sábado, 8 de maio de 2010



08 de maio de 2010 | N° 16329
PAULO SANT’ANA


Pedestre sagrado

Há muito tempo, encafifo com a faixa de segurança, considerando-a um templo sagrado para os pedestres.

Na ânsia de preservar vidas, insisto com esse assunto, tentando, assim, nos limites estreitos da abrangência desta coluna, fazer ver aos motoristas e motociclistas que ali na faixa de segurança desembocam levas de pedestres que vão querer atravessá-la, com ou sem o direito de fazê-lo.

A cidade é um brete para os pedestres. Em qualquer local da rua ou avenida em que forem atravessar, correrão perigo. Então, eles se dirigem como uma manada para a faixa de segurança.

E quem não comete transgressão no trânsito? Todos a cometem, com a diferença de que para o pedestre a transgressão pode se tornar fatal.

Por isso sempre lembro que, mesmo com o sinal verde para os veículos, há que respeitar o pedestre que esteja porventura e em desaviso atravessando a faixa de segurança.

E, como a maior parte dos assinantes de Zero Hora possui carros, tento de alguma forma salvar vidas, alertando para a sacralização da faixa de segurança.

Não fosse tão intenso o fluxo de pedestres na faixa de segurança, a lei deveria prescrever que o sinal para o pedestre, na faixa de segurança, fosse sempre verde, só podendo atravessar a faixa de segurança o veículo quando nenhum pedestre houvesse mais para atravessá-la. Mas infelizmente têm que passar os pedestres e os veículos.

Mas a faixa de segurança é um lugar mais talhado para pedestres do que para veículos, daí por que considero que em cima dela a preferência é sempre para os pedestres, com qualquer sinal.

Outro exemplo de atropelamento de pedestres por moto: “Caro Sant’Ana, li sua coluna de hoje, e ela me fez lembrar de tudo o que sofremos, pois também eu, 63 anos, e minha neta de apenas sete anos fomos atropeladas por uma moto em 17 de outubro de 2009 em Canoas, na Rua Tamoio, no bairro Niterói, por um jovem de 20 anos.

Aqui a irresponsabilidade dos motoqueiros é também grande. A velocidade era alta, pois eu fui jogada para o ar e a minha neta jogada longe. Nós estávamos na beira da calçada, entre dois carros estacionados, juntamente com meu filho, quando essa moto surgiu inesperadamente e nos atropelou na frente de meu filho.

Eu fiquei com muitas fraturas, o ligamento do joelho esgarçado, devendo usar para sempre uma joelheira articulada para firmá-lo, pois sem ela eu não tenho equilíbrio, podendo cair, como já caí algumas vezes. Minha neta ficou com diversos cortes profundos nas pernas e um osso exposto.

Quebrou o fêmur da perna esquerda, ficou dois meses internada em hospitais, engessada por quatro meses, um mês em cadeira de rodas e agora pode caminhar com certa dificuldade com o auxílio de muletas. A sua recuperação completa, conforme os médicos, será a longo prazo (cerca de dois anos). Depois de um acidente desses, nunca mais voltamos a ser o que éramos antes.

E o condutor da moto? Este nem na hora do acidente se interessou em saber como estávamos, só perguntava por sua moto, conforme nos relataram depois algumas testemunhas. Nunca em tempo algum fomos procuradas por ele. Para nós, é um completo desconhecido. Bobagem, para que se importar com estranhos, este deve ser o seu pensamento.

Com isto me pergunto: o que deve ser feito para mudar a responsabilidade no trânsito? Algo tem de mudar. Desculpe o desabafo. (as.) Gerda Beck (gerdafallner@yahoo.com.br)”.

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