por ignorância ou má fé. Afinal, qualquer secretário de Saúde ou cientista que acompanha a evolução da pandemia reconhece o risco das subnotificações.
Militarizada, a atual equipe da Saúde resolveu puxar o freio e fez a vontade do presidente. Estratégia que chamou atenção até do Supremo Tribunal Federal. O ministro Gilmar Mendes fez questão de lembrar que, na pandemia, a divulgação de dados deve estar aberta ao público, aos gestores e à imprensa de forma consistente e ordenada.
A tática do avestruz, de enfiar a cabeça no chão, não transfere ou elimina a responsabilidade do presidente da República. Mas atrapalha quem quer fazer o que é certo.
CAROLINA BAHIA
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