segunda-feira, 24 de julho de 2017

Caixa tenta atrelar serviços a saque do FGTS

Nilton Cardin/Folhapress
Fila em agência da Caixa Econômica em São José dos Campos (SP), para saque de contas inativas do FGTS
Fila em agência da Caixa Econômica em São José dos Campos (SP), para saque de contas inativas do FGTS
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Trabalhadores com direito a sacar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) afirmam que foram pressionados por funcionários da Caixa para contratar serviços do banco como condição para a liberação do dinheiro.

Há também relatos de oferta inadequada de produtos para aplicação do dinheiro, como informar que planos de previdência privada são isentos de taxas e impostos.

O pagamento do FGTS, seja das contas inativas ou por demissão sem justa causa, é um serviço público prestado pela Caixa e não pode ser atrelado a nenhum outro tipo de contratação de produtos financeiros.

Por mais que Hadassa Praciano Matos, 29, tenha argumentado isso com funcionário da Caixa em agência no Ceará, quando foi sacar o dinheiro das contas inativas, não venceu a queda de braço. Acabou contratando um seguro residencial sem desejar.
Eram R$ 2.400 no FGTS, mas Matos deixou R$ 120 no seguro, 5% do valor do benefício trabalhista acumulado ao longo de anos. "A funcionária disse que o sistema só libera o FGTS se você adquire algum tipo de seguro. Eu adquiri para sair de lá. Eu sei que não é verdade."

Agora ela tenta cancelar o produto na central de atendimento e reaver o dinheiro.
Ana Paula Viana decidiu abrir uma poupança para receber o FGTS inativo. Como foi a uma agência em um sábado, acreditava que não poderia fazer a transferência do valor para outro banco. Era possível agendar transferências no sábado, e o dinheiro cairia na conta em outra instituição no dia útil seguinte.

Além de não informar que poderia fazer a transferência, o atendente condicionou a abertura da caderneta à compra de um plano de previdência, que, por sua vez, tinha um seguro embutido. Quando tentou cancelar, ouvir que precisaria esperar 60 dias e mesmo assim não receberia reembolso integral.

O ProconSP diz que a prática de obrigar o consumidor que for sacar o FGTS a comprar ou contratar qualquer outro produto ou serviço bancário é abusiva.
"O banco pode até oferecer a contratação de um serviço, mas não pode vincular o saque do FGTS a essa contratação. O consumidor só aceita se for de seu interesse."

O ProconSP recomenda que o trabalhador se negue a contratar qualquer produto que não deseje e que recorra aos órgãos de defesa do consumidor caso tenha pago por um serviço nessas condições.

Ranking de reclamações do BC mostra a Caixa como a instituição com mais queixas de clientes entre abril e junho, um salto ante a terceira posição, ocupada no começo do ano, quando o dinheiro do FGTS começou a ser liberado.

OUTRO LADO

Procurada, a Caixa disse que "os casos não coincidem com a política de atendimento do banco" e que "não vincula ou condiciona, sob nenhuma hipótese, a liberação dos recursos do FGTS à aquisição de outros serviços ou produtos financeiros".

O Banco Central diz que não recebeu reclamações relacionadas a saque do FGTS. 

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