Conheça as diferenças entre vinhos de diferentes lugares do mundo e faça bonito nas conversas
30/07/2017 02h00
Cabeçudo, apaixonado, estudioso. Quando você dá "match" com um vinho, isso pode dizer muito.Durante uma tarde, a sommelière Alexandra Corvo, da escola Ciclo das Vinhas, ajudou a sãopaulo na tarefa de ligar "personalidades" às principais uvas e regiões produtoras do mundo.
A ideia é apresentá-las de forma simples e com uma dose de humor —um empurrãozinho para entender melhor como escolher a sua bebida (e com quem quer tomá-la). "É bom sempre observar que o nível de complexidade e qualidade varia de acordo com o produtor dentro de cada região", lembra Alexandra.
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VELHO MUNDO
Com os vinhedos mais antigos, rotula seus vinhos do ponto de vista geográfico; eles podem indicar regiões,cidades e pequenos vilarejos, que produzem sob determinadas regras.
Para os estudiosos: França
Essa é sua praia se você gosta de saber a história de um vinho. Ali nasceu o sistema de denominação baseado na origem, hoje aplicado em toda a Europa. Subdivide-se em diferentes regiões, cada uma com o seu jeitinho. Conheça algumas e escolha a sua.
BORDEAUX
Gosta de impressionar
São famosos os tintos icônicos pela sua estrutura e longevidade feitos (em geral) com corte de cabernet sauvignon e merlot. Tendem a ser estruturados e tânicos, com frutas negras e notas florais no nariz. A combinação local clássica é com carne de caça.
BORGONHA
Busca prazeres refinados
Os tintos (em geral à base de pinot noir) são leves, com notas de frutas vermelhas e flores, taninos delicados e acidez fresca. Bons para carnes e molhos mais delicados. Os brancos têm acidez equilibrada e acompanham queijos de pasta mole e pratos amanteigados.
VALE DO RHÔNE
Tem talento para garimpar
O Sul tem tintos com aromas de frutas maduras e erva secas. É dali que saem ótimas barganhas. No Norte há vinhos intensos à base de syrah, com aroma de violeta, frutas negras e tabaco. Brancos são feitos da uva viognier, rica em aroma de mel
CHAMPANHE
Para um bom entendedor
Só a bebida feita lá pode ser chamada de champanhe. Símbolo da sofisticação, é feita com mistura de variedades (como chardonnay, pinot noir e pinot meunier). Aromas de brioche, pão tostado, giz e cal, com acidez marcante, fazem dela uma bebida mais complexa e exigente.
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Para lusófonos: Portugal
Com uma grande variedade de uvas nativas, como a touriga nacional, o país tem estilos ricos, muito ligados aos climas. A região dos Vinhos Verdes dá brancos refrescantes, enquanto o quente vale do Douro fornece tintos intensos e frutados e brancos gordos e minerais.
As serras frescas do Dão produzem tintos delicados e perfumados e brancos cítricos. O Alentejo, mais quente, dá vinhos com notas de frutas maduras.
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Para os intensos: Espanha
Dominada pela variedade tempranillo (notas de frutas pretas e tabaco) e por clima quente e seco, tem tintos de potência. Conheça as regiões icônicas:
RIOJA
Calorosos
Vinhos tintos intensos, à base de tempranillo, com equilíbrio de acidez e álcool e toque de baunilha. É importante o tempo em barrica de carvalho: de "crianza" (mínimo de seis meses) a "gran reserva" (mínimo de 24 meses).
COSTA MEDITERRÂNEA
Festivos
Nos arredores da cidade de Barcelona está a produção da cava, um espumante que ainda é feito pelo método tradicional. É, em geral, frutado, com um leve toque salino
RIBEIRA DEL DUERO
Para os apimentados
Usa a mesma uva, tempranillo, mas produz vinho mais enérgico, de cor mais escura, mais alcoólico, com frutas negras no nariz, do que os vinhos de Rioja
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Para desbravadores: Itália
É preciso ânimo e coragem para deixar se levar pelas mais de 600 variedades de uvas autóctones (nativas) desse país. Produz uma gama diversa e fascinante de estilos, manifestados em diferentes regiões. Conheça alguns abaixo:
VÊNETO
Apaixonados
Na terra de Romeu e Julieta estão as colinas que produzem o popular Valpolicella, tintos tânicos e leves à base da uva corvina (com aromas de frutas e couro), para quem gosta de picância. Nas cidades de Conegliano e Valdobbiadene está a zona do espumante Prosecco: intenso, frutado, fresco, com toques de maçã e florais. Um clássico da sedução.
PUGLIA
Acalorados
Uma das regiões mais quentes do país é de onde vem a variedade primitivo, com notas de café e cardamomo, que produz vinhos robustos e potentes.
PIEMONTE
Ama um clássico
Terra de alguns dos vinhos mais reverenciados da Itália, Barolo (mais austero) e Barbaresco (com firmeza e também frutosidade presente). Nebbiolo é a variedade que dá estrutura e tanino a ambos. Se quiser algo mais fácil de tomar, vá de Barbera e Dolcetto.
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NOVO MUNDO
A partir do século 20, novas regiões vinícolas começaram a surgir fora da Europa. Nesta época, rótulos começaram a indicar o nome da principal variedade da uva usada. Mergulhe nesta tradição.
Para quem sabe o que quer: Argentina
Apesar da malbec ter sua origem na França, o vinho feito com essa uva (de contornos ricos, maduros, aveludados e aromáticos) é a assinatura da Argentina —e sucesso indiscutível entre os brasileiros. A maior parte da produção vem de Mendoza, região quente e seca, onde as vinhas são irrigadas pela neve andina derretida.
O país também produz tintos de outras variedades. Entre os brancos, destaque para os feitos com a uva chardonnay, que são cheios, ricos e alcoólicos.
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Para os prontos para o novo: Brasil
Vinhos pouco conhecidos entre os próprios brasileiros, mas com um grande potencial pela frente. Na Serra Gaúcha está a maior e mais importante região vinícola do país, terra de espumantes que fazem a fama do Brasil.
Outro destaque é o Vale dos Vinhedos, que produz, além de espumantes, tintos de médio corpo e também estruturados. Mais acima, Santa Catarina produz tintos "minerais e longevos e rosés bem estruturados", explica Igor Colleta, do Red Buteco. No Vale do São Francisco, no Nordeste, estão tintos e brancos, com destaque para vinhos feitos com moscatel.
Para ficar de olho: vinícolas paulistas, como a premiada Guaspari, e mineiras, vêm surpreendendo com resultados promissores e inesperados, por sua localização.
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Para os descomplicados: Austrália
Com o início da produção no final da década de 1980, o país tornou-se um dos exportadores mais ativos do mundo, segundo a crítica Jancis Robinson. A shiraz (como ficou conhecida por lá a uva syrah, que nasceu no Vale do Rhône, na França) é a principal variedade.
Produz vinhos com notas de geleias e frutas vermelhas, alcoólicos e macios, capazes de agradar em diferentes situações. Entre os vinhos brancos, estão opções feitas com a uva riesling, marcada pelo frescor, acidez e notas florais.
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Para os enérgicos: EUA
São o quarto maior produtor de vinho do mundo. A Califórnia é a superpotência naquele país. Origina tintos e brancos intensos e frutados, capazes de aplacar a vigorosidade de qualquer um. Sua variedade mais importante é a cabernet sauvignon, como os encontrados no Napa, alcoólicos, com uvas maduras e presença de taninos.
Mas tintos feitos com a uva zinfandel, com notas de frutas secas e especiarias, também ganharam importância ali. Os brancos, que passam em barrica, são cremosos, gordurosos e mais parrudos.
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Para os inseguros: Chile
Porto-seguro da América do Sul e comercialmente robusto, o país conseguiu fazer sua fama entre os brasileiros. Tinha sua produção concentrada ao redor de Santiago, mas está expandindo as fronteiras em direção ao Pacífico, ao extremo sul e ao norte.
Em geral, tem tintos encorpados, tânicos, à base de cabernet sauvignon, com aromas de tabaco, frutas negras e eucalipto. A carmenère, variedade quase exclusiva do país, produz vinhos macios com notas de páprica. Entre os brancos, são boas pedidas os da zona costeira, feitos com uvas clássicas como sauvigon blanc, com aromas vegetais e minerais.
Outras fontes: "Wine Folly - O Guia Essencial do Vinho" (Madeline Puckette e Justin Hammack), "Expert em Vinhos em 24 Horas" (Jancis Robinson) e "Atlas Mundial do Vinho" (Hugh Johnson, Jancis Robinson)
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