quinta-feira, 4 de junho de 2020



04 DE JUNHO DE 2020
CORONAVÍRUS

Demissões no shopping e no setor aéreo

Carlos Augusto dos Santos levou duas horas de ônibus até o Sine da Avenida Sepúlveda, no Centro Histórico de Porto Alegre. Na mochila, os documentos para dar entrada no auxílio do INSS - a terceira tentativa no mês. Há mais de uma década, o morador da área rural de Viamão não precisava dos serviços de apoio às pessoas desempregadas: foram 13 anos ininterruptos atuando no estacionamento do Shopping Total, no bairro Floresta.

Com 230 mil demissões, o comércio foi o segundo setor que mais fechou postos de trabalho no Brasil em abril. No Rio Grande do Sul, a redução foi a terceira maior, atrás da indústria e do setor de serviços. Ao todo, 19,7 mil trabalhadores perderam o emprego no comércio gaúcho, de acordo com o Caged.

- Vou ter de procurar alguma coisa em Viamão mesmo. Uma pena, eu gostava de trabalhar lá (no Shopping Total) - lamenta.

Sem carro, Carlos Augusto gastava, diariamente, R$ 24 em quatro viagens de ônibus.

- Tenho fé que vou conseguir - promete a si mesmo.

Procurado na segunda-feira, o Shopping Total não se manifestou até o fechamento desta edição.

Voos

Enquanto o mundo fechava as fronteiras, as companhias aéreas viram o número de passageiros cair vertiginosamente. A procura por voos domésticos caiu 93% em abril se comparada ao mesmo período de 2019 - o pior resultado mensal da série histórica da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), iniciada em 2000. Os números são da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e incluem dados das principais operadoras nacionais. Perdendo só para a indústria, o setor de serviços encerrou cerca de 23 mil vagas em abril no Estado.

A situação atingiu diretamente Fábio Goulart Santos. Contratado em 2017, como profissional de rampa, foi um dos demitidos, em cortes que ultrapassam 60% dos funcionários nas seis empresas que operam no terminal gaúcho, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Serviços Auxiliares do Transporte Aéreo (Abesata).

- Meu gerente foi sincero, disse que o movimento caiu muito e que espera, quando voltarem os voos, me contratar novamente. Eu quero muito - explica.

Santos avalia que sua especialização será levada em conta após a retomada do setor:

- As empresas não precisam gastar com treinamento, só uma reciclagem, e isso vai me ajudar.

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