Volantio pode acabar com a praga do overbooking das companhias aéreas
Huang Zongzhi/Xinhua | ||
Avião da United Airlines |
O governo não tem maioria para derrotar a oposição e ela ainda não tem votos para detonar Michel Temer. Rodrigo Janot admitiu em Washington que, mesmo havendo bambus, pode ser que lhe faltem flechas.
Na imensa lista de temas encruados e aparentemente insolúveis, havia mais um, sem qualquer conexão com a política: o das companhias aéreas que vendem um número de passagens superior ao da lotação do avião, o insuportável overbooking. Ele azucrina a vida de passageiros de todo o mundo e abalou a imagem da United Airlines com o vídeo de um médico sendo retirado à força de um avião. É provável que esse problema aparentemente insolúvel tenha sido resolvido, com uma novidade que poderá melhorar a vida da indústria do transporte aéreo.
A United começou a operar um programa desenvolvido pela Volantio, uma pequena empresa de Atlanta, criada por dois conhecedores do mercado. Nada a ver com jovens de camiseta preta que abandonaram a faculdade e trabalharam na garagem de casa. Azim Barodawala, um dos sócios, formou-se com louvor numa boa universidade e pensou em se especializar em assuntos brasileiros. Desistiu, mas fala português.
Pelo sistema americano, quando um avião está lotado a companhia oferece um prêmio a quem desistir da viagem. Se o problema persistir, passageiros podem ser retirados de seus lugares. (Foi o que aconteceu com o médico no voo da United e deu no que deu.)
O programa desenvolvido pela Volantio parte de uma ideia simples. Em vez de oferecer a troca quando o passageiro já está no aeroporto, isso é feito até cinco dias antes, para clientes que se cadastraram no programa da empresa aérea. O sujeito vai viajar na terça-feira e, uma semana antes, recebe uma mensagem oferecendo-lhe um bônus (US$ 250, por exemplo) para trocar de voo, às vezes para o mesmo dia. A antecedência da proposta elimina o transtorno causado pela surpresa.
Num cenário ótimo, o freguês tem o bilhete para o voo das 10h e recebe a oferta de um bônus equivalente à metade do que pagou, para voar às 21h. Feita a permuta, todo mundo ganha: o passageiro que precisa voar às 10h chega a tempo ao seu destino; a empresa, porque lhe vendeu o bilhete pela tarifa cheia; e o freguês, que trocou de voo sem transtorno, pagou uma mixaria pelo bilhete. Se ele fizesse a permuta no aeroporto, ralaria uma espera de nove horas no saguão.
À primeira vista, o Volantio enfrenta o problema do overbooking, mas olhando-se melhor, ele cria um sistema de leilão de assentos para a freguesia cadastrada. Normalmente, o mercado aéreo enche os voos vendendo assentos aos mais diversos preços, pois a pior coisa que pode acontecer à empresa é voar com a poltrona vazia. Barodawala calcula que esses lugares que não foram vendidos custam ao setor algo como US$ 80 bilhões anuais.
Com o novo programa, a United tenta espanar a urucubaca que lhe foi trazida pelo caso do médico retirado do avião e pela prepotência de seu presidente, que praticamente se solidarizou com a meganha da cena. A Volantio já fechou acordos com quatro outras empresas.
Quando coisas que deviam ter dado certo dão errado, o caso da Volantio é um refresco para a alma. Afinal, a pergunta fica no ar: por que eu não tive essa ideia?
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