quarta-feira, 19 de julho de 2017


Antigo bordel de Lisboa vira barzinho descolado e com área secreta para peça de teatro

POR GIULIANA MIRANDA

O número 38 da Rua Nova do Carvalho —também conhecida como rua Cor-de-rosa —, em Lisboa, faz a cabeça dos visitantes da cidade há mais de um século.
Enquanto nas décadas passadas funcionava por lá um agitado prostíbulo, muito frequentado por marinheiros devido à proximidade do porto, hoje o local abriga um dos bares mais descolados da cidade. A casa foi sugestivamente batizada de Pensão do Amor, em alusão ao passado repleto de safadeza do edifício.
Inaugurado em 2011, o local vem se consolidando, verão após verão, como um dos points da noite Lisboeta, tendo uma boa mistura de turistas e locais.

Um dos espaços da Pensão do Amor | Crédito: Divulgação
Um dos espaços da Pensão do Amor | Crédito: Divulgação

Um dos principais atrativos, além do ambiente burlesco, é carta caprichada de drinks e o ambiente pé-balada com música de eclética.
Como a noite nas discotecas de Lisboa só costuma esquentar por volta das 2h da manhã, a Pensão do Amor e muitos dos outros barzinhos da região do Cais do Sodré costumam ser a primeira parada dos baladeiros.
História da prostituição 
Uma novidade deste verão é o espaço para o teatro —também seguindo o clima erotizado da casa—, que explora salas subterrâneas antes fechadas para o público.
O espetáculo “Alice nos país dos bordéis” se passa em 19 de setembro de 1962, quando o ditador António Salazar ordena o fim da prostituição em Portugal. A profissão era legal no território português desde que as prostitutas cumprissem o chamado “estatuto das matriculadas”: passassem por exames médicos semanais e tivessem uma espécie de caderneta de trabalho.

A atriz Sofia de Portugal posa no cenário da peça | Foto: Fernando Mendes/Divulgação
A atriz Sofia de Portugal posa no cenário da peça | Foto: Fernando Mendes/Divulgação

A peça acompanha a história de Alice, uma famosa prostituta que chefiava o bordel local, no dia da proibição e faz um verdadeiro mergulho na história das mulheres que recebiam os marujos em troca de dinheiro.
A autoria é do jornalista Roger Mor, que fez uma longa pesquisa sobre a história do sexo em Portugal para a criação do Museu Erótico de Lisboa.
No monólogo intimista, revezam-se no papel Sofia de Portugal e Francisco Beatriz (não é divulgado, antes da sessão, quem representará Alice).

Os atores Sofia de Portugal e Francisco Beatriz se revezam no papel de Alice | Foto: Fernando Mendes/Divulgação
Os atores Sofia de Portugal e Francisco Beatriz se revezam no papel de Alice | Foto: Fernando Mendes/Divulgação

Experiência gastronômica
A experiência burlesca da Lisboa da década de 1960 ganha ainda uma componente gastronômica.
Há a opção de emendar a peça em um jantar, estilo menu-degustação, também em um espaço do subterrâneo da pensão do Amor também fechado para o público.
Criado pelo chef Guilherme Spalk, o menu “Abre a boca e fecha as pernas” é repleto de surpresas e mistura sabores tradicionais e modernos.

Chef Guilherme Spalk em ação no balcão secreto onde acontece o jantar | Foto: Giuliana Miranda
Chef Guilherme Spalk em ação no balcão secreto onde acontece o jantar | Foto: Giuliana Miranda

A louça de porcelana artesanal feita especialmente para o espetáculo e a harmonização com vinhos brancos portugueses completam a experiência.

Serviço

Pensão do Amor
Rua Nova do Carvalho, 38
Cais do Sodré, Lisboa
Aberto todos os dias
Alice no país dos bordeis: peça para maiores de 18 anos
– Duração: cerca de 25 minutos
– Sessões de quarta a domingo entre as 18h30 e as 21h30
– Sessões especiais com jantar (2 horas duração) : 20h (inglês); 21h (português)
– Preços: espetáculo 6€; espetáculo com jantar 69€
– Ingressos e e informações: pensaoamor.bol.pt
– Até 4 de Agosto de 2017

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