sábado, 3 de agosto de 2019


03 DE AGOSTO DE 2019
OPINIÃO DA RBS

O RIO GRANDE DO SUL PODE CRESCER MAIS



Carregam evidências positivas os cálculos apresentados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), na quinta-feira, mostrando que o nível de atividade do Rio Grande do Sul avançou 0,9% no primeiro trimestre e 1,4% no acumulado de 12 meses. Embora não seja exatamente a mesma metodologia utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para apurar o PIB do país, os números indicam que o Estado vem saindo da crise em melhor ritmo do que a média nacional, puxado principalmente pela indústria e o comércio. É uma constatação a ser recebida com entusiasmo contido, dados os sintomas conhecidos de que a economia gaúcha, em um recorte mais longo de tempo, cresce aquém do seu potencial e em uma cadência abaixo da maioria das unidades da federação.

O Rio Grande do Sul tem um dos principais polos industriais do país, é um dos ponteiros do agronegócio nacional, vê seus parques tecnológicos cada vez mais pujantes, tem mão de obra reconhecidamente qualificada e um povo de diferenciado espírito empreendedor, mas não faltam obstáculos a reprimir a capacidade dos gaúchos de acelerar o desenvolvimento.

Por estar no garrão do país, o Rio Grande do Sul tem como um dos seus principais gargalos a logística. Enviar mercadorias para os principais centros consumidores nacionais custa mais caro aqui. E não só pela distância, mas pela infraestrutura precária na área de transportes - rodoviária, ferroviária e aeroportuária. Há casos que têm solução à vista, como o do Salgado Filho. Para os trilhos, não se pode dizer o mesmo. Como é grande a dependência do modal rodoviário, é primordial avançar no processo de concessões de estradas, diante da pura e simples falta de recursos do governo gaúcho para investir. Sem esquecer de privatizações e parcerias público-privadas (PPPs) em outras áreas, como energia e saneamento.

Não é possível depender apenas de surtos esporádicos de crescimento. O Rio Grande do Sul voltará a ser competitivo na atração de investimentos e deixará de assistir à fuga de talentos quando promover uma dura, mas necessária, reestruturação do Estado. Que passa pela resolução do nó previdenciário, pela redução do excesso de privilégios e benesses a categorias localizadas, por um ataque frontal à burocracia sem fim e por uma revolução educacional, caminho universal para ampliar a produtividade, ainda mais em tempos de uma transição demográfica que levará a uma menor participação relativa de jovens na força de trabalho. É o necessário para a economia rio-grandense voltar a ser uma das locomotivas do país, e não apenas um vagão pesado e inchado no fim da fila da composição.

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