terça-feira, 18 de julho de 2017


18 de julho de 2017 | N° 18900
ARTIGO | DENIS LERRER ROSENFIELD

FIM!

Não é nada trivial que um ex-presidente seja condenado pelo que fez durante a sua gestão. E o foi, com uma sentença perfeitamente argumentada e apresentada. As provas nela abundam, sendo de nenhuma serventia a demagogia de quem se diz perseguido. Seus advogados jamais se debruçaram verdadeiramente sobre o seu processo, preferindo a via política, como se essa pudesse ser a sua salvação. Talvez não tivessem outra saída, pois a evidência dos crimes os teria dissuadido de sua defesa. Em todo caso, escolheram a tergiversação e não o esclarecimento.

Eleições não são feitas para a absolvição de criminosos. Isto é tarefa da Justiça, independentemente do que os insatisfeitos pensem dela. A escolha pelas urnas dos governantes e dos representantes políticos segue todo um rito legal, tendo, entre outras condições, que os condenados em segunda instância não possam disputar eleições.

A título de hipótese, considere-se que criminosos pudessem disputar eleições. Narcotraficantes, dotados de grandes recursos, poderiam, assim, escapar da prisão. Teriam um salvo-conduto, digamos, “democrático”. Logo, não é uma formulação séria arguir que Lula, condenado, deveria disputar eleições de qualquer maneira. Seria nada mais do que postular uma aliança entre o autoritarismo e a criminalidade.

O PT está na encruzilhada. Poderia ter optado por outra via. Uma escolha possível poderia ter sido o reconhecimento dos crimes cometidos, acompanhado de um pedido de perdão. Quiçá seus eleitores e simpatizantes pudessem ter-se compadecido e atribuído esses crimes à sua inexperiência no exercício do poder e aos desvios de seus dirigentes. Teria sido uma aposta na renovação a partir de uma verdadeira autocrítica.

Contudo, o partido tomou outro caminho, o da negação, da mentira e da falsidade. Está atrelando o seu destino a um líder que passará os próximos meses, assim como passou os últimos, negando o que fez. Seu futuro imediato será prestar contas à Justiça. E essa não dá sinais de arrefecer.

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