Prefiro que as urnas julguem Lula, a não ser que achem 'batom na cueca'
Pedro Ladeira - 5.jul.2017/Folhapress | ||
Ex-presidente Lula é condenado a nove anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro |
Prefiro que Luiz Inácio Lula da Silva seja julgado pelos eleitores, no pleito presidencial de 2018, do que impedido de concorrer por uma decisão judicial.
A menos, óbvio, que as investigações sobre o ex-presidente cheguem a um "batom na cueca", caso em que merece ser condenado e preso. Explico minha preferência, por partes. O que está comprovado até agora no que diz respeito a Lula:
1- Que a Petrobras foi o epicentro de um gigantesco esquema de corrupção, durante o governo Lula (e também com Dilma Rousseff). As provas, nesse capítulo, são caudalosas, inclusive e principalmente a confissão de ex-diretores e devolução de dinheiro. Ninguém devolve dinheiro auferido legalmente. Se Lula participou do esquema de corrupção, não sei. Mas chefe que deixa roubar é sempre culpado.
Que Lula sabia da corrupção, prova o fato, confessado por ele próprio, de que cobrou Renato Duque sobre o esquema montado na empresa estatal.
2- Que o PT "se lambuzou" com a corrupção é também fora de dúvida. A expressão "lambuzou-se" não é do juiz Moro, mas de Jaques Wagner, um dos principais cardeais petistas. Lula, como principal liderança do partido, pode até ser inocente de tudo, mas, mesmo que o seja, demonstrou não controlar o apetite voraz de seus companheiros.
Ou é conivente ou omisso.
3- Que há uma escandalosa promiscuidade entre Lula e a Odebrecht e a OAS, entre outras construtoras.
Lula se transformou em caixeiro viajante a serviço da Odebrecht, uma empresa que confessa ter adotado "práticas impróprias". Só Lula não sabia dessas práticas? O ex-presidente, no cargo ou depois de deixá-lo, nunca escondeu que "vendia" empresas, produtos e serviços brasileiros em outros países, entre eles principalmente a Odebrecht. Ou, posto de outro modo, a corrupção transformou-se, com Lula, em produto de exportação, de que dá prova, entre tantos outros fatos, o pedido da Procuradoria do Peru para que seja preso o ex-presidente Ollanta Humala, justamente pelo envolvimento com a construtora.
É escandalosa a familiaridade com que Lula se referia, no depoimento a Moro, ao "Leo", que vem a ser Leo Pinheiro, presidente da OAS, que se deu ao trabalho de sair do seu escritório para servir como corretor para vender (ou doar) um apartamento a Lula.
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