17 DE JANEIRO DE 2020
INFORME ESPECIAL
O culpado pelos problemas da CEEE
Mais uma vez, o vilão mostrou suas garras. Ele não tem coração, nem dó. Impõe sofrimentos e continua impune, longe do alcance da ira dos cidadãos que prejudica. Um tsunami de mensagens com informações erradas foi disparado pela CEEE aos seus clientes. Todos queriam apenas uma orientação: a hora em que a energia seria restabelecida. O planejamento do caos dependia da resposta. Se o SMS dissesse que demoraria uma hora, o rumo seria um. Se avisasse que a espera seria de 12 horas, o caminho seria outro. Tentar acomodações na casa de um parente e levar junto, por exemplo, a comida que estragaria.
A CEEE, cujos colaboradores se desdobravam nas ruas para tentar fazer a vida voltar ao normal, não foi sequer capaz, na falta de luz elétrica, de ter clareza na comunicação. Ouvi entrevistas sobre o assunto na manhã seguinte. E é louvável que os servidores se apresentem para dar explicações, o que, de fato, aconteceu. Mas aí, de novo, descobrimos que o culpado pelos erros foi, mais uma vez, ele, o inimigo número um dos cidadãos de bem: o sistema. Nós, consumidores, sabemos bem como isso funciona. A incompetência tem costas largas e se esconde atrás de um biombo de sete letras.
O sistema não deixa, o sistema falhou, o sistema está fora do ar, o sistema obriga, o sistema pede, o sistema condiciona, o sistema trava. Ele é difuso, não tem rosto nem ocupa lugar no espaço, mas é onipresente. Como se, em algum momento, alguém não tivesse o inventado e o programado para, depois, outro alguém escolhê-lo e comprá-lo -, no caso, com recursos públicos.
O sistema é a desculpa perfeita. E não adianta ir para as redes sociais e para as ruas gritar "abaixo o sistema".
Quando ele cai, falta luz. Alvo errado
Não foi nem um nem dois casos.
Impacientes com a demora da volta da eletricidade, alguns moradores da Capital resolveram descarregar sua indignação nos funcionários da CEEE e das prestadoras de serviço que estavam nas ruas justamente para tentar resolver os problemas.
E o crescimento no número de doações de órgãos em 2019, com relação a 2018, no Hospital São Lucas da PUCRS. Na legislação brasileira, a autorização para doação depende do consentimento da família. O percentual de não-autorizações familiares no HSL, no período, foi de 25%, e ficou abaixo do índice do Estado, de aproximadamente 40%.
TULIO MILMAN
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