quarta-feira, 4 de dezembro de 2019


04 DE DEZEMBRO DE 2019
OPINIÃO DA RBS

TEMPO PERDIDO NA EDUCAÇÃO


Sem nenhuma surpresa, o Brasil figura outra vez em posições desonrosas nos rankings do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), a mais importante avaliação da educação básica do mundo, aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em alunos de 15 anos de 79 países ou regiões. Os alunos brasileiros até conseguiram em 2018 uma débil melhora nas médias em relação a 2015, de acordo com os resultados divulgados ontem, mas a análise da última década mostra uma frustrante estagnação.

Apenas em leitura o Brasil conseguiu subir uma posição ante 2015, enquanto perdeu lugares em ciência e matemática, o que indica um avanço mais firme de outras nações na tarefa de ensinar as futuras gerações de adultos. De forma trágica, o país segue entre os 20 piores nas três avaliações.

Com o desempenho dos estudantes brasileiros ainda muito abaixo do aceitável, fica cada vez mais evidente que o país optou por um caminho na educação que se revela um fracasso. É preciso rever metodologias e encontrar formas de valorizar professores. Mais do que ampliar os investimentos na área, há necessidade de dar atenção especial para melhorar a qualidade do gasto. Ou seja, a quantidade de recursos alocados para o ensino não é exatamente o problema. A própria OCDE mostrou, em setembro, que o Brasil direcionou, em 2016, o equivalente a 4,2% do PIB para a área, enquanto na média da organização a taxa é inferior, de 3,2%. 

Mas o Pisa mostrou que a tragédia se materializa na constatação de que metade dos alunos brasileiros avaliados parece não compreender o que lê e quase 70% não conseguem atingir o nível 2 do teste de matemática, considerado o básico para uma pessoa ter mínimas condições de autonomia. Sem avanços significativos, passou da hora de o Brasil experimentar novas possibilidades, como criar uma espécie de bolsa-educação, pela qual as famílias poderiam optar pela escola de seus filhos, desde que os recursos fossem exclusivamente investidos na manutenção do ensino escolar.

Os resultados da prova, aplicada em 2018, não têm nenhuma relação com o governo Jair Bolsonaro. Mas pode-se lamentar a postura do ministro da Educação, Abraham Weintraub, ontem, durante a entrevista coletiva para comentar os números. Outra vez preferiu o discurso ideológico à ação. 

Mais culpou o PT do que mostrou propostas para reverter o quadro. Enquanto isso, há poucos dias uma comissão da Câmara dos Deputados apresentou relatório que traça um panorama desalentador na pasta. Resumidamente, as conclusões foram de que há ausência de planejamento para a implementação de iniciativas, sem metas ou cronogramas claros. Mais do que procurar culpados, o que o Brasil precisa, neste momento, é não tardar na busca por soluções. O futuro merece uma atenção maior do que o passado.

OPINIÃO DA RBS

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