terça-feira, 7 de janeiro de 2020



07 DE JANEIRO DE 2020
PRÓXIMA PARADA

Alexandria, capital do conhecimento

UM PASSEIO PELA CIDADE DO EGITO QUE FOI FAMOSA POR SUA BIBLIOTECA E SEU FAROL, AMBOS DESTRUÍDOS

Viajar a Alexandria é voltar a um antigo e importante centro de conhecimento humano. Por séculos, a cidade foi terreno fértil para a difusão do pensamento. Situada no norte do Egito, às margens do Mediterrâneo, foi fundada em 331 a.C por Ptolomeu I, em homenagem a Alexandre, o Grande, durante sua passagem por aquelas terras. Deu-se início à Dinastia Ptolomaica, na qual a cultura helenística foi introduzida entre os egípcios. Teve fim na era de Cleópatra, no ano 30 a.C., quando o Império Romano já começara a influenciar todo o Mediterrâneo.

Desde esse tempo, Alexandria passou por mutações: árabes muçulmanos tomaram a cidade no século 7, os Cruzados estiveram por lá, Napoleão Bonaparte conquistou territórios, Maomé Ali, representando o Império Otomano, revitalizou o porto, e o Império Britânico tomou a cidade e todo o país. O próximo capítulo viria a ser o do atual Egito, independente, árabe e muçulmano.

Outrora um local estratégico de encontro de civilizações europeias, asiáticas e africanas, pela proximidade entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho, hoje Alexandria é a segunda maior cidade do país, com 5,2 milhões de habitantes. De Cairo, a capital, a viagem dura cerca de duas horas pelo deserto. A primeira impressão foi de um pouco de desordem nas ruas, agravada pela falta de limpeza na entrada da cidade, mas chegando à parte costeira pude encontrar aquilo que queria: resquícios de história aliados à paisagem do Mediterrâneo.

No período ptolomaico, foram construídas duas de suas edificações mais famosas: o Farol e a Biblioteca de Alexandria. Foi uma época de glórias. O Farol de Alexandria foi erguido em 280 a.C. na ilha de Faros - vem daí o nome do sinalizador para navios. Três terremotos abalaram o prédio, e, em 1480, sua última pedra foi removida para a construção da Fortaleza de Qaitbay, que existe até hoje, localizada no endereço de uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo (as outras são: Pirâmides de Gizé, também no Egito e a única ainda "viva"; Jardins Suspensos da Babilônia, atual Iraque; Estátua de Zeus, em Olimpo, e Colosso de Rodes, ambos na Grécia; Mausoléu de Halicarnasso e Templo de Diana, em Éfeso, ambos na Turquia).

Outra atração imperdível é a Biblioteca Alexandrina. O centro cultural foi construído em 2002, com design moderno e arrojado, mas buscando manter a memória da célebre Biblioteca de Alexandria, do século 3 a.C. Estima-se que havia entre 40 mil e 700 mil papiros e códices (os livros da época). Era um referencial de conhecimento para a Humanidade. Sábios e pensadores a frequentavam, difundiam suas ideias e lá desenvolveram teorias científicas. Acredita-se que foi totalmente demolida entre os anos de 300 e 400 d.C., após incêndios, sabotagens e atos de destruição.

Catacumbas e jardins

- Vale a pena visitar as catacumbas de Kom el Shoqafa. A necrópole foi usada entre os séculos 1 e 4 e mistura Egito, Grécia e Roma.

- Outra dica são os jardins do Palácio de Montaza, residência de verão da família real que governou o país até 1952, ano de proclamação da república.

- À beira do Mediterrâneo, fizemos uma bela refeição à base de peixes no San Giovanni Hotel, na El-Gaish Road.

LUCIANO RIBEIRO PIRES*

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