sexta-feira, 12 de outubro de 2018


09 DE OUTUBRO DE 2018
INFORME ESPECIAL

O VEXAME DAS PESQUISAS

Foi um fiasco. As pesquisas erraram onde não poderiam errar. Dois exemplos vergonhosos: a eleição de Luis Carlos Heinze ao Senado pelo RS e o naufrágio de Dilma Rousseff em Minas Gerais. Romário, Carmen Flores, Wilson Witzel e outros tantos nomes que, subitamente, afundaram ou emergiram vitoriosos das urnas, sem que os institutos fossem capazes de perceber antes.

A favor deles, pesam os acertos na eleição presidencial e em vários Estados, entre eles o RS. Mas as pesquisas se tornaram tão centrais no processo de escolha democrática, que não podem mais dar-se ao luxo de errar. É como se um médico se equivocasse em diagnósticos sucessivos e usasse os acertos em outros casos para se justificar.

Não acredito que haja intenção de manipulação ou de erro. É pura incompetência, que passa pela construção das amostras. As pesquisas não conseguem detectar a realidade com o grau de eficiência mínimo.

Isso causa um prejuízo não só às candidaturas, mas põe em risco a saúde da democracia. Grande parte dos eleitores olha para as pesquisas antes de se decidir. Se o retrato é distorcido, fica distorcido também o resultado das escolhas.

Jamais pregarei a proibição ou a restrição à realização de pesquisas. Não é esse o ponto. O que devemos fazer é pressionar e cobrar para que elas se aperfeiçoem. O erro faz parte da natureza humana. Magistrados, jornalistas, meteorologistas, médicos. Todos erramos. Mas as consequências dos nossos erros devem ser enfrentadas e as causas, combatidas.

Não é o que noto em relação aos institutos de pesquisa, que usam como escudo argumentos inconsistentes, como a já famosa "mudança brusca nas últimas 24 horas". Isso é pouco para o dano que causam. Talvez a lição para o eleitor seja olhar um pouco menos para a pesquisa e mais para os candidatos.

TULIO MILMAN

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