sexta-feira, 4 de julho de 2025


04 de Julho de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

A imagem de Lula e do Brasil no mundo

O sonho de Lula é ser protagonista mundial. É a serviço desta ambição que o Brasil liderou por 13 anos a missão de paz das Nações Unidas no Haiti. Naquele tempo, o presidente saído do chão de fábrica para o Planalto chamava atenção nos tapetes vermelhos dos fóruns internacionais. Era descrito como "o cara" por Barack Obama. E, não fosse a patrola da Casa Branca, que mostrou quem realmente manda no mundo, teria chegado a um acordo para neutralizar o processo de enriquecimento de urânio do Irã, em 2010.

O problema é que, enquanto Lula estava preso e Jair Bolsonaro tornava o Brasil pária internacional, a geopolítica mudou. O slogan "Brasil voltou", após anos de ostracismo na política externa do chanceler Ernesto Araújo, era feito mais de passado do que de presente. O mundo não estava mais de olho nos emergentes do Sul Global. O que importava, agora, era a China.

O protagonismo de Lula III foi erodindo a partir de equívocos ideológicos e da verborragia presidencial, que atropela o profissionalismo do Itamaraty. Nos dois conflitos atuais, na Ucrânia e no Oriente Médio, Lula culpabilizou as vítimas, no mínimo equiparando, em grau de responsabilidade, invasor e invadido, autores e inocentes.

A tomada de lado inviabilizou o principal pré- requisito da cadeira de um mediador: a neutralidade. Bolsonaro e Lula tiveram suas imagens internacionais corroídas pelo destrato da democracia - o primeiro, com ataques, o segundo com relativizações.

Oportunidades nos blocos

O retrato de decadência foi pintado pela revista britânica The Economist, no último fim de semana, apontando o Brasil como irrelevante em debates geopolíticos centrais. Lula é presidente do Brics, um bloco que se tornou um clube de autocratas, como Vladimir Putin, Xi Jinping e Abdel Fattah al-Sisi, de torturadores sauditas e de apoiadores do terrorismo, como os aiatolás do Irã.

O cambaleante Mercosul é uma oportunidade de colocar o pescoço para fora da água e liderar pelo exemplo, ao menos no concerto entre hermanos - rejeição explícita a ditaduras e ao terrorismo e a defesa intransigente da democracia seriam um bom começo. Mas a prova de fogo virá em novembro na COP30, em Belém. Falta pouco tempo - e não será com a incoerência de quem faz um discurso verde lá fora, mas apoia a exploração de petróleo aqui dentro, que se reconquistará o respeito perdido. _

Encontro com Cristina Kirchner

Durante passagem pela Argentina ontem, Lula aproveitou para visitar a ex-presidente do país, Cristina Kirchner, que está em prisão domiciliar em Buenos Aires.

Em uma publicação nas redes sociais, Cristina comparou sua situação jurídica à vivenciada por Lula no Brasil, quando o brasileiro foi condenado a 12 anos e um mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um triplex no âmbito da Operação Lava Jato - acusações que foram posteriormente anuladas. Já Cristina foi condenada a seis anos por fraude administrativa em prejuízo do Estado durante seus anos de governos, entre 2007 e 2015, caso que ficou conhecido como "Vialidad".

Nas redes sociais, Cristina afirmou que ambos foram vítimas de uma "guerra jurídica". _

São Leopoldo busca experiência na Alemanha

O prefeito de São Leopoldo, Heliomar Franco, cumpriu agenda ontem em Bad Neuenahr- Ahrweiler, no oeste da Alemanha. A cidade enfrentou, em 2021, uma catástrofe climática semelhante à vivida em 2024 no RS. A comitiva brasileira visitou projetos de proteção contra enchentes para conhecer soluções aplicadas no local.

Franco esteve no Instituto Aufbau- und Entwicklungsgesellschaft, onde se reuniu com o prefeito da cidade alemã, Guido Orthen. A missão internacional segue até terça-feira. Segundo o prefeito, o objetivo é conhecer as iniciativas alemãs e avançar no plano Desenvolvimento de um Conceito de Gestão Integrada de Enchentes no Rio dos Sinos. _

Cufa-RS na Europa

A Central Única das Favelas do Rio Grande do Sul (Cufa-RS) participa de dois eventos internacionais voltados à inovação social, desenvolvimento sustentável, justiça climática e inteligência artificial. Entre hoje e amanhã, a entidade está presente na Expo Favela Paris, na França.

Entre os dias 8 e 11, a organização vai para o AI for Good Summit, em Genebra, na Suíça.

A iniciativa em Paris tem como objetivo conectar empreendedores de favelas a redes de negócios, investidores e organizações sociais de diversos países. Já o encontro em Genebra é promovido pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) e reúne mais de 40 agências ligadas à ONU. _

História política do Estado

Um período pouco lembrado da história gaúcha é tema do novo livro do escritor Alcy Cheuiche. Trata-se da primeira sessão da Assembleia Legislativa do Estado, que tinha entre os eleitos Bento Gonçalves e Padre Chagas. O entrevero em plenário é resgatado pelo historiador no livro O alvorecer da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e a Revolução Farroupilha (Almalinda Sonhos Editoriais). São embates desconhecidos até mesmo pela Casa, onde somente agora, nos 190 anos do 20 de abril de 1835, estão sendo colocados em placa os nomes dos primeiros deputados. A obra é ilustrada por Gilmar Fraga, de ZH.

O lançamento será na terça-feira, no Salão Júlio de Castilhos da Assembleia, às 18h. 

INFORME ESPECIAL

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