21 de maio de 2010 | N° 16342
PAULO SANT’ANA
Diálogo cifrado
N ão sei direito o que diziam as duas garotas no fumódromo ontem, mas o fato é que se comunicavam e fruíam com gozo intelectual o seu diálogo:
– Quanto tempo!
– Pois é.
– Tudo bem?
– Levando.
– Ainda assim?
– Tolerando.
– Como estás?
– Antropomórfica.
– Tanto assim?
– Peristáltica.
– Não creio...
– Sorumbática.
– Deveras?
– Entresilhada.
– Pena.
– Dessexuada.
– Pobre!
– Atabalhoada.
– Enfim...
– E tu?
– Cenreira?
– E o sexo?
– Virei comborça.
– Consentida?
– Anuente.
– Cigarro?
– Antitabagista.
– Casamento?
– Antimatrimonialista.
– Política?
– Anarquista.
– Como?
– Antilogista.
– Ah.
– Teu Grêmio?
– Caótico.
– Já meu...
– Inter?
– Sublime.
– Fui.
– Vamos.
Muitos leitores reclamaram que não escrevi nada ontem sobre a derrota do Grêmio contra o Santos. Mas o jogo terminou perto da meia-noite, impossível tecnicamente escrever algo num jornal que está baixando, numa coluna que não é de esporte.
Mas achei o Borges inútil, o Jonas medíocre e o Silas sofrível por não ter escalado nunca o Mailson.
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