sexta-feira, 2 de dezembro de 2022


02 DE DEZEMBRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

OS SINAIS PARA O PIB DE 2023

O Produto Interno Bruto (PIB) do país variou 0,4% no terceiro trimestre em comparação com o intervalo de três meses imediatamente anterior. Foi um avanço abaixo do esperado pelo mercado, é verdade. O consenso indicava uma alta de 0,6%, com uma desaceleração já aguardada da economia. Mesmo assim, não se deve perder a perspectiva de que o desempenho da atividade no Brasil ao longo de 2022 é muito melhor do que era vislumbrado na virada do ano.

Ao final de 2021, economistas renomados e instituições financeiras respeitáveis projetavam um crescimento pífio, ao redor de 0,5%. Até o risco de uma recessão entrou no radar. Mas os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentados ontem mostram que, no acumulado do ano, o PIB sobe 3,2%. É claro que, ao longo dos meses, fatos novos surgiram e alteraram o horizonte, como a significativa valorização das commodities, o que sempre impulsiona a economia brasileira, e medidas voltadas a elevar a renda de parcela da população movidas pelas urgências eleitorais. Mesmo que no quarto trimestre a atividade ande de lado, o PIB encerrará 2022 com uma alta próxima de 3%. É para ser celebrado.

O mercado de trabalho também surpreendeu positivamente, com quedas sucessivas, até chegar a uma taxa de desemprego de 8,3% no trimestre encerrado em outubro. Mas o Caged, que mostra a geração de postos com carteira assinada, apontou para o mesmo mês uma criação de vagas formais bem abaixo do esperado. É um novo sinal de acomodação.

Deve ser lembrado que o país atravessa um período de juro básico em patamar bastante elevado. Os 13,75% ao ano da Selic, um freio para a economia, representam o maior aperto monetário desde o início de 2017. Também se esgotou o impacto da reabertura das atividades após o período mais crítico da pandemia, os estímulos internos perderam o efeito e a economia global, outro fator que influencia o PIB brasileiro, está cambaleante e sem perspectivas alvissareiras para 2023.

Passa a ser a hora de centrar mais as atenções para o ano que se avizinha. Do novo governo, se aguarda que consiga entregar suas promessas sociais, sem ameaçar deteriorar o lado fiscal. Se conseguir emitir sinais firmes de que não descuidará da sustentabilidade da dívida pública, será possível injetar confiança nos agentes econômicos - consumidores, empresários e investidores - e manter a perspectiva de que o Banco Central encontrará fundamentos para, como se espera, começar a reduzir a Selic em 2023. A mediana das projeções de mercado para o PIB do próximo ano, conforme o Boletim Focus, está em 0,7%, o que seria uma alta bastante modesta. Está posto para o novo governo, portanto, o desafio de calibrar suas ações e mensagens para o país ter novas surpresas positivas e alcançar um avanço mais robusto da economia, com a continuidade da queda do desemprego e a melhora da renda, mas mantendo o controle da inflação.

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