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sexta-feira, 7 de maio de 2010
“Ela tinha um coração de ouro”
Francisco dos Santos, deficiente visual ajudado por professora atropelada
A rotina do deficiente visual Francisco dos Santos, 40 anos, prevê cruzar várias vezes por dia a Avenida Benjamin Constant junto à estação de ônibus São João, na zona norte da Capital.
A última travessia diária é feita pouco antes das 20h, quando ele se posiciona na calçada e espera que alguém o leve pela faixa de segurança até o corredor onde pega seu ônibus.
Na segunda-feira, o auxílio veio da professora Maria Paula Amaral Leal, 43 anos. Ela estava com pressa e acabara de cruzar do corredor para a calçada. Mesmo assim, tomou o braço de Santos e deu meia volta até o corredor.
Quando retomava seu caminho, foi atropelada por um motociclista e morreu.
Ontem, ZH encontrou Santos no local exato da tragédia.
Confira, ao lado, trecho da entrevista:
Zero Hora – O que aconteceu na noite do atropelamento?
Francisco dos Santos – Eu estava no bar, onde tinha tomado um cafezinho. Faltavam 10 ou 15 minutos para as 20h, que é quando paro de trabalhar e vou embora. Peguei um cigarro e saí para a calçada. Fiquei esperando na sinaleira até alguém me ajudar a atravessar.
Tinha um monte de gente, mas ninguém ajudou. Fiquei um tempão ali. Ser cego não é mole. Muita gente não tem coração. Então essa professora pegou no meu braço e disse: “Saí lá do outro lado, mas volto”.
ZH – Vocês conversaram alguma coisa durante a travessia?
Santos – Ela só disse que estava com pressa. Foi comigo até o corredor do ônibus. Eu disse “obrigado”, porque sempre agradeço. O que ela fez para mim foi uma boa ação. Ela tinha um coração de ouro.
ZH – O senhor percebeu alguma coisa do acidente?
Santos – Não. Só soube no outro dia. O ônibus chegou na mesma hora e eu embarquei. Não escutei nada. No dia seguinte, de manhã, no bar, me disseram: “a senhora que atravessou com você morreu”. Fiquei triste demais. Deus me livre. Foi um choque. Coitada dessa senhora.
Ela foi fazer uma boa ação e acabou morrendo. Ontem (quarta-feira) um rapaz estava me ajudando a atravessar a Farrapos e estava comentando que tinha sido aluno dela e que ela era uma pessoa e tanto, uma pessoa de Deus. Eu penso nos filhos dela. É brabo perder a mãe assim, de uma hora para a outra, ainda mais na véspera do Dia das Mães.
ZH – Por que o senhor está sempre na estação São João? Qual é a sua rotina?
Santos – Aqui é o meu trabalho. Saio todos os dias de casa às 8h, 8h30min, e venho para cá. Trabalhei 20 anos na Avenida Protásio Alves, mas mudei para a Benjamin três anos atrás.
Eu fico para lá e para cá nos ônibus. Entro pela porta da frente, passo debaixo da roleta e entrego meu cartão com pedido de ajuda aos passageiros. Cada um ajuda com o que pode.
Então eu recolho e desço pela porta de trás. Fico entre a Benjamin e a Farrapos. Volto sempre à São João porque aqui no bar eu compro à prestação. Todos os dias, às 20h, vou até um supermercado perto do Obirici e umas moças contam o dinheiro que eu ganhei e compram alguma coisa com ele para mim.
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