No país dos 30 dedinhos, até CNH no celular é progresso
José Cruz /Agência Brasil | ||
Imagem mostra leitura de código implantado em habilitações; versão digital começa a valer em 2018 |
SÃO PAULO - Tem que tirar carteira de identidade? O Estado brasileiro vai escanear seus dez dedos. Está querendo passaporte? O Estado pedirá suas digitais novamente. Precisa votar? O Estado fará seu registro biométrico uma vez mais.A novela recente com os passaportes é um lembrete de como nossa modernidade é atrasada.
Não só pela falta de emissão de um documento de alto custo, R$ 257 (um inglês, com renda quase cinco vezes maior, faz o seu por R$ 299). Nem só porque o dinheiro arrecadado dá e sobra para bancar a operação.
O agendamento ordeiro do pedido na PF não oblitera o fato de que, superada a barreira orçamentária, o governo exigirá das pessoas dados que o Estado já registrou, como provar que está em dia com a Justiça Eleitoral e o serviço militar.
Nossa vida em preto e branco aparece com nitidez na imensa repercussão que têm novidades como a carteira de habilitação no celular ou a CNH servindo de RG mesmo vencida.
Progresso real, porém, é lento. A identidade única, sancionada neste ano, deve vigorar só em 2022 —e uma previsão de cinco anos por aqui vale o mesmo que um bilhete de loteria. A escala populacional não é boa desculpa, como mostram as duas referências mundiais no assunto.
Uma delas, com 1,3 milhão de habitantes, é o país mais digitalmente avançado do mundo, onde a identificação única faz também as vezes de cartão bancário e permite votação online: a Estônia.
Outra é a Índia, com 1,3 bilhão de habitantes. Vai se tornar a nação mais populosa de todas tendo registrado digitais e íris das pessoas num sistema chamado Aadhaar, de grande utilidade para políticas sociais.
O mundo anda mais rápido do que nós. Nesta semana mesmo, no tour de João Doria pela China, a administração paulistana pôde testemunhar como os chineses vão acelerados: na cidade de Yinchuan, o Bilhete Único é o próprio rosto do morador.
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