17 DE DEZEMBRO DE 2022
FLÁVIO TAVARES
MINISTÉRIO & MISTÉRIO
O ano de 2023 se aproxima, e com ele, o novo governo federal. Não menciono o novo governador, pois Eduardo Leite, de fato, reelegeu-se ou, pelo menos, seu novo mandato continuará o anterior, ao qual renunciou.
Assim, resta aguardar o ministério de Lula da Silva para saber o que virá nos próximos quatro anos. O hábil Lula não é um neófito. Sabemos quem é pelos oito anos que presidiu a República. Conhecemos sua inteligência, seus rompantes e até o que ignora.
Agora, porém, muito do essencial mudou. Há quem diga que o maior castigo para Jair Bolsonaro teria sido a reeleição e, reeleito, governar sob as cinzas da herança do governo que ele próprio presidiu e que agora conclui. Essas cinzas são o chão movediço do caminho que Lula terá de trilhar.
O Brasil de hoje não é o mesmo país que Lula recebeu de FHC. Para mostrar as diferenças (ou os abismos), bastariam os relatos do grupo de transição sobre áreas como saúde e educação.
Um mistério maior, porém, é perturbador - quem se esconde no comando dos protestos de rua que agora se transformaram em vandalismo terrorista em plena capital da República?
Tudo foi tão brutal, que até um caminhão de bombeiros foi atacado e incendiado pelos arruaceiros que negam o resultado das urnas. O absurdo maior é o crescimento do terror sob o olhar complacente do governo federal.
O terror vivido nas ruas de Brasília em protesto à diplomação de Lula e Alckmin como eleitos não recebeu sequer uma palavra de condenação do atual presidente da República. Será o "quem cala consente" do velho refrão popular?
Esse mistério misterioso deixa em segundo plano até os escolhidos para o futuro ministério. A baderna se transforma em terrorismo, e os terroristas, em rebeldes sem causa.
Deveríamos estar atentos aos escolhidos como ministros do futuro governo, mas somos levados a nos preocupar com a insânia do terror nas ruas de Brasília.
Neste mês, festejamos os cem anos da radiofonia no Brasil. Em 1922, um discurso do presidente Epitácio Pessoa abriu nossa primeira estação de rádio, em transmissão através de precária antena no Morro do Corcovado, no Rio de Janeiro.
O rádio desafia o progresso e persiste pujante. Nem a TV o ultrapassou. Nos anos 1960, fui locutor da Rádio Gaúcha: "abria" a transmissão às 6 da manhã numa época em que saíamos do ar à zero hora e que não me sai da retina.
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