sexta-feira, 21 de julho de 2017

O imposto e o abismo

Ueslei Marcelino/Reuters
Brazil's interim President Michel Temer reacts during ceremony for the new rules of the program "Minha Casa Minha Vida" at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil July 14, 2016. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: BSB33
O presidente Michel Temer em evento no Palácio do Planalto
BRASÍLIA - O aumento do imposto do combustível mostra que existe um abismo entre a propaganda do governo e a situação real da economia. Diante dos microfones, o presidente Michel Temer diz que o país voltou aos trilhos. No silêncio dos gabinetes, a equipe econômica admite que as contas estão longe de fechar.

No ritmo atual, seria impossível cumprir a meta de R$ 139 bilhões de deficit. O governo asfixiou a máquina e parou até a emissão de passaportes, mas a arrecadação continuou muito abaixo do esperado. Para tapar o rombo, vai apelar ao remendo de sempre: tungar o contribuinte.

Em nota conjunta, os ministérios da Fazenda e do Planejamento afirmaram que o aumento do imposto do combustível é "absolutamente necessário" para preservar o ajuste fiscal e manter a "trajetória de recuperação da economia brasileira".

Todos sabem que a crise fiscal foi gerada no governo Dilma Rousseff, mas Temer já teve mais de um ano para mostrar resultados. Parte da encrenca atual é fruto da decisão do presidente de conceder aumentos polpudos ao funcionalismo.


Só neste ano, a despesa adicional com salários e aposentadorias de servidores já ultrapassou a casa de R$ 12 bilhões. Isso não inclui o gasto extra para agradar deputados e barrar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente. Nesta quinta, Temer voltou a vender otimismo e fazer elogios a si próprio. Em solenidade no Palácio do Planalto, ele disse que o Brasil "não parou" e chamou os críticos do governo de "arautos do catastrofismo".


Haja autoestima.
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Em maio, Sérgio Sá Leitão divulgou foto com um procurador da Lava Jato no lançamento do livro "A Luta Contra a Corrupção". Dois meses depois, ele aceitou convite para ser ministro da Cultura. Vai integrar um governo repleto de investigados e terá como chefe um presidente acusado de corrupção. 

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