quinta-feira, 23 de janeiro de 2020



23 DE JANEIRO DE 2020
FÓRUM ECONÔMICO

Guedes sai otimista de encontros em Davos

As rodadas para apresentação do Brasil realizadas pela equipe econômica durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, receberam expressiva adesão de investidores estrangeiros neste ano. Mais de 50 executivos de grandes empresas confirmaram presença nas apresentações para balanço do primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro.

Presidente do Bradesco, Octavio Lazari nota retomada no Exterior da confiança no país:

- O sentimento que a gente percebe dos investidores é de mais confiança no Brasil. O que precisa é que as reformas andem rápido.

O banqueiro André Esteves, sócio do BTG Pactual, identificou melhora na imagem do país:

- A sensação em Davos é de que o Brasil voltou a estar na moda.

Ele destacou, porém, que o país precisa ficar alerta em relação à preservação do ambiente:

- Estamos gerindo a economia tão bem, não podemos derrapar nessa parte.

Segundo relatos - as apresentações são fechadas para a imprensa -, o ministro Paulo Guedes fez balanço de 40 minutos sobre o primeiro ano de mandato, destacando, em especial, a conclusão da reforma da Previdência.

As perguntas indicaram que investidores têm duas preocupações: se governo e Congresso vão mesmo dar continuidade ao programa de reformas, concluindo neste ano as alterações tributária e administrativa. E se o Planalto está atento a questões ambientais que, se não forem devidamente atendidas, podem gerar sanções externas - em especial de países europeus.

Guedes aproveitou parte do evento para afirmar aos presentes que o governo está atento à Amazônia, e que ninguém quer que a região queime.

Autoridades de organismos multilaterais ouvidas pela reportagem confirmaram que o ânimo da plateia estrangeira é melhor do que no ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro estreou no evento.

Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno saiu do encontro com brasileiros animado:

- A apresentação foi muito boa, e o Brasil parece estar no caminho.

Na lista do evento do ministro da Economia com empresários estava Hu Houkun, que comanda a chinesa Huawei, importante prestadora de serviços para empresas de telefonia no Brasil e grande interessada em ampliar presença local a partir da realização do leilão da tecnologia 5G.

Guedes também deve se encontrar com Jai Shoff, presidente da UPS, que está entre possíveis candidatas a entrar na privatização dos Correios. Do setor de consumo, interessado em monitorar a expansão do mercado interno, estava na apresentação brasileira Jean-François van Boxmeer, que preside a cervejaria Heineken.

Reservaram lugar também empresários como o fundador da montadora indiana Mahindra, Anand Mahindra, que tem operação pequena no Brasil, e John Angelicoussi, dono do grupo de origem grega Angelicoussis, que teve um dos navios investigados no caso do vazamento de óleo na costa brasileira.

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Guedes também se mostrou animado com o resultado das reuniões de ontem com Dara Khosrowshahi, presidente global da Uber, e Tim Cook, presidente da Apple.

- O presidente da Uber contou que está contratando engenheiros no Brasil. Cook falou que, em 40 dias, vai fazer contato para marcar encontro com a gente no Brasil. Ele avalia investir em pesquisa e desenvolvimento no país - disse Guedes.

O Brasil anunciou ontem a instalação do primeiro centro de estudos e pesquisa voltado para a indústria 4.0. O governador de São Paulo, João Doria, estava em Davos para a solenidade. Chamado de C4IR Brasil, o local entrará em operação no primeiro semestre deste ano, via parceria público-privada entre Ministério da Economia, governo de São Paulo e empresas globais.

Segundo a União, o novo centro terá como objetivo estimular a adoção de novas tecnologias e melhorar a inserção do Brasil nas cadeias internacionais. Entre tecnologias da indústria 4.0, o centro pretende incentivar o uso da inteligência artificial no setor.

À noite, Doria encontrou-se informalmente com Guedes e publicou foto no Twitter ao lado do representante do governo Bolsonaro. "É o Brasil unido e trabalhando na atração de investimentos para o país e na geração de mais empregos e renda para a população", escreveu o governador.

Já o ex-vice-presidente democrata dos Estados Unidos Al Gore expressou tom crítico com o governo brasileiro. Ativista ambiental, após palestra no evento ele classificou Bolsonaro como o "Trump dos trópicos". Em Davos, o presidente dos EUA, Donald Trump, criticou o que chama de "alarmismo ambiental" nos alertas de especialistas sobre mudanças climáticas.

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