segunda-feira, 24 de maio de 2010


FERNANDO DE BARROS E SILVA

Lição de casa

SÃO PAULO - Em pouco mais de um mês, a vantagem de Serra para Dilma na região Sudeste encolheu de 19 para 7 pontos. Em meados de abril, o tucano tinha 45%, contra 26% da petista. Na pesquisa Datafolha publicada anteontem, ele aparece com 40%, e ela, com 33%.

Algo semelhante ocorreu na região Sul. Em abril, a vantagem de Serra sobre Dilma era de 22 pontos (48 a 26). Regrediu para apenas 3 pontos (38 a 35), o que configura um empate técnico.
Com a campanha precocemente polarizada, como queria Lula, e os rivais agora numericamente empatados em 37%, razões não faltam para preocupar os tucanos.

Muito se tem falado sobre a importância de Minas Gerais nessa disputa. A terra de Aécio é o segundo maior colégio eleitoral do país, com 14 milhões de votos (cerca de 11% do eleitorado). Está estrategicamente situada na transição do Sudeste para o Nordeste, o que lhe dá um peso simbólico adicional.

A expectativa de que Aécio ainda possa ser vice segue enorme, mas foi em São Paulo que a luz amarela acendeu para o serrismo.

Se o tucano perdeu tanto terreno no Sudeste é porque desidratou também no Estado que até ontem governava. São Paulo reúne 30 milhões de eleitores. São mais de duas Minas Gerais.

Na sua casa, não basta a Serra derrotar Dilma. É preciso vencê-la por goleada para ter chances de conquistar a taça nacional. Trocando em miúdos, isso significa que os serristas precisam não só de Aécio, mas de Geraldo Alckmin.

E aqui há um conflito de interesses a ser administrado. Líder isolado, com chance real de vencer no primeiro turno, a Alckmin conviria fazer uma campanha olímpica, sem arestas. No seu caso, quanto mais fria a disputa, tanto melhor.

Ocorre que Serra precisa de um Alckmin visível, inflamado, brigando por ele. Os tucanos não sabem bem como equacionar esse dilema. Pode até parecer um detalhe. Mas é neles que às vezes se decide a partida.

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