quinta-feira, 20 de julho de 2017

Governo autoriza BNDES a comprar ações da estatal de saneamento do Rio.

André Telles
Governador Luiz Fernando Pezão (dir.) assina acordo com presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro
Governador Luiz Fernando Pezão (dir.) assina acordo com presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro
PUBLICIDADE
O presidente Michel Temer autorizou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a comprar ações da Cedae, estatal de saneamento e abastecimento de água do Rio, no valor de cerca de R$ 3 bilhões. A medida deve ser tomada para socorrer o caixa do governo fluminense, que enfrenta uma grave crise financeira há mais de um ano.

Para ser concretizada, a medida ainda passará por análise no BNDES, com o governo do Rio e com a Cedae. O ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) se reunirá na próxima segunda-feira (24) com a cúpula do banco e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) para ajustar os detalhes da proposta.

A operação prevê que o banco, via seu braço de investimentos BNDESPar, compre ações da Cedae e, nos próximos meses, finalize a privatização da companhia. A compra de ações funcionaria como uma antecipação de recursos para o Rio, que deverão ser usados para o pagamento de salários de servidores e de fornecedores.
Originalmente, foi discutida uma proposta de captação de empréstimo no valor de R$ 3,5 bilhões com um grupo de bancos privados. O empréstimo teria garantia do Tesouro Nacional e as ações da Cedae funcionariam como uma contragarantia à União.

Se prosperar, a operação com o BNDESPar tem como vantagem o fato de ser mais rápida e mais barata para o Rio, uma vez que, a rigor, não seria um empréstimo, mas uma sociedade. O governo do Estado e o BNDES vão estudar se há limitações legais para a operação e também se há risco de elevada concentração do banco estatal na companhia.

Um facilitador é que o BNDES já está estruturando a privatização da empresa e, por isso, tem acesso a todas as informações para calcular o valor das ações da companhia. O dinheiro arrecadado com a privatização deverá servir para pagar de volta o BNDES. Se a venda for maior que os R$ 3 bilhões desembolsados, o dinheiro será repassado ao Estado do Rio.

Temer se reuniu na terça-feira (18) com o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, e com o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) para discutir o assunto, e deu sinal verde para que a operação vá adiante.

As negociações para o socorro da União ao Rio exigiam como contrapartida a privatização da estatal de água e saneamento. Em troca, o Rio poderá suspender por pelo menos três anos o pagamento das parcelas da dívidas do Estado com a União.

"O governo do Rio precisa abrir mão de ativos para melhorar sua condição financeira e atender à sociedade", afirma o ministro Moreira Franco. 

Nenhum comentário: