domingo, 10 de maio de 2009


Texto • Liane Alves

Diálogos com o anjo

Uma forma simples de entrar em contato com o que existe de mais profundo em você. Bom recurso para transformar dores, aliviar o coração e estabelecer novas metas de vida, passo a passo.

Um livro intrigante, Diálogos com o Anjo, traz uma mensagem de alegria e esperança para a humanidade que, segundo sua visão, agora desperta para um nível de consciência superior. Ele fala do florescimento de um Mundo Novo e o mais extraordinário desse texto é que, acredita-se, foi ditado por um anjo, ou um grupo de anjos, para quatro jovens húngaros, em plena Segunda Guerra Mundial.

Um pouco antes da invasão nazista na Hungria, já durante a guerra, esses quatro amigos resolvem se retirar para o campo para refletir sobre o motivo que levava os homens a matar. Liam textos sagrados de várias tradições espirituais, como o indiano Bhagavad Gita, as palavras de Lao Tsé que fundamentam o taoísmo ou os evangelhos do Novo Testamento, embora só uma integrante do grupo, Gitta Mallaz, fosse cristã.

Foi quando, de repente, uma jovem judia se pôs a falar em nome de um anjo, com um conhecimento e uma compreensão muito além de suas capacidades. Gitta começou a anotar freneticamente os ensinamentos que eram ditados.

O tom do texto é de revelação de um conhecimento sagrado. Muitas vezes as palavras do anjo são cortantes, diretas. Ou densas -- pode-se meditar durante horas em cima de uma única frase do livro. Os depoimentos variam de acordo com as perguntas que os jovens formulam a esse ser espiritual.

Com o desenrolar da guerra, Gitta Mallasz resolveu esconder seus amigos, e outras dezenas de judeus, em sua fábrica de uniformes, onde supostamente eles trabalhavam como costureiros. Como no filme A lista de Schindler, ela acobertava várias fugas e seus funcionários viviam num eterno rodízio. Desconfiados, os nazistas a interrogaram exigindo que ela dissesse os nomes de cada um dos seus 72 empregados, já que eles trabalhavam ali há tanto tempo. Gitta, sem saber o que responder, teve uma iluminação súbita.

Começou a declinara os 72 nomes de Deus. Todos ligados a um anjo diferente, segundo a tradição cabalística judaica. Por um tempo, foi deixada em paz.

Já no final da guerra, quando a fábrica estava prestes a ser invadida pelos oficiais da SS, a temível força secreta de elite nazista, os próprios soldados rasos alemães auxiliaram na fuga dos empregados, inclusive a de seus três amigos judeus. Mas ao ver que Gitta responderia por eles com sua própria vida, voltaram. Foram imediatamente deportados para campos de extermínio e mortos. Gitta sobreviveu.

Fez várias palestras no Instituto Jung, de Zurique, na Suíça. Segundo a concepção da psicologia junguiana, é possível, sim, acessar uma parte superior e mais iluminada de cada um de nós, que pode ser chamada de daimom. Ele a chamava de intuição genial – gênio era um outro nome antigamente utilizado para anjo.

As palestras de Gitta Mallasz fizeram tanto sucesso que ela lançou o livro com suas anotações e, posteriormente, mais quatro publicações onde ensinava o trabalho espiritual ali desenvolvido.

Com a implantação do comunismo na Hungria, exilou-se na França. Nos últimos dez anos de sua vida, morou com os seus discípulos franceses mais próximos, o casal Bernard e Patrícia Montaud. Gitta morreu com 85 anos, lúcida e consciente de que havia cumprido sua missão na vida.

Não li ainda, mas acredito que deva ser muito gostoso de lê-lo.

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