09 DE DEZEMBRO DE 2022
AGRONEGÓCIO
Após tombo, Farsul projeta retomada
A quebra na safra do último verão por causa da estiagem atingiu em cheio a economia do Estado em 2022, e a conta ainda pesará ao Rio Grande do Sul no próximo ano, com previsão de crescimento do setor compensando perdas.
As projeções são da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), que divulgou seu balanço e perspectivas para 2023, ontem. A entidade estima queda de 3,64% no PIB do RS em 2022 e alta de 5,86% em 2023. Para o Brasil, a federação projeta elevação do PIB de 2,92% no fechamento de 2022 e de 0,73%, em 2023.
Conforme a entidade, o impacto da escassez hídrica levou à maior perda em volume de grãos e financeira já registrada a partir de uma estiagem, com tombo de 53% no PIB Agropecuário do RS este ano. Não fosse a seca, o Estado teria crescido mais do que o Brasil, segundo o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz. A produção gaúcha em 2022 teve queda de 31,6%, puxada pelo desempenho negativo da soja (-54%). O cenário é mais otimista para 2023, quando é esperado crescimento de 59% no setor agropecuário, se confirmadas as projeções de colheita cheia.
- Fica difícil dizer o que é crescimento e o que é recuperação. Mas vamos ter uma alta, sim, e a resposta vem da área, com aumento o ano todo. O trigo está crescendo sobre o trigo, por exemplo - observa Antônio da Luz.
Sobre a próxima safra, a entidade chama atenção para o aumento de 4,5% da área plantada, tanto no verão quanto no inverno. A projeção indica que o Estado poderá colher, pela primeira vez, quantidade acima de 40 milhões de toneladas de grãos na próxima temporada.
- Estamos crescendo numa área já conhecida, que é justamente o objetivo do programa Duas Safras (iniciativa que, entre outras metas, visa aumentar a produção de grãos no inverno). E estamos já vendo uma resposta do mercado a isso - destacou o economista-chefe.
Inquietação
O ambiente político que se cria com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e o efeito disso na economia do país também estão no radar da Farsul. A maior preocupação diz respeito à estabilidade fiscal.
- Temos a total tolerância se o governo é de direita ou de esquerda. Mas nenhum pode gastar mais do que arrecada e isso não está em discussão - afirmou o economista.
O clima de incerteza é a explicação para o agronegócio estar tão "inquieto" com o novo governo, afirmou o presidente da Farsul, Gedeão Pereira.
O dirigente criticou o risco de "influências de questões ideológicas" no desenvolvimento do setor a partir de novas políticas que podem vir a ser implementadas.
O presidente disse ainda não haver, até o momento, diálogo com a equipe de transição montada para receber o novo governo. Gedeão disse estar prudente, aguardando o que se definirá até o fim do ano. O mesmo não acontece no Rio Grande do Sul, com a continuidade de um governo de Eduardo Leite, no qual a entidade está participando das discussões.
- Nossa dificuldade é que, por enquanto, não vemos ninguém no gabinete de transição (com) que se possa conversar. Estamos, por prudência, aguardando o que vai acontecer até o fim do ano para depois a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, da qual a Farsul faz parte) se pronunciar. Por enquanto, não fomos chamados e preferimos aguardar. O produtor rural tem um carimbo na testa e tem lado - disse Gedeão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário