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sexta-feira, 7 de maio de 2010
07 de maio de 2010 | N° 16328
PAULO SANT’ANA
Na faixa de segurança
Começam a surgir sobre a minha mesa vários casos de motociclistas que atropelaram suas vítimas no trânsito, afinal 40% dos acidentes com lesões em Porto Alegre são protagozinados por motos.
Mas há também algumas manifestações favoráveis aos motociclistas, solicitando que eles não sejam demonizados, “a vida deles não é fácil, os prazos que têm de cumprir são absurdos, obrigados a percorrer grandes distâncias em meio a um trânsito caótico e em faixas de tempo mínimas.
Outros pedem que não se incorra no preconceito de prejulgar o motoqueiro que atropelou e matou a professora, pedindo que ele seja julgado de forma justa e cega, como deve ser a Justiça.
E ainda outros solicitando que não se generalize: há milhares de motociclistas que dirigem com cuidado seus veículos e não podem ser jogados na vala comum dos culpados.
Tudo bem, se entende. Mas já há 517 mortes envolvendo motocicletas em acidentes de trânsito, de 2000 até hoje, e vêm crescendo assustadoramente na Capital os atropelamentos de pedestres por motociclistas.
Sinal de que há um abuso nítido da parte de grande parcela de motoqueiros.
Vejam este caso doloroso de morte de pedestre sobre a faixa de segurança: “Querido Paulo Sant’Ana, meu nome é Luciana. Hoje de manhã, escutei o teu comentário na Rádio Gaúcha sobre o atropelamento daquela senhora, professora que foi pega por um motoboy. Há quatro anos, eu perdi minha mãe da mesma forma.
Ela estava atravessando a rua, na faixa de segurança, e o sinal estava vermelho para os veículos, veio um maluco e a atropelou. Minha mãe já tinha 69 anos e mesmo assim foi a maior tragédia da minha família. Eu ainda não consigo atravessar a rua onde aconteceu o acidente e desvio uma quadra quando tenho que passar pelo local de carro.
Imagino perfeitamente o drama dos familiares dessa professora, a dor que devem estar sentido e a raiva, ódio e vontade de matar esse cidadão, pois é o que a gente sente primeiramente. Eu queria acabar com a vida do animal que matou minha mãe, pois, além de tudo, ele fugiu do local e só foi pego porque, ironia, dois motoqueiros foram atrás dele e fizeram com que ele parasse.
Minha mãe morrendo na rua e o cidadão ficou comendo dentro da sua Kombi e descarregando o gelo que ele carregava, pois era entregador e provavelmente o seu veículo não era habilitado para entregas.
A história é muito pior e mais cheia de detalhes que eu não quero ficar te enchendo o saco, eu só queria te dizer que as leis de trânsito neste país são tão nojentas, ridículas, indignantes e não sei mais o que, que o desgraçado acabou sendo condenado a trabalhos comunitários e ficaria sem carteira de motorista por um ano e seis meses, em primeira instância.
Pois bem, a advogada dele recorreu e em segunda instância conseguiram diminuir a pena e só cassaram a carteira dele por três meses. Até o dia em que minha mãe morreu, eu achava que, ao atropelar alguém, nessas circunstâncias, no mínimo a pessoa ficaria por um tempo presa nem que fosse num regime semiaberto, sei lá. Achava que alguma punição as pessoas teriam. Eu não sabia que as leis de trânsito são assim tão ridículas.
Nós não conseguimos nem um dolo eventual, mesmo ele tendo passado o sinal fechado, a minha mãe estar na faixa de segurança e termos muitas testemunhas do acidente, que poderia ter sido uma tragédia muito maior, porque tinha várias pessoas atravessando a rua, inclusive o meu pai, que estava acompanhando a minha mãe.
Desculpe eu te contar tudo isso, mas é que me deixa indignada toda essa história e saber que com esse motoboy muito provavelmente também não vai acontecer nada.
Beijos. (as.) Luciana Albertoni (lucianaalbertoni@uol.com.br)”
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